De mim, você não foge...

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Ponto de vista de Mew

Eu mal consegui dormir à noite, pensando em Gulf. Meu lindo girassol virgem. Para ser sincero nem sei porque estou tão animado. Eu nunca gostei de virgens. A primeira vez é dolorosa e nem todos aguentam, muitos chorando e pedindo para parar. Honestamente, mil vezes melhor um cara experiente.

Mas Gulf não é qualquer um. Ele é especial. Ele é único. E eu me permito imaginá-lo, desnudo em minha cama, seus lábios rosados entreabertos, sendo umedecidos por sua língua atrevida... Sinto um cutucão forte em meu braço, seguido da voz baixa de Boun.

- Acorda, Mew!!!! Que droga! O que é que deu em você hoje? O professor Tongchot está olhando para cá o tempo todo!!!!

- Eu só estou cansado! Me deixa em paz, Boun!

- Você é quem sabe! Mas depois não reclama quando for repreendido!

Eu sou o tipo de cara responsável, que está sempre prestando atenção nas aulas. Contudo hoje eu realmente estou avoado e sem concentração. Preciso mesmo parar de pensar em Gulf. E arrumar logo uma maneira de fazê-lo meu.

Boun percebeu meu humor instável, mas como me conhece há muito tempo, ele simplesmente parou de me atormentar. Com a hora do almoço, chegou também a ansiedade e a torcida para poder estar com Gulf e conversar com ele.

Só que assim que chegamos ao refeitório a confusão estava armada. James estava brigando com algum baixinho que obviamente não era da nossa faculdade, enquanto Gulf e Bui o seguravam. Curioso é que James tem o dobro do tamanho do baixinho, mas não era ele quem estava sendo contido com muito custo.

Apesar da situação, me vem uma enorme vontade de rir. Boun me olha sem nada dizer enquanto caminhamos na direção deles conseguindo ouvir o diálogo com mais clareza e perceber que o baixinho em questão é nada mais, nada menos que Mild, colega de dormitório de Gulf. Este tenta desesperadamente levar o amigo embora, mas ele mais parece um jumento empacado enquanto cospe as palavras com raiva.

- Mild, vem, vamos embora!

- Me larga, Gulf!!!! Ele vai ter o que merece!!!!

E neste momento, observando o olhar de James sobre Mild, eu percebo que há mais naquele jogo belicoso do que qualquer um dos dois quer deixar transparecer. E quando dou por mim, faço a pergunta, interrompendo momentaneamente a discussão.

- E o que é que ele merece?

Mild parece se assustar com minha pergunta e ainda sendo seguro por Bui e Gulf, se desequilibra, empurrando os dois para trás. As costas de Gulf se chocam com meu peito e suas nádegas roçam minha pélvis. Eu instintivamente enlaço a cintura de Gulf, mantendo-o equilibrado enquanto Mild pára de se debater.

O toque me causa arrepios. O calor de seu corpo é convidativo, o aroma cítrico que sua pele exala é viciante. Por um momento tenho vontade de afundar meu rosto na curva de seu pescoço e ficar ali, inalando seu cheiro, recebendo o calor de seu corpo, aninhado junto ao homem por quem estou apaixonado.

No mesmo instante eu congelo, completamente atônito. O que foi que acabou de passar por minha cabeça? Eu jurei a mim mesmo nunca mais me apaixonar, não mais me deixar enganar por ninguém. A dor da rejeição ainda está latente em mim. Depois daquilo, quem descarta sou eu! Eu demorei três longos anos para construir o muro ao redor do meu coração e não vai ser alguém que vai chegar e colocar todos os meus esforços por terra! Isso! Eu vou me afastar de Gulf e...

Neste instante, ele vira a cabeça e olha para mim. O mundo para com a visão daquele sorriso, seus olhos luminosos em mim. Eu observo cada detalhe de seu rosto, os lindos cabelos que caem teimosamente em sua testa, as sobrancelhas grossas, o nariz, os lábios carmim convidativos, o queixo, o pescoço longo e seu pomo de Adão, subindo e descendo. E aquela visão me faz perder o prumo e a voz.

Amor em vôoOnde histórias criam vida. Descubra agora