Colega de quarto

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1 ano e 3 meses depois...

Ok, sei que dei uma sumida por muito tempo...

Mas esse tempo foi definitivamente eficiente para eu conseguir colocar todos os parafusos de volta na minha cabeça.

Vou explicar tudo o que rolou.

Durante esses meses, eu criei uma afinidade enorme com o Victor, viramos muito amigos, muito mesmo.

Ele me levou em diversas aventuras, conheci diversas cachoeiras, montanhas, parques, um pouco de tudo.

Conheci a sua família também, e eles adoraram que Victor tinha novas amizades, diferente das antigas dele.

Obviamente, conheci novas pessoas nesse meio tempo, pessoas boas e de bom coração, disso tenho certeza.

Agora, com relação a minha vida antiga... Tenho algumas notícias para dar.

Desde aquele tempo que eu dei com Gabriel, nós nunca voltamos ao normal... Ficamos 3 meses naquela loucura, era uma ida e uma volta, sempre tentando de reencontrar e reconectar. Mas nunca com sucesso.
Eu e Gabriel decidimos colocar um ponto final na nossa relação quando eu o vi pela primeira vez avançar pra cima de mim.
No mesmo momento ele reconheceu o seu erro, Gabriel não me bateu nem nada do tipo, mas as nossas discussões estavam seguindo em um rumo que não estava mais nós fazendo bem.

Com isso, acabei perdendo contato com meus outros amigos também... Gabi, Ana e Tobias.

Não sei explicar ao certo, mas a sensação que eu tive, era que só estavam ao meu lado quando Gabriel estava. Sem ele, eu não tinha ninguém.

E essa ficha caiu, quando eu tive que relembrar com minha psicóloga o episódio do sequestro.

Ninguém foi me visitar.

Ninguém foi saber como eu estava.

Nem se quer me mandaram uma mensagem.

Ninguém, além do Arthur.

E com ele eu ainda me comunico as vezes, ele tá sempre presente me mandando mensagens pra perguntar como estou, ou querendo saber um pouco das aventuras que eu dou com Victor.

Entre mim e Victor nunca rolou nada.

Em uma dessas nossas aventuras, ele acabou se envolvendo com um garoto, se chama Pedro, e ele está com a gente até hoje.

Eles tem o rolo deles de ficarem se pegando o tempo inteiro, e eu fico no meio de vela.

Mas não fico de vela sozinha...

Com o Pedro, também veio a Anastácia, Sabrina e Guilherme.

Anastácia e Guilherme eram um casal.

Sabrina era uma porra louca que não se apaixonava mais por ninguém depois que teve o coração partido.

E eu estava ali pra pirar com ela.

Bem, acho que foi isso.

Assim que fechei minhas anotações, Sabrina invadiu o meu quarto com tudo. Ela segura duas botas na mão, uma preta e uma vermelha, estava com um vestido escuro meio esverdeado e me olhava com uma cara de cachorro pidao.

- Qual bota eu vou? - ela choramingava

- Tenho 100% de certeza que a preta. Ou você acha que um vestido coladinho esverdeado combina com uma bota vermelha? - falei óbvia

-Eu sabia! falei pra puta da Anastácia que essa bota vermelha ficava feia, ela que escolheu. - eu gargalhei e de longe ouvi a risada de Anastácia, deveria estar na sala ouvindo tudo

- Vai com a preta e tá tudo ótimo.

- Tem certeza que você não quer ir? - ela me olhava com pena- vai ficar aí anotando coisas da sua vida nesse caderninho mixuruca mesmo?

- Tenho total certeza disso dona Sabrina! - Já havia uma semana que ela me implorava pra ir com ela nessa calourada de uma faculdade, mas eu realmente não estava nem um pouco afim.

Era a faculdade do Gabriel.

Eu teria 89% de chance de trombar com ele por lá, e eu não estava afim de reviver o passado.

Pelo menos não agora.

- Alguém fez o jantar? - perguntei pra ela que revirou o olho e saiu

Mais uma coisa que esqueci de avisar, agora eu moro sozinha em uma cobertura com Sabrina e Anastácia.

Posso incluir o Pedro nessa lista também, já que ele passa o dia inteiro aqui e só vai embora pra dormir.

No andar de baixo.

Ele mora no andar embaixo da gente.

Imaginem o grude desse casal que tenho que aguentar todos os dias, Deus do céu que me ajude.

Aproveitei que Sabrina saiu do meu quarto para trancar a porta e ficar ali até ela meter o pé. Se não a doida ficaria me frescando a noite inteira pra ir com ela.

Assim que ouvi a porta da sala bater, sai correndo do meu quarto a cozinha em busca de comida.

Logo que coloquei o pé pra fora, meu arrependimento veio no mesmo instante.

Anastácia e Pedro estavam fudendo NO MEIO DA sala, com a luz ligada e o desenho da peppa rolando no fundo da tv.

Minha única reação foi dar um grito, fazendo com que os dois dessem um pulo e corressem pra varanda.

- Podem terminar aí se quiserem, eu tô aqui na cozinha procurando comida, só pra deixar avisado- faltei alto o suficiente para eles ouvirem e soltarem risadinhas

Fiz um miojo, que era a única coisa mais simples e rápido pra aquele momento e voltei pro meu quarto.

Comi assistindo um série, e a única que me lembro foi de jogar a panela no chão do quarto, e dormir em poucos segundos.

O meu celular tocava sem parar, eu estava tentando ele enganar achando que era no meu sonho, mas não, o celular simplesmente não parava de tocar.

- Droga!- resmunguei ligando a tela clara nos meus olhos e vendo a chamada de Sabrina, deveria ser a 30°

- O que que foi Sabrina? - perguntei com raiva

- Me busca...(pausa) bem aqui no torno da louja- a sua voz saia tão embolada, que eu posso jurar que ela bebeu todo o open bar daquela calourada

- Onde você tá garota? - dei um pulo da cama

- Forno da louja, aqui... você sabe... - sua voz foi cortada por um barulho que eu não soube identificar. - Porra, caralho, que merda! - ela resmungava com uma voz lá no fundo, certeza que o celular caiu da mão dela. - Eu me arranhei inteira Maria, eu caí - ela chorava

- Sabrina, tenta me mandar sua localização pelo amor de Deus! eu tô indo te buscar. - Desliguei o celular, peguei minha carteira e a chave do carro e fui o caminho inteiro orando a Deus pra ela conseguir me mandar a localização exata de onde ela estava.