I Hate You - Vinnie Hacker

006

Katherine Rogers

E mais uma vez, eu tive uma noite péssima de sono. Infelizmente me deixei ser levada pela tristeza que foi ouvir aquelas palavras saindo da boca daquele babaca. Eu com certeza estava com olheiras que entregariam na hora as noites mau dormidas que ando tendo, por isso, resolvi passar uma maquiagem que disfarçasse o cansaço nítido em meu rosto.

— O que aconteceu? — Escutei a voz do meu pai me fazendo sair do pequeno transe que entrei enquanto tomávamos café da manhã juntos. Meu pai vai me levar ao colégio hoje, já que está chovendo e ele precisa ir conversar sobre o patrocínio que ele fornece a equipe de cheerleaders.

— Nada, só estava pensando. — Tomei meu suco. — A competição é daqui a dois dias, vai conseguir ir?

— Você sabe que eu queria muito Kath. — Segurou na minha mão por cima da mesa. — Mas viajarei amanhã mesmo. — Suspirei.

— Tudo bem pai. — Sorri de canto soltando sua mão.

Meu pai foi a pouquíssimas competições minhas e, mesmo que eu entenda o motivo, ainda sim queria alguém da família presente para torcer por mim. Por outro lado, os pais da Let torcem tanto por ela, tanto por mim e fazem questão de me parabenizar o máximo que podem.

Não contei ao senhor Rogers o acontecido da noite em que aquele louco simplesmente invadiu a casa, mas pedi que reforçasse os alarmes da casa inteira dando a desculpa de que com ele fora, a casa ficaria mais segura assim.

O treino de cheers foi adiantado, Kiara pediu ao pai dela que tirasse as duas últimas aulas para que assim tivéssemos mais tempo para treinarmos. Bom para a equipe, ruim pra mim, que terei mais tempo para olhar a cara do Hacker.

Como Flyer, eu dedico bastante tempo me alongando, não quero que ocorra um acidente comigo durante a competição, então, enquanto fazia tudo que era necessário antes de fato passarmos toda a apresentação, o portão do ginásio coberto foi aberto revelando ali, Hacker, que não estava com uma das suas melhores caras.

— Parece que alguém dormiu de mau humor. — Let comenta na minha frente já que estava servindo de peso para os meus pés enquanto eu fazia alguns abdominais. Ela notou que eu não dei muita importância e acabou estranhando, já que eu estava super interessada em descobrir o que esse babaca fazia e agora simplesmente desanimei de tudo. — Rolou alguma coisa, não rolou? — Pergunta cismada.

— Absolutamente nada, agora vamos antes que a Kiara comece a falar. — Me levantei assim que ela saiu dos meus pés e então ajeitei meu short me aproximando do resto de toda a equipe onde começamos a repassar nossa apresentação.

Durante todo o treino, eu percebi Hacker me observar inúmeras vezes, o que me causou um certo desconforto por simplesmente lembrar do babaca que estava naquele maldito galpão. O cara parece ser uma alma penada, que simplesmente não deixa nem mesmo meus pensamentos em paz.

— Se continuar se distraindo, vai acabar ferrando todo mundo Katherine. — Kiara chamou a minha atenção me fazendo revirar os olhos. — Tira 10 minutinhos e volta, quem sabe assim não se concentre mais.

— Eu não preciso de 10 minutos Kiara, só vamos continuar o treino. — Passei a mão no rosto.

— 10 minutos ou você não se apresenta. — Respirei fundo para me conter. Ela não me tiraria da apresentação, afinal, não tem ninguém que possa me substituir na minha posição. Para evitar estresse, saí do ginásio indo até o bebedouro onde graças aos céus a água finalmente estava gelada.

— Noites mau dormidas Katherine? — Senti meu corpo congelar por alguns instantes ao levar um susto com a voz de Hacker bem atrás de mim.

— Adivinha o por quê? — Me abaixei um pouco pra beber água.

— Aquele babaca já está a sete palmos do chão, Ryan fez o favor de cortar pedacinho por pedacinho, só pra garantir que realmente estava morto. — Me levantei e então o olhei assustada. Eu realmente ainda duvidava da capacidade do Hacker e sua trupe em facilmente acabar com alguém?

— Mesmo assim, por favor, nunca mais me leve pra fazer perguntas a um babaca como aqueles. — Tentei passar, mas, obviamente ele não iria deixar.

— Da próxima vez deixo ele fazer o que quiser contigo. — Apertou meu braço.

— Não te pedi favor nenhum. — Puxei meu braço com força. — Gângsterzinho. — Eu senti que ele iria acabar comigo ali mesmo, mas o barulho da porta que dava a área em que treinávamos sendo aberta fez com que ele recuasse.

— Você é muito sortuda, mas não se acostuma Katherine. — Me olhou de cima à baixo antes de sair.

Depois de muito treino, finalmente pude ir pra casa e, durante o caminho sentada no banco do carona do carro da Let, minha amiga parecia inquieta enquanto dirigia, ela com certeza não acreditou na desculpa que eu dei um milhão de vezes à ela.

— O que foi Letícia? — Perguntei de uma vez.

— Aconteceu alguma coisa enquanto seu pai estava fora, não foi? — Soltou de uma vez só. — Você não me engana Katherine e nem adianta querer mentir.

— Que? Claro que não Letícia.

— Você deve ser louca por achar que consegue esconder alguma coisa de mim. — Sim, ela realmente estava irritada enquanto dirigia. — Não pensei que existissem segredos entre nós duas.

— E não existem. — Insisti na mentira. — Eu nunca escondi nada de você.

— Não mesmo Katherine, caso isso aconteça, seria muita putaria da sua parte. — Estacionou o carro e então descemos juntas.

— Fica tranquila. — Sorri fraco.

Sim, eu estou sendo uma babaca por esconder tudo da Let, mas, Hacker não é flor que se cheire e eu não quero colocar a vida da minha melhor amiga em risco. Se alguma coisa acontece com essa garota, eu simplesmente me sentiria culpada pelo resto da vida.

Com meu pai viajando, um homem tentando me sequestrar e Hacker com sua trupe rondando a minha casa, insisti para que eu e Let dormíssemos na casa dela, mesmo que ela prefira mil vezes a minha. Inventei uma pá de histórias para que a garota finalmente se desse por vencida e fôssemos para a sua casa.

— Eu odeio dormir aqui, a sua é muito mais legal. — Minha amiga diz enquanto se joga na cama do seu quarto. Mais legal e com homens que simplesmente tentam me sequestrar.

— Nada de diferente. — Me sentei na beirada da cama.

— Óbvio, só uma quadra, piscina aquecida e um cinema que é quase do tamanho do cinema do shopping. — Levantou um pouco a cabeça para poder me olhar. — Sem contar que não tem um vovôzinho pegando no seu pé o tempo inteiro. — Riu.

— O Samy não é um vovôzinho Let. — Ri junto com ela. — Deixa o cachorro em paz, ele só é carinhoso e você uma ogra. — Joguei uma almofada em seu rosto.

— Que você não vive sem a companhia. — Tacou de volta.

— Convencida!

Receio que uma hora, as mentiras que venho guardando podem simplesmente acabar com essa amizade incrível que eu tenho com a Letícia. Eu queria simplesmente contar tudo, mas ela certamente surtaria e sairia falando demais, coisa que colocaria ela em uma puta saia justa com Hacker e a trupezinha do mal.