Capítulo13

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      A paixão, um dos sentimentos mais nocivos e dilaceradores da raça humana. A paixão beira a beber veneno, o liquido quente e entorpecente se alastrando por cada veia e célula sanguínea. Pouco a pouco, seus sentidos não funcionam, e nada do que você vê, ouve ou sente é confiável. Nada é totalmente real, porque a paixão nos faz cegos, mudos, surdos e totalmente imóveis.    

    Poucas paixões evoluem , justamente porque é uma fase supérflua, quando comparada ao amor.  A paixão faz borboletas e arrepios aparecerem, mas consequentemente, faz o raciocínio humano definhar. 

    E baseando-me em todos os romances inebriantes que li, nunca fui apaixonada por Lucas. Com ele não se tratava de emoção, mas de razão. Nós enxergávamos  as coisas com clareza desde o inicio, e nos interessamos um pelo outro de forma consciente. Ele era prático, e eu, era esperta o suficiente para saber o tipo de pessoa com quem deveria me envolver.  Nos entendíamos bem, gostávamos da companhia um do outro e tínhamos mentalidades parecidas. 

    E eu o amava, nutrindo um carinho enorme por ele. E isso bastava, como bem sabia que era exatamente, o que o mantinha satisfeito também. Os toques não faziam cargas elétricas percorrerem minhas veias, mas não me desagradavam, pelo contrário. Me faziam  sentir cuidada e confortável. E isso bastava.

 Paixões não mantinham bons casamentos, mas carinho e lógica sim. 

- Os projetos estão incríveis. 

Comentou Lucas, enquanto lavava os pratos da janta.

- Você nunca me mostra seus desenhos. - Rebati em um tom brincalhão de magoa. - Nunca sei que prédios meu namorado ajudou a construir.

- Me desculpe. - Ele riu. - Ando tão preocupado com eles no trabalho, que preciso esquece-los quando estou em casa. 

- Você não os deixa em casa?

- Eu os deixo no meu apartamento sim. - Deu de ombros, sorrindo doce ao me ver encostar na pia para conversarmos mais de perto. - Mas as vezes ele parece uma extensão do escritório, não me sinto relaxado lá. 

- Mas se sente aqui? - Questionei, vendo-o assentir tímido. - Irônico, já que esse apartamento é literalmente do tamanho da sala de estar da casa em que você cresceu. 

- Nem era tão grande assim. 

Franzi o cenho.

- Você é  modesto.

O rapaz balançou a cabeça desdenhando, enquanto terminava de limpar a pia, perfeitamente, como de costume.

- E você precisa comer mais legumes.

Revirei os olhos com o comentário.

- Não comece de novo.

Resmungo de mal humor.

- Por favor coma mais legumes Lia. Você disse que ia tentar.

- Eu detesto beterraba, você sabe que isso não é negociável.

- Mas você  nem tocou nas cenouras, qual é a sua desculpa?

- Por que você implica tanto com isso?

Ele seca as mãos  cuidadosamente, antes de se colocar a minha frente, abraçando minhas costas e nos unindo.

- Quero que fique saudável, e é só isso. - Lucas depositou um selar delicado na ponta do meu nariz. - Hambúrgueres não fazem coisas muito legais no nosso corpo. 

Me forcei a sorrir. 

- Eu entendo, mas não gosto de me sentir pressionada a isso. - Rio com humor. - Me sinto uma criança outra vez.

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