𝐋𝐨𝐯𝐞 𝐢𝐧 𝐭𝐡𝐞 𝐝𝐚𝐫𝐤 || 𝐍𝐨𝐚𝐧𝐲

• vinte e três •

"Eu nunca vou te deixar se aproximar de mim
Mesmo que você signifique tudo para mim
Porque toda vez que eu me abro, dói" - Song: Too Good At Goodbyes.

- Any Gabrielly -

Minha turma estava no auditório, eu não conseguia prestar atenção no enorme documentário da aula, minha mente estava sendo bombardeada pelas lembranças da noite passada.
Eu lembrava dos meus lábios junto com os de Noah nos meus, de suas carícias, de seus sorrisos direcionados a mim.

Achei que chamando ele de amigo e o colocando na friendzone, iria o afastar de mim, mas foi bem o contrário. Ele estava cada vez mais próximo e isso é um problema.

- Elly? - a voz de Noah preencheu meus ouvidos e senti meu coração derreter com o apelido.

- s-sim? - falei, olhando o garoto ao meu lado.

- você tá no mundo da lua, a já aula acabou - riu fraquinho, colocando a mão em meu rosto.

Observei que os alunos saiam pouco a pouco. E o professor havia travado o documentário, em seguida saído do auditório, estava na hora do intervalo.

- eu tô com sono, só isso - me encolhi na cadeira, e seus braços envolveram o meu corpo. Num abraço acolhedor e quentinho, que eu logo retribuí.

- tão cheirosa, oh céus  - murmurou, senti o toque suave de seus lábios em meu pescoço e fechei os olhos.

- obrigada - sorri como uma idiota. Ainda sentindo seu nariz e lábios roçarem em meu pescoço, fazendo meu corpo arrepiar.

Eu estava muito sensível aos seus toques, sua voz.

Ele me fazia sorrir, fazia meu coração acelerar e meu estômago encher de borboletas. A forma que Noah fazia eu me sentir importante e era gentil comigo me assustava. Eu não sabia lidar com todo aquele afeto.

- é.... Vamos para o intervalo, né? - sai do abraço rápido.

- ok - disse ele.

- pode ir na frente, preciso entregar um livro - falei e saí como um foguete do auditório.

Entreguei o livro que tinha pego. E caminhei para sair da biblioteca.

- hey, Gaby - senti meu braço ser puxado. E vi que quem me segurava era Ryan.

- me deixa - falei saindo, mas ele me puxou outra vez.

- eu sei que fui um escroto com você naquele dia, mas... - começou a falar e revirei os olhos.

- você foi um grande filho da puta, isso sim - rebati.

- me ouve, por favor - implorou.

- você tem um minuto - falei batendo o pé de forma impaciente.

Ryan começou a falar, me pedindo perdão inúmeras vezes, dizendo que estava sob o efeito das drogas e que perdeu a cabeça. Dando inúmeras explicações, dizendo que precisava de ajuda.

- podemos voltar ser como antes? Nossa amizade, eu sinto falta de você. Por favor, me dá uma chance, vou fazer tudo diferente  - suplicou e passei a mão pelo rosto.

- espero que você não me decepcione - cedi ao seu pedido e ele me abraçou, quase me pegando no colo.

- obrigada, obrigada - disse ainda me abraçando.

Ouvi o barulho de alguém limpar a garganta, o cheiro era amadeirado era bem conhecido, congelei ao ver Noah, seu maxilar travado, sua expressão facial impassível. Ele encarava Ryan como se fosse soltar raio laser pelos olhos.

- droga - me afastei de Ryan afoita.

- achei que tinha dito que, queria você longe dela - disse Noah ríspido, entrando na minha frente.

- Noah, tá tudo bem - falei tocando em suas costas, mas ele nem me deu idéia.

- só estamos conversando, cara. Relaxa - disse Ryan, Noah simplesmente o ignorou, respirando fundo.

- você vem comigo - disse ríspido, e me puxou para sair dali.

Noah segurava minha mão, me levando para um corredor menos movimentado, enquanto andávamos a discussão já acontecia.

- ele prometeu, disse que vai mudar - falei tentando convencer ele, e o mesmo me soltou.

Noah soltou uma gargalhada sarcástica e passou a mão pelo rosto negando.

- não seja tão ingênua. Ele te tratou como a porra de um objeto qualquer aquele dia, te desrespeitou na frente de todo mundo - disse nervoso.

- depois disso tudo, você acha que ele merece uma segunda chance? - indagou incrédulo.

- Noah, me ouve - pedi, ele cruzou os braços impaciente.

Comecei a dar motivos para acreditar em Ryan, mas acho que só irritei mais. Ele bateu as mãos nos armários me encurralando, arregalei os olhos com o susto e fiquei calada.

- para Gabrielly, para de defender ele, caralho - falou áspero, tentando controlando o tom de voz.

- para você, eu já decidi e a vida é minha porra. Além do mais ele é meu amigo, precisa de mim - rebati sendo ignorante também.

- quer saber? Que se foda você e ele. Eu não me importo com o que você faz da sua vida! - elevou a voz e fiquei sem reação.

- isso mesmo, sai daqui. Idiota - comecei a praguejar. Vendo ele ir embora.

- Gaby, tá tudo bem? - perguntou Ryan aparecendo.

- tá sim - respondi.

Quando voltamos para aula, Ryan sentou ao meu lado, no lugar que era de Noah.
Doutro lado auditório, Noah encarava Ryan como se fosse bater a cabeça dele na parede.

Eu queria que Noah estivesse ali do meu lado, já estava acostumada com sua companhia, suas piadas bestas...

PORRA.

Eu não acredito no que estou pensando nele.
Eu não posso simplesmente gostar de sua companhia, não posso gostar dele.

- Nota da autora: queria fazer uma maratona💅🏼