Conectados

Capítulo 10

- Que horas são?

   Questionei, piscando os olhos e saindo daquele transe momentâneo. Eu Precisava sair de perto dele urgentemente.

- O-o que?  - Theo olhou em direção ao celular que estava ao seu lado no chão, e checou o horário. - São quatro horas.

   Só haviam se passado algumas horas desde que ele tinha me ligado, e depois de comer algo,instantaneamente  corri para minha cama e fiquei fitando o teto por uma hora, até  tomar coragem de me  arrumar.  E, de um momento para o outro, estava sentada no chão ao lado do meu ex namorado virtual da adolescência. 

- Entendi.

Sussurrei. Sentindo minha voz por um fio de repente.

- Sei que o cenário é meio esquisito. - Confessou ele, dando de ombros e olhando ao redor. - Mas estou feliz por te ver.

- Eu também estou contente.

Menti descaradamente,enquanto fitava o chão simples de madeira. 

- Você está tão crescida e conseguindo tudo que sempre quis. - Suspirou ele, de uma forma satisfeita. - Me sinto um velhinho orgulhoso, como se tivesse te visto crescer, pelo menos um pouco.

Olhei  para o rosto terno de escanteio.

- A diferença de idade entre nós nem é tão grande assim.

- São dois anos. - Argumentou ele, fazendo um orgulho fingido. - Eu já tinha me formado quando você estava no segundo ano mocinha.

Bobão.

- Seus argumentos são tão falhos. - Retomei meu raciocínio inicial,balançando a cabeça levemente. -  E eu estou orgulhosa de você também,mas preciso ir agora.

Me levantei com cuidado,anda sentindo minhas pernas meio bambas, e caminhando alguns passos para a porta.

- Certeza? - Não. - Nem conversamos direito, me conta sobre o seu namorado. Me conta sobre a sua faculdade, me conta sobre o gatinho que você sempre quis adotar, mas por favor conversa comigo.

Gelei,sentindo minhas pernas pararem de funcionar de imediato.

- Eu não sei  se você deveria mesmo saber, sobre todas essas coisas. - Argumentei,ainda de costas para Theo, que já havia se levantado do chão. - Estou meio sem jeito de conversar com você sobre como tudo está agora.

- Eu não quero que pense tanto. - A voz grave soou um pouco mais baixa, antes de retomar o seu raciocínio. - Só quero conversar com você, e te entender, eu senti saudade de você Lilia.

- Eu também senti. - Sussurrei, antes mesmo de minha consciência tentar me conter. - Mas estou tão triste por você ter vindo até aqui, ter se esforçado tanto. Para no fim das contas ,não conseguir ter  o que veio buscar.

- Você?

- Sim. - Suspirei rendida, sem coragem de virar e encara-lo como deveria. - Eu realmente sinto muito.

- Eu estou feliz, porque você está aqui. - Ele riu fraco. - Então consegui o que queria, eu encontrei você. E mesmo que esteja apaixonada por outra pessoa, ainda é a melhor amiga que eu já tive.

Pude ouvir alguns passos pesados, mas quando estava a certa distância de mim, pude sentir que ele recuou um pouco, e que mantinha uma distância  respeitável.

- Você também é o meu melhor amigo Theo.

Sorri sozinha, me sentindo muito mais confortável de repente.