Maresia

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A rainha tinha uma mão pesada, constatou Lynae. Vergões vermelhos no formato dos dedos de Emilie marcaram seu rosto dez minutos após o tapa, latejava incessantemente.

Lynae demorou muito para dormir. Em parte por ter recebido um tapa da rainha, em parte porque Ryland certamente não desistiria da tal mulher que amava, em parte porque o povo grão-francês parecia discordar veemente com o casamento e também porque era difícil dormir com o rosto latejando de dor.

Porém, lá pelas três e pouco da manhã, Lynae acabou adormecendo, vencida pelo cansaço.

Quando acordara, não encontrou nenhuma marca do tapa que levara. Exatamente como esperava.

Outra questão que a atormentou naquele momento. O quão baixa a popularidade dela ficaria se as pessoas descobrissem o que ela era? Como Ryland reagiria? Pior, como a rainha reagiria? Se descobrissem, certamente não haveria mais casamento.

O dia amanhecera dublado, com uma forte ventania fria vindo do mar. Obrigado dia, por refletir meu humor, pensou Lynae.

Ela se vestiu com uma saia longa preta e uma blusa de manga cumprida e larga verde clara. Deixou seu cabelo negro solto, as mechas onduladas e levemente armadas cobrindo suas costas, feito uma capa. Havia uma tiara simples e fina enfeitando sua cabeça, era dourada e possuía pequenas perolas brancas enfeitando a haste metálica de ouro.

Lynae foi para a mesa de café da manhã com a maior quantidade de dignidade e coragem que reuniu para olhar pra cara da rainha e de Ryland. Nunca, em toda sua vida, sentira tanta vontade de bater em duas pessoas, como sentia quando pensava neles.

A mesa do café da manhã ficava em uma parte coberta do jardim, vidros protegiam o ambiente dos ventos que voavam do mar em direção ao castelo, mas deixavam a luz cinzenta iluminar o local.

A enorme mesa retangular estava enfeitada por diversas comidas como, ovos mexidos, presunto, queijo, frutas coloridas, sucos, café e leite. A rainha normalmente se sentava na extremidade da mesa, de cada lado dela ficavam o rei e a rainha de Snöland, seguidos do pai e da mãe de Lynae, depois Mitchel, Oliver de frente pra ele, Edward ao lado de Mitchell e Louise em frente a ele, Ryland de frente para Lynae e Steven de frente para Katie, depois Anneli.

Porém, naquele dia, felizmente para Lynae, nem a rainha e nem Ryland estavam à mesa, provavelmente tratavam de algum assunto político ou coisa assim.

Um suspiro involuntário de alivio escapou de sua boca.

– Ei. Psiu... – Anneli a chamou, colocando a mão em forma de concha ao lado da boca, sussurrando em seguida: – Como foi com o Ryland?

– Vamos nos casar. Como o previsto. – Lynae falou mais friamente do que pretendia.

Você nunca amou ninguém assim? A voz de Ryland ecoou em sua cabeça.

Não, jamais tinha amado alguém assim e aquela pergunta fez ela entender que não compreendia Ryland. Estava com tanta raiva, que sequer parou pra pensar em como seria horrível amar alguém e ter que se casar com outra pessoa.

A culpa é dele, ela tentou se convencer. Ele que cavou a própria cova ao se apaixonar por outra pessoa.

Mas Lynae duvidou que Ryland sequer escolheu isso pra ele. Obviamente não controlamos por quem nos apaixonamos.

– Anne, você já amou uma pessoa? Digo, romanticamente falando.

– Você sabe que não. Já tive duas paixões, mas não foi nada assim, entende? Por que a pergunta repentina?

– Nada. Só curiosidade mesmo – Lynae fingiu indiferença.

Lynae estava voltando para seu quarto e como sempre, Axel e Erik estavam postados ao lado de sua porta. Ela se perguntava quando eles dormiam, comiam e descansavam, porque eles sempre pareciam estar ali na mesma posição.

A Rainha da NeveOnde histórias criam vida. Descubra agora