E eu não tinha uma resposta. Não uma resposta concreta e certeira, apenas sabia que não queria o perder. Não queria tê-lo longe de mim nunca mais, não queria sentir a distância palpável entre nós de novo. Entre abri os lábios na tentativa de responde-lo, mas o nó que se formava tão rapidamente me minha garganta não me permitia. Aos poucos pude sentir que explodiria em lágrimas a qualquer minuto, meus lábios se esforçavam para conter um soluço e minha visão embaçava aos poucos. Minhas mãos se entrelaçavam acima do colo, ambas se apertando com a força máxima que tinham,fazendo com que o nó dos meus dedos ficassem brancos. Podia sentir um suor gelado percorrer minha coluna, e uma sensação horrível de desconforto atingido meu peito.
Baixei meus olhos dos dele, fitando minhas mãos se apertando continuamente,apática por aquela dor. Um soluço violento saiu pela minha garganta, o qual eu havia me esforçado tanto para que sumisse.
- L-lilia?
A voz grave soou do outro lado da pequena mesa, e seu tom havia decaído.
As lágrimas rolavam uma atrás da outra ,encharcando meu rosto por completo, sem controle algum. Podia ver de forma embaçada meu vestido repleto de pinguinhos molhados, e sentir meu corpo balançar um pouco pela forçar com que soluçava. Quanto mais tentava conte-los, mais doíam a sair pela minha garganta. Minha boca já estava seca, meus olhos já ardiam, e não fazia nem um minuto que meu choro tinha começado.
Ouvi passos, até que senti seu corpo se agachar ao meu lado. E mesmo que ele não me tocasse, ou nem estivesse tão perto, pude sentir o cheiro de colônia e caramelo. Pude sentir meu corpo um pouco menos tenso, e os soluços menos doloridos. Uma de suas mãos pousou sobre as minhas costas,e um calafrio percorreu toda minha coluna.
- Não chora. - Começou o moreno. - Vamos conversar e vai ficar tudo bem.
- N-não - Gaguejei,sentindo um outro soluço choroso se arrastando pela minha garganta. - As coisas não vão ficar bem. Vou decepcionar você e seu coração vai se partir de novo por minha causa!
A mão quente em minhas costas fez mais um movimento em tentativa de me reconfortar, mas só pude sentir mais lágrimas virem ao sentir mais um pouco do toque dele. Eu esperei tanto por isso, sonhei tantas noites quando poderia toca-lo de verdade e agora simplesmente não posso.
- Não vai não. - Assegurou ele,aproximando-se mais, até seus rosto estar um pouco abaixo do meu. - Você não partiu meu coração nem uma ver sequer, e não poderia parti-lo nem se quisesse.
Virei meu rosto em sua direção,sentindo o choro ficar mais leve. Minha visão ainda meio embaçada pode distinguir as sombras,formatos e cores perfeitas do rosto do moreno. Assim que minha visão se normalizou, pude ver perfeitamente as sobrancelhas escuras franzidas em preocupação.
- E-eu sinto muito. - Me forcei a dizer. - Nunca pensei que pudéssemos nos encontrar,ainda mais depois de tudo aquilo.
Seu semblante continuou o mesmo, mas ele balançou levemente sua cabeça, em sinal para que eu continuasse.
- Tenho um relacionamento de quase três anos. Porque pensei que nunca poderíamos nos encontrar depois da encrenca em que se meteu por minha causa. - Uma lágrima salgada percorreu o meu rosto, e logo outras a acompanharam também. - D-desculpa.
Então essa era a verdade. A verdade nua e crua.
Eu não estava buscando um relacionamento por acaso, estava buscando qualquer coisa que me fizesse esquecer do Theo. Qualquer escape que poderia ter, para esquecer de toda aquela confusão. E depois, a longo prazo prendi a amar outra pessoa, de uma forma diferente. Tudo em Lucas era o oposto de Theo, a cor da pele, o corte de cabelo, as feições e até os costumes. De início,naquele tempo, não planejava esquecer Theo me afundando em outra pessoa. Mas a longo prazo, meu cérebro me esclarecia, que talvez tivesse um dedo disso naquela história.
O que me tornava alguém ainda mais cruel,egoísta e manipuladora. Mesmo que eu nunca tivesse pensado nisso direito.
Theo se levantou do chão em que estava agachado, e me abraçou como pôde. Os braços fortes e expostos enlaçaram o meio das minhas costas, e todo meu corpo parecia soltar fogos de artifício. Senti meu rosto arder, e um arrepio percorrer meu pescoço.
Minha pressão estava caindo?
- Não peça desculpas por isso. - Disse ele, a voz grave soando perto da minha orelha. - Você fez o que precisava ser feito pra que fosse feliz. Não posso exigir nada de você Lilia, porque eu não estava aqui. Desculpa ter te colocado nessa situação.
Levei minhas mãos ao redor dele como pude. Sentindo o tecido macio da camisa de algodão e a o aconchego do abraço dele.
- Eu não sei o que fazer agora. - Admiti finalmente, sentindo a segurança que tinha ao conversar com ele. - Nada parece sólido, as coisas desabaram de repente, e eu me odeio por te feito tudo isso.
- Você não fez nada. - Suspirou ele. - Não se cobre tanto fulô, as coisas vão se resolver.
Fulô, ou de forma traduzida, flor. Tinham sido poucas as vezes, que ele se referia a mim dessa maneira. Raramente Theo me chamava por algo além do meu nome,porque segundo ele, "era perfeito por si só". Mas quando me apelidava,sempre usava termos e palavras relacionadas a flores ou plantas.
- Como tudo poderia se resolver? - Indaguei amarga. - Alguém vai sair com o coração em destroços de qualquer maneira.
Ele me soltou, e agora estava em pé ao meu lado com os braços cruzados. Pude ouvir uma risada contida da parte dele.
- Isto soa engraçado para você?
Questionei ao moreno,vendo-o sorrir ladino.
- Nada disso, apenas acho sua cara de choro engraçadinha. - O maior deu de ombros. - Seu rosto fica todo inchado e vermelho.
Idiota.
- Como se a sua cara de choro fosse muito melhor. - Rebati. Rindo um pouco ao me recordar. - Talvez você tenha amadurecido, mas antigamente chorava igual a um bebê.
Ele semi serrou os olhos ainda sorrindo.
- Sua monstrinha. - Ele apontou o dedo indicador na direção do meu rosto úmido pelo choro anterior. - Rindo das fraquezas alheias sem nenhum remorso. Nem parece que fala enquanto dorme.
Me contive para não gargalhar.
- Ei foi só uma vez!
- Foram dezenas.- Admitiu ele. - Eu só ficava com dó de te contar.
Sorri ao relembrar a fonte dessas memórias, as chamadas de vídeo. Continuamente um de nós acabava dormindo nessas ligações. E mesmo que isso fosse péssimo para nossa rotina de sono, dormir ouvindo a voz um do outro se tornou um vício nosso.
- Pelo menos eu não ronco!.
Rebati. Vendo o mais velho fingir uma expressão de ultraje.
E quando havia me dado conta, meu rosto estava seco e minhas bochechas doíam de tantas gargalhadas consecutivas.
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Conectados
RomanceLilia,como a maioria dos adolescentes,tinha encontrado seu primeiro amor pela internet quando tinha seus 17 anos. Mas com o fim daquilo, a garota se sentia pronta para viver um amor mais fácil, com menos mensagens de texto e distância. Dois anos s...