A paixão, um dos sentimentos mais nocivos e dilaceradores da raça humana. A paixão beira a beber veneno, o liquido quente e entorpecente se alastrando por cada veia e célula sanguínea. Pouco a pouco, seus sentidos não funcionam, e nada do que você vê, ouve ou sente é confiável. Nada é totalmente real, porque a paixão nos faz cegos, mudos, surdos e totalmente imóveis.
Poucas paixões evoluem , justamente porque é uma fase supérflua, quando comparada ao amor. A paixão faz borboletas e arrepios aparecerem, mas consequentemente, faz o raciocínio humano definhar.
E baseando-me em todos os romances inebriantes que li, nunca fui apaixonada por Lucas. Com ele não se tratava de emoção, mas de razão. Nós enxergávamos as coisas com clareza desde o inicio, e nos interessamos um pelo outro de forma consciente. Ele era prático, e eu, era esperta o suficiente para saber o tipo de pessoa com quem deveria me envolver. Nos entendíamos bem, gostávamos da companhia um do outro e tínhamos mentalidades parecidas.
E eu o amava, nutrindo um carinho enorme por ele. E isso bastava, como bem sabia que era exatamente, o que o mantinha satisfeito também. Os toques não faziam cargas elétricas percorrerem minhas veias, mas não me desagradavam, pelo contrário. Me faziam sentir cuidada e confortável. E isso bastava.
Paixões não mantinham bons casamentos, mas carinho e lógica sim.
- Os projetos estão incríveis.
Comentou Lucas, enquanto lavava os pratos da janta.
- Você nunca me mostra seus desenhos. - Rebati em um tom brincalhão de magoa. - Nunca sei que prédios meu namorado ajudou a construir.
- Me desculpe. - Ele riu. - Ando tão preocupado com eles no trabalho, que preciso esquece-los quando estou em casa.
- Você não os deixa em casa?
- Eu os deixo no meu apartamento sim. - Deu de ombros, sorrindo doce ao me ver encostar na pia para conversarmos mais de perto. - Mas as vezes ele parece uma extensão do escritório, não me sinto relaxado lá.
- Mas se sente aqui? - Questionei, vendo-o assentir tímido. - Irônico, já que esse apartamento é literalmente do tamanho da sala de estar da casa em que você cresceu.
- Nem era tão grande assim.
Franzi o cenho.
- Você é modesto.
O rapaz balançou a cabeça desdenhando, enquanto terminava de limpar a pia, perfeitamente, como de costume.
- E você precisa comer mais legumes.
Revirei os olhos com o comentário.
- Não comece de novo.
Resmungo de mal humor.
- Por favor coma mais legumes Lia. Você disse que ia tentar.
- Eu detesto beterraba, você sabe que isso não é negociável.
- Mas você nem tocou nas cenouras, qual é a sua desculpa?
- Por que você implica tanto com isso?
Ele seca as mãos cuidadosamente, antes de se colocar a minha frente, abraçando minhas costas e nos unindo.
- Quero que fique saudável, e é só isso. - Lucas depositou um selar delicado na ponta do meu nariz. - Hambúrgueres não fazem coisas muito legais no nosso corpo.
Me forcei a sorrir.
- Eu entendo, mas não gosto de me sentir pressionada a isso. - Rio com humor. - Me sinto uma criança outra vez.
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Conectados
RomanceLilia,como a maioria dos adolescentes,tinha encontrado seu primeiro amor pela internet quando tinha seus 17 anos. Mas com o fim daquilo, a garota se sentia pronta para viver um amor mais fácil, com menos mensagens de texto e distância. Dois anos s...