capítulo 28

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Eu estava muito animada com a ideia de ver o Tom tomar sorvete, eu e ele fomos criados comendo doces bruxos e nunca comemos doces trouxas, devo admitir que senti muita falta de comer os doces normais, apesar dos doces bruxos serem legais eles não tinham o gosto tão doce quanto os doces comuns

Sai do sorveteria com dois sorvetes na mão um de chocolate e o outro de flocos, comecei a equilibralos na mão para que não derretessen até eu chegar ao meu destino, quando finalmente estava perto da rua aonde deixei o Tom meu sorriso se desfez na hora dando lugar a uma expressão de Pânico, os sorvetes escorregaram da minha mão e se espelharam pela calçada

Os gêmeos estavam caídos no chão desacordados ( espero que só estejam desacordados ) aos pés do Tom, o mesmo estava olhando para as crianças como se fossem apenas formigas que acabaram de ser esmagadas, as pessoas ao redor começaram a se aproximar

Eu corri até o Tom e apenas segurei na manga da sua camisa olhando assustada para toda aquela cena que se desdobrava ao meu redor

" O que foi Berta? Vamos.... Para casa "

Sua voz estava mais fria que o normal e sem dizer mais nada ele segurou a minha mão que estava na sua camisa e me guiou no meio daquela multidão

" T..om para, a gente precisa levar os gêmeos com a gente"

Minha voz estava tão fraca que eu até duvidei se eu tinha realmente dito aquilo ou se as palavras ainda estavam presas em minha garganta, o Tom apertou mais forte a minha mão e continuou andando sem olhar pra min, eu tinha que fazer algo não podia só deixá-lo me puxar como se eu fosse um objeto, tentei faze-lo me soltar e quando eu puxei com toda força o Tom finalmente olhou pra trás, seus olhos brilhando a veia que sempre saltava de seu rosto quando estava com raiva pulsando mais do que nunca

" Berta eles mereceram aquilo, você não sabe.... As coisas horríveis que eles disseram pra min "

Mesmo se eles disseram algo ofensivo são apenas crianças, como ele pode atacar crianças? senti uma lágrima escorregar pelo meu olho a mão que me prendia finalmente me soltou, o Tom parecia abalado seu rosto que sempre estava indiferente agora demostrava... Tristeza e confusão como se eu tivesse falado algo muito chocante pra ele mesmo tendo certeza que não pronunciei nenhuma palavra, eu não tinha tempo pra lidar com o vilão eu precisava ver se meus primos estavam bem

Corri até a multidão e me inclinei sobre as crianças, coloquei o dedo perto de seus rostos e senti a respiração calma dos dois, senti um grande alívio ao perceber que elas só estavam desmaiadas, mas afinal de constas o que o Tom fez com elas ? Meus pensamentos foram interrompidos pela chegada inesperada do Tom que se colocou ao meu lado e observou as crianças e como num passe de mágica as duas  começaram a recobrar os sentidos

" B... Berta nos perdoe a gente só queria saber pra onde vocês iriam, não fizemos por mal "

Os dois começaram a se curvar na minha frente, senti um déjavu ao ver essa cena eles estavam se comportando igual aos sonserinos que me pediram desculpas, olhei para o Tom e ele estava calmo com toda aquela situação

Quebra no tempo

Quando chegamos em casa com as crianças em nossos calcanhares todos pareciam muito preocupados

" Aonde vocês estavam ?!"

Minha mãe começou a nos interrogar antes mesmo que pusessemos um pé dentro de casa

" Eu e a Berta fomos até uma loja aqui perto e as crianças nós seguiram "

O Tom respondeu com a maior naturalidade do mundo ele até parecia uma criança normal e ingênua, meus pais se entreolharam e depois dirigiram sua atenção para minha tia com o chapéu engraçado

" Você nos disse que nossos filhos tinham levado os seus pra passear "

Minha mãe começou andando lentamente até minha tia com uma expressão assustadora no rosto, meu pai que sempre estava calmo também ficou bravo de repente e começou a andar ao lado da minha mãe

" Você até acusou nossos filhos de terem assustado os seus "

Meu pai falou calmamente com uma voz penetrante ( mas não deixa de ser verdade que o Tom realmente atacou as crianças)

" ... O que é isso, ele nem mesmo é filho de vocês de verdade, vão fazer confusão por causa de uma criança que nem mesmo é de vocês "

Prendi a respiração ao ouvir isso, o Tom que estava ao meu lado começou a tremer não sei dizer se ele estava com raiva ou magoado, o ar ficou sombrio meus pais estavam ao ponto de pular no pescoço da minha tia

" Saia daqui agora, e fale prós outros pra irem embora não precisamos da opinião de vocês sobre como criar nossos filhos, mesmo que ele não seja o nosso filho de verdade ele vale mais do que todos vocês juntos, não preciso da aceitação de vocês sobre esse assunto "

Meu pai falou isso com a voz mais fria do mundo, após ele terminar de falar consegui respirar novamente algo que eu pensei ter esquecido

E foi assim que todos os parentes foram embora de casa deixando nossa família com um total de 4 pessoas novamente, pelo que eu entendi eles vieram aqui apenas para interrogar os meus pais sobre a adoção do Tom pelo jeito eles ficaram indignados por meus pais terem acolhido o Tom sem pedir a opinião da família, o único que não foi espulso de casa foi o meu tio Carlos que apoiou plenamente a decisão dos meus pais mas por ter assuntos no trabalho ele também foi embora

O incidente com as crianças aos poucos foi deixando minha mente, pois eu já tinha uma ideia do porque o Tom os atacou, naquele mesmo dia mais tarde decide fazer uma pergunta ao Tom, a pergunta que iria definir o que ele realmente pensava sobre a nossa família, achei ele sentado no sofá lendo um livro que ele tinha pegado da minha mochila( o que tinha se tornado um hábito pra ele) me sentei ao seu lado e sem encarar seu rosto fiz a pergunta que estava me corroendo por dentro

" Tom... Você ama os nossos pais e eu ?"

Ao ouvir a pergunta ele me olhou por cima do livro

" ... Bem, eu não desgosto de vocês "

Nunca vi o Tom demorar tanto tempo pra responder uma pergunta o que poderia significar que ele realmente gostava da nossa família

Como salvar um vilão?Onde histórias criam vida. Descubra agora