capítulo 10

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Senti medo ao ver o Tom tão perto de uma cobra, o pior é que não era qualquer cobra eu não tenho muita experiência mas acho que se a cobra medir 1 metrô e meio com certeza podia matar alguém !

" Tom o que você tá fazendo ?"
Me aproximei com cautela e fiquei alguns sentimetros atrás dele, ele se virou e sorriu pra min como se nada perigoso estivesse acontecendo

" Eu fiz uma nova amiga, eu consigo entender ela, não é legal !"
Acho que nunca senti meu coração pulsar tanto quanto naquele momento, o Tom estava fazendo carinho na cabeça da cobra que se esfregava em sua mão

" Muito legal, mas venha até aqui "
O Tom não me respondeu e continuou agachado ao lado da cobra

" Sabe Berta você está sempre dizendo o que eu tenho que fazer, acho que você merece uma punição por isso "

O Tom olhava pra min com os olhos brilhando igual quando era bebê e ficava irritado comigo, eu vô morre ?! Porque, e todo o esforço que eu tive pra chegar até aqui ?

Ele começou a falar uma língua estranha enquanto observava a cobra, assim que ele terminou a cobra olhou diretamente pra min e começou a rastejar na minha direção, fechei os olhos esperando sentir uma picada e uma dor agonizante mas ao invés disso senti algo se esfregando contra o meu tornozelo, quando tomei coragem para olhar pra baixo vi a cobra passando a cabeça no meu pé como se quisesse carinho, ouvi uma risada que eu conhecia muito bem

O Tom estava rindo enquanto colocava as mãos na barriga

" Você tinha que ver sua cara "

A cobra rastejou novamente até o Tom e se enrroscou em sua perna, observei a cena e senti um embrulho no estômago

" Você acha que a mamãe e o papai deixam eu ficar com ela ?"

Demorei uma fração de segundos pra responder

" Mas é claro... Claro, se eu te ajuda eles deixam "

Eu faço tudo o que você quiser desde que não mande ela me ataca !

" Fico feliz em ouvir isso "
A cobra já estava na mão do Tom e o mesmo a olhava com muita intensidade

___________

Foi uma verdadeira luta convencer os meus pais a aceitarem a cobra, eu tinha de dar um jeito de fazê-los aceitar se não nossas cabeças estariam em perigo, foi só depois de mostrar que a cobra não representava perigo nenhum que eles finalmente cederam ( tive de usar meu corpo pra demostrar que a cobra era inofensiva, o que eu não gostei muito mas o Tom estava controlando ela )

Naquele final de semana o Tom não desgrudou da cobra em nenhum instante, e finalmente chegou o momento de voltarmos pra casa, nós despedimos as preças da minha avó e usamos o pó de flu para voltar, o motivo de tanta pressa ? Parece que ouve outra emergência no trabalho da minha mãe

Assim que sai da lareira percebi que o Tom subiu as escadas correndo sem se dar ao trabalho de dizer tchau a minha mãe

" Esse menino está ficando mais rebelde e olha que só tem 3 anos "
Minha mãe disse enquanto colocava a bolsa no ombro e pegava na maçaneta

" Tchau mãe "

Dei um abraço nela enquanto meu pai fazia o mesmo

" Tchau meus amores, tchau pra você também Tom !!"

Pude ouvir uma pequena voz vir do quarto mas ela foi abafada pelo som da porta sendo fechada

" Bem, então quem tá animado pra passar a tarde com o papai ?!"

Meu pai estava muito empolgado com a ideia de passar uma tarde sendo babá, eu entendia sua empolgação sempre ouvi minha mãe dizer como ele era irresponsável e esse era o momento de provar o contrário ou pelo menos na cabeça dele deveria ser

Sorri pra ele e comecei a subir as escadas

" Eu vou buscar o Tom"
Sei que foi meio frio ignorar a empolgação do meu pai mas ele nem estava esperando uma resposta e se dirigiu até a cozinha pegando o avental e se preparando para fazer o jantar que eu tenho certeza de que não seria muito bom

Cheguei no quarto e ouvi o Tom falar aquela língua estranha novamente, abri a porta devagar e me deparei com ele sentado no chão conversando com a cobra

" O papai está me chamando ?"
Ele não olhou no meu rosto

" Não "

Me deitei na cama e fiquei olhando o teto enquanto o Tom continuava sorrindo e sussurrando palavras sem sentido

Quebra no tempo

Depois de termos jantado eu me levantei e decide que era hora de conversar com meu pai sobre um assunto muito sério, há tempos venho pensando que seria melhor contarmos logo para o Tom que ele é adotado, o principal motivo pra isso é que eu tenho medo dele descobrir a verdade e nós matar na mesma hora por mentir pra ele, eu pensei que talvez se contassemos agora ele pelo menos não iria nós matar

Meu pai estava na pia lavando a louça sorrindo de orelha a orelha porque pela primeira vez nós havíamos limpado o prato, devo admitir que hoje ele se superou e cozinhou até que bem, me aproximei dele aproveitando que o Tom já havia se retirado da sala

" Pai, preciso falar algo sério pra você "

Assim que me ouviu meu pai largou a buchinha e o prato e se virou pra min

" O que aconteceu filha vem cá me conta "

Ele enxugou a mão e se sentou na cadeira, eu me sentei ao seu lado e observei sua expressão ele estava preocupado

" Bem pai o negócio é o seguinte, é que eu acho que está na hora da gente conversar com o Tom sobre... Você sabe "

Não consegui completar a frase, mas mesmo falando assim eu sabia que meu pai havia me entendido

" Filha não acho que seja o momento ele ainda é pequeno "

" Não pai, é por isso mesmo que devemos contar temos que aproveitar que ele ainda é pequeno já penso na reação dele se for mais velho ?"

Meu pai abriu a boca como se fosse dizer algo mas depois comprimiu os seus lábios, ele deu um leve suspiro

" Você tem razão devemos contar a ele, só que é difícil.... Como vamos dar essa notícia a ele ?"

" ... Olha podemos contar de um jeito fácil, apenas diga que ele não é seu filho de sangue mas que mesmo assim você o ama muito "

Segurei na mão do meu pai tentando passar um pouco de confiança para ele

" O que ?"

Ouvi uma voz vindo das escadas e quando olhei pra frente, eu não podia acreditar o Tom estava parado de pé na escada e pela sua expressão ele tinha ouvido nossa conversa






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