• trinta e dois •

855 78 40
                                    

"E eu sempre vivi assim
Mantendo uma distância confortável
E até agora eu tinha jurado a mim mesma
Que eu estava satisfeita com a solidão
Porque nada disso algum dia valeu o risco
Bem, você é a única exceção" - Song: the only exception.

- Any Gabrielly -

A

s semanas se passaram, eu havia começado fazer quimioterapia.


- céus, eu estou horrível - falei vendo meus olhos fundos e com olheiras.

Meu peso diminuindo, eu não tinha apetite, as dores eram insuportáveis e os problemas respiratórios haviam piorado.

Lavei o rosto, fiz minhas higienes e senti uma pontada, mas nada que eu não estava acostumada. As dores estavam se tornando frequentes, continuei passando um creme em meu rosto e novamente senti aquela dor.

Respirei fundo, mas o ar parecia faltar, senti uma pressão na cabeça, era insuportável. Fechei os olhos e segurei a cabeça, queria chorar.  Não sabia o que estava acontecendo comigo, mas tinha a sensação de que eu estava me afogando.

- droga - caminhei sem força até a porta do quarto.

Abri a porta e vi que minha médica vinha em direção ao meu quarto, antes que eu pudesse falar algo, cai de joelho no chão. O desespero por respirar era imenso, minha médica correu em minha direção e chamou um enfermeiro que estava ali por perto.

- Any, calma. Vou te ajudar - disse Ellen. Minha médica me ajudou a levantar com cuidado e rapidamente fui colocada no quarto novamente, a correria me deixava confusa.

O enfermeiro aplicou um remédio na minha veia e uma máscara de oxigênio foi colocada em meu rosto.

Senti a dor aliviando aos poucos e apaguei.

Não sei quanto tempo dormi, mas acordei ouvido uma conversa baixa. Percebi que a voz era da minha médica, abri os olhos vendo que ela conversava com Noah e meu pai na porta do quarto.

- mesmo com a quimioterapia, o câncer está fazendo metástase. Quando isso acontece as células cancerígenas acabam se espalhando pelo sangue afetando outros órgãos, no caso da Any continua afetando o pulmão, criando água em volta do órgão - disse ela.

- o estado dela é grave, porque já estava muito avançado, não tem possibilidade de melhora. Continuaremos o tratamento com os remédios e em último caso a cirurgia, porque ela pode não resistir ao processo cirúrgico. É tudo uma tentativa - completou, suspirando.

Assim que minha médica saiu da porta do quarto me sentei na cama. Meu pai saiu junto com ela e Noah entrou no quarto.

- oi - acenei, mas minha voz saiu baixa por conta da máscara.

- oi - ele sentou na ponta da cama, dando um sorriso fraco - você ouvi, né? - indagou.

- sim, mas eu já imaginava que isso aconteceria - falei assim que tirei a máscara do rosto.

- é complicado, mas, o tratamento pode dar certo - disse ele, esperançoso.

- e se não for para eu ser curada? - perguntei retórica.

- não... Para de falar isso, você vai se curada- segurou minha mão.

- eu preciso que dê certo, não posso te perder - disse, passando a mão pelo meu rosto.

Fechei os olhos e respirei fundo.

- Noah, há coisas que não estão no nosso alcance. E está tudo bem - segurei seu rosto, vendo as lágrimas se formarem em seus olhos.

- não, não está... Você vai melhorar e vamos para casa. Eu prometo - fungou, esfregando os olhos com as costas da mão.

- não prometa o que não pode cumprir - murmurei e as lágrimas molharam seu rosto.

Seus olhos transmitiam dor, ele apertava minha mão, como se eu fosse fugir.

- você é a única garota que eu amei, desde o início da minha adolescência. Não quero que você vá. Por favor - disse e meus olhos começaram a lacrimejar.

Abri os braços e logo ele me abraçou, colocando o rosto entre meus seios. Meu coração estava dilacerado, as lágrimas dele molhavam minha camisa.

- nunca me senti tão amada, você fez tudo valer a pena. E eu te amo, como nunca amei ninguém - segurei seu rosto, sorrindo fraquinho.

- então, por mim... Me prometa que irá para faculdade, que conhecerá alguém incrível, que fará seu coração derreter de amores - segurei seu rosto limpando as lágrimas.

- prometa que vai ser feliz, mesmo que eu não esteja do seu lado - supliquei num sussuro e ele me interrompeu.

- não, não peça para eu seguir minha vida, como se você não fosse nada - disse esfregando o rosto, num ato de nervosismo.

- você merece muito mais do que ficar preso a mim, sabendo que não tem futuro - falei, amargurada.

- não importa, eu vou estar aqui com você até o último dia, independe do que aconteça. Porque eu te amo - entrelaçou sua mão na minha e beijou.

Os olhos de Noah estavam brilhantes pelas lágrimas, seu rosto avermelhado. Ele me apertava contra seu corpo, eu queria dizer para ele que iria lutar, mas eu estava exausta e eu que eu não podia fazer nada para mudar.

Em todo tempo fazendo o tratamento, nunca imaginei que encontraria alguém que tornasse meus dias felizes. Até que Noah chegar na minha vida, pela primeira vez... Tive esperança genuína, fizemos planos para o futuro.

- eu te amo... Queria que fosse diferente - respondi.

Não importa o quanto você ame alguém, as vezes só amar não é o suficiente. Nem todos terão um "felizes para sempre"... Noah e eu sabíamos muito bem disso.

- Nota da autora: só dizendo que estamos perto do fim da história🥺

𝐋𝐨𝐯𝐞 𝐢𝐧 𝐭𝐡𝐞 𝐝𝐚𝐫𝐤 || 𝐍𝐨𝐚𝐧𝐲Onde histórias criam vida. Descubra agora