5. Algo inesperado acontece

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Assim que chegamos na casa de vovô, ouvi vozes e me dei conta, com muita indignação, que os "amigos" de mamãe ainda estavam ali. Eu sabia que poderia dar meia volta, deixar o meu presente no carro e caminhar com Seth pelos arredores da propriedade até eles irem embora. Também sempre teria a opção de entrar pelos fundos a uma velocidade sobre-humana, deixar meu presente sob a árvore e sair sem que nenhum dos humanos percebesse minha presença. Mas eu queria muito assistir aos filmes de Harry Potter. Então, subimos os degraus da frente. Seth abriu a porta e esperou que eu entrasse, antes de fazer o mesmo, e fechá-la. Como eu já sabia, os visitantes de mamãe ainda estavam no sofá, apenas mudaram a disposição na qual estavam sentados. Agora, Ângela e Jessica, ao invés de estarem separadas por Ben, estavam sentadas lado a lado. Mike passou para a direita de Jessica, enquanto Ben se posicionou à esquerda de Ângela. Tyler e Eric, agora, ocupavam as extremidades do sofá. Lauren era a única que mantivera a posição, centro. Todos nos olharam quando entramos. Sorri, muito satisfeita, para os meus pais e, quando sorri para os visitantes, bem, o sorriso se tornou um pouco menos genuíno.

– Ganhou um presente, querida? – mamãe olhava para o enorme embrulho em minhas mãos. Percebi que as lentes que ela usava eram nova, provavelmente as trocara há menos de dez minutos
– Sim! – praticamente pulei de alegria – Mas Seth me fez prometer que só o abriria no natal – completei resmungando
– Bem, – disse papai e eu pude ver que ele se esforçava para não rir – esse é o seu presente de natal. Nada mais justo do que você abrir na data correta
– Viu?! – Seth pôs as mãos nos quadris e eu rosnei para ele, ignorando completamente os mortais na minha diagonal. Os oito me olharam com assombro – Mas, se for uma tentação muito grande, eu posso levar para a minha casa...
– Eu te mato antes – mostrei os dentes para ele
– Estou brincando, tampinha. – Seth deu um peteleco no meu nariz – Vamos lá colocá-lo na árvore
– Que árvore? – perguntou Jessica, para me lembrar que não estávamos só eu, Seth e meus pais. Até porque, os demais membros de minha família fizeram questão de desaparecer antes que os "amigos" de minha mãe chegassem
– A árvore de natal – ergui as sobrancelhas, pois não resisti ao impulso de ser sarcástica
– A árvore fica na sala de estar – explicou mamãe, já que ela sabia que, se eu respondesse, a resposta não seria agradável
– E que sala é essa? – perguntou Mike, que eu começava a achar que era um imbecil
– A sala de visitas? – o encarei com incredulidade porque, sinceramente, que resposta ele esperava? O banheiro?
– Cara, como você é burro! – disse Ben, a quem eu comecei a me afeiçoar ainda mais
– Que outra resposta você esperava? Sala de jantar? – desdenhou Tyler. Estava me afeiçoando a ele também
– Já sei! – Eric estava radiante – O banheiro! – gostei dele

Papai se levantou e pediu licença para ir ao toalete, mas escutei seus pés disparando para o andar de cima, entrando em seu antigo quarto, onde ele fechou a porta, e desatou a rir. Eu sabia que apenas eu, mamãe e Seth ouvíamos e precisei olhar para Seth em busca de apoio, pois estava fadada a gargalhar. Mas ele não foi de nenhum auxílio, já que, ele próprio, segurava o riso. Mamãe era a única a se manter impassível e eu a admirei muito por isso, apesar de achar que isso se devia ao fato de ela, provavelmente, estar querendo matar Jessica e Lauren por terem me insultado. Ainda que as duas não soubessem que minha mãe tinha conhecimento de seus pensamentos. Poucos minutos se passaram com mamãe e os visitantes conversando amenidades e agradeci a Deus por eles terem se esquecido de mim, pois a minha vontade de gargalhar estava começando a perder a guerra. Desde, é claro, que eu não olhasse para Seth.
Papai retornou, já restabelecido de seu ataque de riso, e se sentou ao lado de mamãe e pegou sua mão. Ele me lançou um olhar que dizia "não ria", e rapidamente engasguei com uma gargalhada. Então, todos olharam para mim.

– Sabe o que é o seu presente? – perguntou Ângela, a quem eu não pude evitar de comparar a uma chinchila de tão fofa que ela me pareceu. Fiz uma nota mental de perguntar ao papai, mais tarde, se eu havia acertado em meu julgamento, porém, acabei me esquecendo
– Um box do Harry Potter – respondi animada
– Adoro Harry Potter. – comentou Tyler – É a primeira vez que você vai ler?
– É sim. – e olhei para Seth com os olhos semicerrados – Estava ansiosa para ler, mas terei que esperar até o natal
– De nada – Seth me deu um sorriso presunçoso e eu lhe mostrei a língua
– Mas você já viu os filmes? – perguntou Eric
– Não. – Seth respondeu por mim – O que me lembra que havíamos combinado de maratonar os filmes. Vamos, tampinha?
– Vamos! – sorri, tanto porque estava ansiosa para conhecer a história quanto para sair dali – Licença
– Quer ajuda com essa caixa? – ofereceu Ben começando a se levantar do sofá
– Não, obrigada – respondi com um sorriso doce, mas ele permaneceu na posição, a meio caminho de se levantar, na qual se encontrava
– Se você gosta da sua mão, meu amigo, – falou Seth – nem se aproxime desse embrulho
– Linguarudo! – ralhei
– Na verdade, – chamou Ângela quando Seth e eu estávamos chegando na divisória da sala de visitas para a sala de estar – se puder esperar um pouco, Renesmee. Eu tenho um anúncio a fazer e, bem, esse foi o motivo da visita

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