Capítulo 10

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E de repente tudo parece como antes, tudo parece querer me derrubar novamente e colocar-me dentro de um lugar sem ar, escuro e profano

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E de repente tudo parece como antes, tudo parece querer me derrubar novamente e colocar-me dentro de um lugar sem ar, escuro e profano. Lutei malditos anos para isso não voltar e agora tudo se foi. Mesmo andando com minha faca eu não estou protegida. Agora eu sei disso. Não passo de uma garota estúpida e fraca, essa é a verdade. Sou fraca demais.

Eu lutei para ficar cada segundo acordada, para ver qualquer detalhe que podia, mas não pude suportar minha dor na nuca onde me foi acertada uma pancada. Os últimos segundos antes de apagar senti meu corpo sendo arrastado no estacionamento do shopping. Não consegui colocar os olhos em nada significante o suficiente. Eu fui consumida pelo pânico e escuridão antes mesmo de ver meu agressor. Não faço ideia do que ele quer comigo. Merda, eu não sei de nada.

Minha cabeça está levemente dolorida, faz apenas alguns minutos que acordei com uma fita em minha boca e amarrada no meu sofá. É completamente estranho que quem me sequestrou me trouxe para minha casa e aparentemente não fez nada comigo. O suor faz com que minha blusa esteja grudando em minha pele.

Assim que acordei comecei a resmungar por socorro mesmo com medo de que ainda estivessem no meu apartamento, mas não tinha mais ninguém. Fui deixada aqui sozinha, amarrada e sem poder pedir por socorro. O pânico começou a me invadir no exato momento que dei conta que ninguém viria atrás de mim. Mell foi viajar, meus pais nunca sabem da minha existência por pedido meu e com certeza ninguém do prédio tem contato comigo o suficiente para se importar. Estava em uma grande furada. Olhei ao redor tentando procurar pela minha bolsa, celular, mas não avistei nada.

Então algo surpreendente surgiu. Minhas lágrimas começaram saltar dos meus olhos enquanto tremia de medo e desespero. Antes eu chorava muito e isso acabava comigo, então quando tomei as rédeas da minha vida decidi nunca mais chorar porque isso me deixava fraca e não precisava me sentir mais destruída do que já estava. Ao passar dos anos eu exclui essa parte de mim que se permitia chorar e a última vez que derramei lágrimas foi quando minha afilhada, Madison foi assassinada ainda no ventre da Mell.

Quando ouvi passos pesados perto da minha porta eu engoli cada soluço em minha garganta com medo de que fosse a pessoa que me sequestrou. Realmente fechei meus olhos fortemente para não ter que ver o que causaria minha morte porque tinha absoluta certeza que morreria hoje, no entanto por um milagre Valentim entrou em meu apartamento me fazendo suspirar de alívio.

— Está machucada? — Ele pergunta, verificando meu corpo com os olhos amendoados e atentos.
— N-não — gaguejei com a voz seca depois dele retirar a fita da minha boca e guardar no bolso de sua calça. Valentim rodeia a poltrona e começa a desamarrar meu corpo. Meu estômago está dando voltas e voltas, mas não sei se é de pavor ou do aperto das cordas que pressionavam meus músculos.

— O que aconteceu? — Quem dera eu saber por que isso aconteceu.
— Não sei — levo minha mão onde fui acertada, sentindo o local dolorido. — Mas espera, o que você está fazendo aqui? Como que... — Como diabos ele veio até aqui justamente...

Talvez eu Seja (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora