capítulo 11

805 102 4
                                    


Eu não sabia o que fazer, pela primeira vez eu senti que o Tom realmente podia me matar, meu pai estava tão chocado quanto eu

" F...filho, eu não sei o que você ouviu mas eu preciso ter uma conversa com você "

Olhei para o meu pai e parecia  que eu havia visto uma pessoa totalmente diferente essa era a primeira vez que meu pai falava de forma racional, o Tom por outro lado estava fazendo uma nova  expressão  que eu não conhecia, ele estava com os olhos arregalados e suas mãos seguravam firme o corrimão da escada

" Tom... Eu não sei como te dizer isso mas antes de eu falar com todas as letras saiba que eu te amo muito e não importa se você tem o mesmo sangue que eu ou não.... Você é adotado "

O Tom começou a se afastar do corrimão e a balançar a cabeça negativamente

" Não, não "

Era a única coisa que saia de sua boca enquanto seus olhos ficaram marejados, eu não sei como uma criança de 3 anos podia entender isso mas o Tom não era uma criança comum ele era inteligente e sabia compreender bem a maioria das coisas

Eu e meu pai tentamos ir até ele mas de repente o Tom começou a correr indo em direção a porta meu pai tentou para-lo só que sem sucesso, o Tom abriu a porta e saiu correndo em direção a rua

Eu pude ver quando um carro ia se chocar contra o Tom, meu pai gritou o nome dele e eu fechei os olhos implorando pra que um milagre acontecesse e ele estivesse bem, ouvi o barulho do meu coração, era a única coisa que eu conseguia ouvir

Abri os olhos e o Tom estava parado em frente ao carro, ele estava bem mas parecia um pouco assustado, olhei para o chão e encontrei meu pai ajoelhado com os olhos fechados  como se estivesse orando

Corri até o Tom e o abracei

" Tom você tá bem ? Nunca mais faça isso eu fiquei tão preocupada e se você tivesse se machucado !"

Comecei a chorar enquanto segurava seu pequeno corpo contra o meu, o Tom não moveu nenhum músculo era como abraçar uma estátua, aos poucos senti suas mãos em volta da minha cintura, depois de ficarmos assim por um curto período de tempo fomos obrigados a entrar em casa por causa do trânsito e o meu pai só faltou nos arrastar para fora da rua

___________

Assim que entramos em casa a primeira coisa que meu pai fez foi contar toda a verdade para o Tom, ele explicou como havíamos encontrado a mãe dele e falou que ela era uma bruxa igual a nós, após ouvir a explicação pacientemente o Tom não expressou nenhuma emoção

Por último meu pai entregou o colar de Mérope para o Tom, lá estava o colar da sonserina, o colar que na história original virou a Horcrux do Voldemort, olhei para o colar e senti um arrepio só de imaginar Tom matando alguém, o dia terminou com meu pai e eu sentados no sofá olhando para o nada enquanto o Tom dormia do nosso lado

A porta se abriu e lá estava minha mãe, pelo jeito o dia foi produtivo para ela não usar magia, o que geralmente ela sempre faz

" Que clima é esse gente? parece até que viram um fantasma "
Minha mãe falou assim que encontrou os olhos do meu pai

" O Tom quase morreu hoje "
Meu pai falou num fiapo de voz ainda parecendo muito abalado com o que tinha acontecido

" E nós contamos a verdade pra ele "
Dessa vez fui eu quem falei tentando manter minha mãe a par do que havia acontecido

" Por  Merlin, espera o que ? Como...como isso aconteceu?"

Depois de explicarmos toda a história pra minha mãe que se encontrava agora tomando chá para se acalmar enquanto escutava tudo, olhamos pra ela e esperamos uma reação

" Mas amor porque você não usou sua varinha ?"
Foi a única coisa que ela disse enquanto passava a mão pelo rosto como se estivesse frustada

" Eu havia esquecido a varinha aqui dentro"
Meu pai confessou olhando para o chão

" Espera se não foi você quem parou o carro, então quem foi ?"

Meu pai que não tinha pensado nisso  começou a demostrar confusão em seu rosto

" Eu não sei, só sei que quando abri os olhos o Tom estava abraçando a Berta "

Foi aí que a atenção dos dois foi voltada para min, comecei a olhar para os dois sem entender o que eles queriam que eu dissesse

" Eu também não sei o que aconteceu, eu  fechei os olhos e quando os abri o Tom estava bem, aí eu corri até ele "
Meus pais ficaram em silêncio e depois começaram a trocar olhares como se estivessem conversando por telepatia, achei aquele o dia mais estranho da minha vida e fui para o meu quarto já o Tom foi carregado pelo meu pai até a cama

Depois de nós desejar boa noite meu pai saiu do quarto

" Berta, você tá acordada ?"

Ouvi a voz do Tom não muito tempo depois do meu pai ter fechado a porta

" Sim "

" Você acha que eu vou ser do mal ?"
Era a primeira vez que o Tom falava comigo tão diretamente sem rodeios ou reclamações

" Porque você acha isso ?"

" O meu parente foi o fundador da sonserina e ele era mal pelo menos foi o que o papai me disse "

" Mas você não é ele Tom, não é só porque um parente seu é mal que você vai ser também, você só tem que se concentrar em ser feliz fazer o que você gosta não importa se é conversar com cobras ou ... Ser um astronauta quem sabe, eu a mamãe e o papai vamos te apoiar não importa a escolha que você Faça "

" Mas e se eu me tornar mal ?"

Demorei algum tempo pensando para poder responder essa pergunta, eu não sabia qual seria a escolha do Tom mas eu ainda tinha esperança que ele não se tornasse um assassino

" Se você se tornar mal mesmo assim nos vamos te amar só que ficaremos tristes "
Disse isso enquanto deitava de lado para olhar o rosto de Tom o que não adiantou muito já que tudo continuava escuro

" Porque?"

" Porque pessoas más não são felizes, elas acabam sozinhas e ninguém é feliz sozinho"

Depois de ouvir minha resposta o Tom ficou em silêncio, sua voz ecoou apenas mais uma vez

" Obrigado por ter me salvado "

Salvado ? Como assim ? Sobre o que ele está falando ?

" Sobre o que você tá falando exatamente?"

Nunca descobri a razão pela qual ele me pediu obrigado naquele dia, mas eu tinha a breve sensação que no fundo eu sabia sobre o que ele estava falando

Como salvar um vilão?Onde histórias criam vida. Descubra agora