Isso é loucura.
Essa era a única frase que rodeava minha mente com continuidade, enquanto me encarava em frente ao espelho. Tomei um bom banho depois do almoço, lavei o cabelo e tentei me arrumar o mínimo possível. Minha consciência me impedia de me produzir muito,afinal eu estava comprometida e não havia o porque me preocupar com o que aquele garoto pensava. Mas eu me preocupava,infelizmente. Me preocupava se minha franja parecia oleosa, ou se meu vestido verde pastel parecia muito fosco. Meus olhos me examinavam detalhes após detalhes, e me impedi diversas vezes de passar alguma maquiagem ou botar um brinco sequer. Aquilo me parecia errado de diversas formas, mas não pude me impedir de pegar um ônibus até o residencial simples do outro lado da cidade. Assim que adentrei o pequeno prédio, caminhei até encontrar o número de quarto correto. O que deixava tudo ainda mais estranho, porque ele não alugava um apartamento ao invés de um quarto?.
Levei minha mão até a porta de madeira, batendo na superfície usando o punho e ouvindo passos do outro lado. Agora não tem mais como correr. A porta de abriu rapidamente, e Theo apareceu logo a frente. Os cabelos estavam soltos e meio úmidos, e ele usava uma camisa branca que contrastava perfeitamente com a pele escura. Parecia sério, mas os olhos brilhavam e estavam cravados em mim. As tatuagens que estampavam o braço direito estavam amostra pela camisa de mangas curtas, e se mostravam em uma quantidade muito maior do que eu havia imaginado. Meus olhar teve de se desviar dali quando o mais velho abriu passagem para que eu entrasse, ainda em silêncio. Assim que adentrei o quarto, o cheiro de colônia masculina e inundou o meu olfato, mesmo que eu estivesse consideravelmente longe dele.
- Pode se sentar.
Sugeriu ele de forma gentil,mesmo que sua voz fosse mais grave do que me lembrara antes. Voltei meus olhos para uma pequena redonda de madeira, que tinha apenas duas cadeiras. Me dirigi até uma dela, me sentando e arrumando meu vestido. Meus olhos seguiram seus movimentos,até que ele estivesse sentado a minha frente. Pelo menos essa distância parece segura. Por longos segundos,apenas nossas respirações podiam ser ouvidas e o quarto parecia silencioso até demais.Respirei fundo,tomando a coragem necessária.
- Me desculpe por ter sugerido nos encontrarmos aqui. - Comecei, tentando tirar meus olhos dos dele. - A cidade é muito pequena, e com certeza haveriam alguns boatos se nos vissem juntos. Achei que aqui teríamos mais privacidade. Eu sinto muito se soou tão evasivo.
Um pequeno sorriso tomou o seu rosto.
- Tudo bem, eu não me importo e nem me incomoda. - Seu semblante voltou a seriedade. - Mas porque se incomoda tanto com boatos?.
Permaneci em silêncio. Meus lábios não conseguindo proferir uma única palavra,e meu estômago se revirando com brutalidade.
- Acha que seus pais poderiam descobrir ? - Continuou ele, os olhos tentando decifrar meu silêncio. - Acha que eles ainda ficariam incomodados.
Balancei a cabeça negativamente, não podia acumular mais mentiras.
- Não Theo. - Engoli seco. - Eu estou em um relacionamento.
A quaisquer outros olhos, ele não havia movido um músculo. Mas eu pude notar as sobrancelhas tremendo um pouco, os olhos se desviando de mim para focarem na mesa ,em que ele agora apoiava os braços, e a boca se entre abrindo minimamente.
- Entendi. - Declarou baixo. Voltando a fitar arduamente meus olhos. Por que eu estava quase chorando?. - E você não quer que ele saiba que está comigo.
- Não é exatamente isso. - Expliquei. Dando de ombros e sentindo o nó de choro se formar na minha garganta. - Só não sei que relação ele pensaria que temos.
Ele riu em seco.
- E que tipo de relação você quer ter comigo?
Indagou ele.
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Conectados
RomanceLilia,como a maioria dos adolescentes,tinha encontrado seu primeiro amor pela internet quando tinha seus 17 anos. Mas com o fim daquilo, a garota se sentia pronta para viver um amor mais fácil, com menos mensagens de texto e distância. Dois anos s...