Como salvar um vilão?

capítulo 27

Acordei cedo ouvindo o barulho da minha coruja que não parava de piar, quando me forcei a abrir os olhos me deparei com os gêmeos mechendo na gaiola fazendo minha coruja ficar furiosa, ela tentava inultilmente bicar as mãos das crianças

" Ei o que vocês estão fazendo ?!"

Me sentei na cama fazendo os garotos se assustarem e derrubarem a gaiola no chão, meu coração começou a bater rápido, e se ela se machucou ? O que eu vou fazer ? Antes que eu notasse a coruja já estava no meu ombro enquanto eu a analisava de perto, para meu alívio ela não sofreu nenhum ferimento

Olhei brava para as crianças tentando manter a calma, os dois estavam observando o chão como se existisse algo muito interessante nas formas do azulejo

" Nunca mais mecham com a minha coruja vocês entenderam ?"

As crianças tremeram ao ouvir minhas palavras, eu sei que minha voz estava rrigida mas não consegui controlar a raiva naquele momento, a porta se abriu revelando o Tom que estava com sua cobra enrolada em seus ombros

" Tem algo de errado aqui Berta ?"

O Tom parecia ameaçador, a aura que emanava dele estava muito sombria e pra completar a cobra em seus ombros se movia de forma sinistra esticando sua cabeça na direção das crianças

" O que foi ? Estão com medo ? Não olhem muito pra ela a última pessoa que manteu muito contato visual não sobreviveu pra contar a história "

As crianças ficaram pálidas igual papel e um dos meninos parecia que iria desmaiar a qualquer momento, não as julgo eu também estava com medo do Tom, naquele momento era como se ele não fosse só uma criança de 7 anos, eu temi que ele não fosse mais a criança com quem eu convive e tivesse se tornado o vilão da história original, só de pensar nisso senti um enorme nó se formando na minha garganta

As criancas correram pela porta assim que o Tom abriu espaço pra elas passarem

" Então pra onde vamos ?"

A voz dele havia voltado ao normal seu rosto indiferente que não passava uma sensação sombria estava lá novamente, ele tinha voltado a ser a criança que eu conhecia senti um grande alívio por ver ele agir assim novamente

"... Primeiro eu vou me trocar aí a gente saí, tá bom ?"

Ele me ouviu com uma expressão taciturna em seu rosto, seus olhos grudados na cobra em seu ombro até que a minha coruja voou até o Tom e pegou a cobra com o bico, senti que meu corpo ficou petrificado no lugar

" Nagine! Berta controla essa sua coruja maluca !"

Foi a primeira vez que eu vi o Tom perder a compostura ele parecia tão alterado tudo por causa de uma cobra, eu sabia que a Nagine era importante pra ele mas não pensei que era tanto ao ponto dele correr por todo o quarto tentando resgata-la das garras da minha coruja

Vi um vulto preto passar por min indo em direção a janela, mas eu fui mais rápida e a fechei fazendo a coruja dar de cara com a janela e cair em cima da cama desnorteada enquanto a cobra deslizou suavemente até o Tom fazendo o mesmo se acalmar, eu não sei porque mas eu tive um ataque de riso depois da confusão ter acabado, não sei se meus ouvidos me enganaram mas ouvi uma risada baixa vindo de Perto da janela a mesma risada que eu não escutava desde que o Tom se mudou de quarto, e lá estava a expressão que eu não via a muito tempo, os olhos fechados as mãos na barriga e seu sorriso

" O que foi Berta tem alguma coisa no meu rosto ?"

Eu ainda estava em transe quando o Tom parou de rir e voltou ao seu eu habitual mas tinha algo que nunca mais voltaria a ser o mesmo, a esperança que aquele sorriso me deu não iria acabar tão cedo, saber que ele podia sorrir daquela forma fez eu notar que ele ainda tinha salvação que eu ainda poderia faze-lo mudar

Quebra no tempo

Eu e o Tom andávamos lado a lado em uma das ruas mais movimentadas de Londres só que havia um pequeno detalhe, nós dois estávamos no mundo trouxa, já não víamos casas enfeitiçadas para se limparem sozinhas e nem os vizinho que sempre estavam do lado de fora arrumando algum teto quebrado ou tirando seu gato de cima do muro usando magia, o Tom não parecia nem um pouco animado

" Era pra esse lugar que você queria me trazer ? Se eu soubesse teria ficado em casa"

Ele comentou desanimado olhando com desagrado para todos os trouxas que andavam ao nosso redor

" Não seja assim, eu queria te mostrar como seria o mundo sem magia, vem vamos olhar por aí "

Segurei seu braço e comecei a guia-lo pelas lojas mostrando todos os objetos que os trouxas haviam criado e explicando sua ultilidade

" Você parece saber muito sobre eles, é quase como se soubesse como eles vivem "

Após termos terminado de olhar a última loja o Tom comentou me olhando pelo canto do olho

" É claro que não, eu só aprendi sobre eles conversando com alguns professores "

Falei a primeira coisa que me veio a cabeça e percebi o olhar dele recair sobre min

" Tom quais são seus planos para o futuro ?"

Enquanto tentava mudar se assunto encontrei um banco e me sentei observando o movimento

" Eu quero ser alguém poderoso "

Ele se sentou ao meu lado olhando para uma lata de lixo que estava do outro lado da rua, já estamos indo por um mal caminho pensei comigo mesma enquanto tentava elaborar outra pergunta

" Você quer ser algo do ministério da magia?"

Arrisquei tentando decifrar qualquer sinal que ele demonstrasse, apenas o ministério poderia fazer o Tom ser poderoso se ele não seguisse pelo caminho do mal

" Não, não quero ter nada haver com o ministério... Eu quero que as pessoas me respeitem que se sintam intimidadas apenas pela minha presença "

Parece que ele não tem salvação, o que eu vou fazer ?

"...mas se for assim as pessoas só vão te respeitar por medo "

Clariei a garganta e desviei o olhar do seu rosto, ele ficou em silêncio como se estivesse refletindo sobre o que eu falei, nesse meio tempo eu tive uma ideia, nada melhor do que comer quando se está refletindo, olhei em volta e avistei uma sorveteria

" Tom me espera aqui, eu já volto "

Me levantei e fui em direção a sorveteria sem saber o que poderia me aguardar quando eu saísse de lá