29. Confronto

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      Não tive notícias de Jake por mais de uma semana. Tentei ligar para ele, mas seu celular sempre caía na caixa postal. Em sua casa, o telefone chamava até desligar e nenhum dos membros de sua matilha que eu tinha o número, sabia me informar onde ele estava. Estava cansada de não conseguir falar com ele. Ainda havia coisas que precisávamos conversar. Independente de querer ou não, Jacob precisava ouvir a verdade. Ele saíra de minha casa sem que eu lhe explicasse tudo e eu não aceitaria que ele se magoasse sem estar a par da verdade completa.
Levantei-me de minha cama e desci as escadas.

– Vou até La Push – falei com meus pais assim que entrei na cozinha
– Vai conversar com Jake? – perguntou mamãe
– Sim. Ele não atende minhas ligações e ninguém sabe onde ele está. – comecei a caminhar para a cozinha – Mas eu acho que tem alguém que sabe
– Rachel? – indagou papai
– Ou Billy. – completei
– Não sei se Billy vai querer falar com você, querida. – disse mamãe
– Se chegar ao ponto de eu precisar recorrer a ele, – afirmei – Billy não terá escolha senão me contar onde Jake está
– Tenha cuidado, Ness. – falou papai – Todos certamente já estão sabendo o que aconteceu e eles serão hostis com você. Mais do que o normal
– Eu sei. – respirei fundo – Mas não tenho medo deles e, se preciso for, irei lembrá-los quem é o verdadeiro predador ali
– Por favor, minha filha, – falou mamãe – tenha muito cuidado. Lute apenas se for para se defender
– Eu prometo, mamãe.

Dei um beijo em ambos e segui para a cozinha. Fiz um sanduíche com pão de forma, pasta de amendoim, requeijão, peito de peru, queijo, alface, tomate, azeitonas e picles e fui comendo pelo caminho. Afundei o pé no acelerador de meu carro e estacionei do lado de fora da entrada de La Push. Entraria lá da forma menos hostil possível. Ninguém entrou em meu caminho à medida que atravessei a passos largos até a casa de Rachel e Paul. Fiquei atenta a quaisquer movimentações, sons e cheiros que pudessem indicar que eu estava sendo vigiada. Nada. Bati a porta.

– Ness? – perguntou Paul surpreso ao abrir a porta
– Rachel está? – não estava com saco para preâmbulos
– Lá dentro. – respondeu – Entre!

Admito que fiquei surpresa com a naturalidade do tratamento conferido a mim. Pedi licença e entrei na casa. Emma veio correndo até mim.

– Ia Nessie! – ergueu os bracinhos gorduchos para mim
– Oi, amor! – peguei ela nos braços e dei-lhe um beijo na bochecha
– Ei, Nessie! – Rachel saiu do banheiro
– Rachel! – abracei ela enquanto equilibrava Emma em um dos braços
– Como você está? – perguntou
– Preocupada
– Sente-se. – Paul apontou para o sofá
– Não vou demorar
– Veio para saber de Jake? – perguntou ele
– Quero saber onde ele está. – falei e pus Em no chão, pois a menininha começou a tentar descer– Preciso falar com ele, mas Jake não me atende e ninguém me diz onde ele se enfiou
– Dê espaço a ele. – disse Rachel, pegando a filha nos braços e a sentando em sua perna – Ele vai entender sua decisão de recusar o imprinting
– Ele está sofrendo. – completou Paul – Mas vai superar. Jacob é duro na queda, mas por este baque ele não esperava. Leah é quem está no comando da matilha desde os acontecimentos em sua casa.
– Mas é exatamente por isso que preciso falar com ele! – não consegui mais ficar de pé, a exaustão de tudo isto pesou em meus ombros e desabei no sofá – Não recusei o imprinting. Jamais tive esta intenção
– Você está com Seth, – Rachel tentava entender o que eu queria dizer com aquilo – você recusou o imprinting
– Não. – balancei a cabeça
– Como não? – Paul também estava confuso
– Posso não retribuir os sentimentos dele por mim, – expliquei – mas isto não quer dizer que eu tenha recusado o imprinting
– É incomum, – ponderou Paul coçando o queixo– mas faz sentido
– Rachel, – olhei para ela – jamais quis magoar seu irmão. Eu o amo. Tinha planejado contar tudo para no dia seguinte ao que ele apareceu na minha casa
– Eu sei, Nessie. – ela me deu um sorriso triste – Jake também sabe, mesmo que agora ele não veja isto pela tristeza
– Dê espaço a ele – reforçou Paul
– Não posso! – suspirei – Irei perdê-lo se não o fizer entender e não quero isto. Pelo menos não até que ele mesmo me diga isto, depois que eu deixar tudo às claras
– Como está Seth? – perguntou Paul, então ele explicou – Em esteve febril a semana toda, estivemos em casa cuidando dela
– Está mal. – respondi com um suspiro pesado – Ele tenta esconder quando está comigo, mas sei o que se passa e sei também que ele só sai de casa para ir me ver. Isto já está durando tempo demais. Duas das pessoas mais importantes de minha vida estão sofrendo e a culpa é minha! Tenho que consertar
– A culpa não é sua, Nessie – assegurou-me Rachel
– É, sim
– Não, não é. – a firmeza na voz de Paul irradiava uma certeza que eu desejei sentir – Não temos domínio sobre quem iremos amar
– E você não agiu de má fé. – Rachel retomou a fala – Jake está em casa. Vá até lá. Meu pai está com ele e irá tentar barrar a sua entrada, fique avisada
– Não tenho medo de Billy. – afirmei – E ele vai me deixar entrar. – levantei-me do sofá – Obrigada! Obrigada por não terem me julgado e culpado e também por me dizer onde ele está
– Não há de quê. – Rachel sorriu – Boa sorte, minha amiga
– Você vai conseguir resolver isto. – garantiu-me Paul – Estaremos aqui torcendo
– Tomara. Mais uma vez, obrigada

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