CAP - 1

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   Diego

 Diego era um garoto nada comum, gostava do silêncio e de ficar sozinho em cima de sua casa à noite. O garoto sentava-se em um canto qualquer do sótão de sua casa e ficava encarando a lua e as estrelas por várias horas, com um caderno e uma caneta. Sua casa tinha dois andares, mais o sótão, o lugar onde passava a maior parte do seu tempo. Tinha uma janela redonda por onde conseguia ver nitidamente o céu. Diego tinha uma imaginação um tanto quanto fértil. 

 Diego tinha apenas 16 anos, mas era um adolescente bastante maduro e muito calculista. Tinha uma auto estima indubitável e apesar de passar muito tempo sentado sozinho, pensando em sabe-se Deus o que, era bastante conhecido, mais do que gostaria. 

 Ultimamente Diego andava bastante pensativo, mais do que de costume, pensava bastante em seu pai, não que não pensasse normalmente, o problema é que já tinha uma semana que o garoto não parava de pensar na morte de seu pai. Poderia ter sido uma notícia que vira na tv a noite sobre um acidente de carro? Talvez. 

 Seu pai era um homem bastante robusto e bruto, mas extremamente gentil, o rapaz faleceu quando Diego tinha apenas 13 anos em um acidente, no mínimo estranho. A perícia acusou falha mecânica, mas o Corolla preto tinha saído do mecânico, dois dias antes do acidente, Carlos voltava para casa depois do serviço. Ele trabalhava como contador para uma empresa grande, a National Yura, que vendia aparelhos eletrônicos no geral, de celulares a computadores. Nesse dia, o homem de 38 anos, saiu meia hora mais cedo do que o costume. O rapaz parecia aflito com alguma coisa e saiu às pressas do serviço. Carlos havia feito uma ligação para sua esposa um tanto quanto incomum, mas acabara por não explicar à esposa do que se tratava, dizendo que assim que chegasse em casa explicava tudo. O jovem pai, fazia o caminho costumeiro para sua casa, ansioso para ver o filho e sua mulher. 

Carlos era um homem muito correto, andava sempre na velocidade que a via lhe permitia, mesmo com pressa para chegar em sua casa, portanto não poderia ser culpa de alta velocidade pelo que iria acontecer mais à frente. Quando o rapaz se aproximou de um cruzamento, pisou no freio, mas por algum motivo seu corpo não obedeceu seu comando, o carro não parou. O corolla parecia uma criança mimada que não queria escutar ninguém e fez tudo como quis. Carlos se assustou, mas não à ponto de ficar apavorado, até porque não deu tempo. O carro do senhor Carlos foi jogado para fora da pista com violência por alguma caminhonete que estaria em alta velocidade, ao ponto do carro dar perda total. O motorista anônimo teria fugido sem prestar socorro, pelo menos foi essa a explicação dada pelo delegado Jonathan Miller. 

O jovem pai de Diego ainda se mantinha  consciente, mas com as duas pernas quebradas, o braço esmagado e quase todas as costelas fraturadas, pensava na família que aguardava sua volta para casa, e se lembrava do sorriso de seu filho que sempre o perguntava como tinha sido seu dia, mas não demorou muito para Carlos começar a perder a consciência e soltar um sussurro antes do último suspiro 

É Diego, vou ter que deixar tudo por sua conta. 


 As costelas de Carlos tinham apenas trincado, a não ser por uma, a que perfurou seu pulmão. O saco de carne trucidado no meio do resto do carro, foi achado quase uma hora depois por um casal que voltava de viagem e por acaso passava por aquela rua. O cadáver em meio aos destroços, por incrível que pudesse parecer, sorria! 

 A notícia abalou bastante a família, principalmente o jovem Diego, pois ele e o pai eram indescritivelmente ligados um ao outro. O acidente acabou fazendo com que aquele garoto feliz e gentil, se tornasse frio e muitas vezes vagasse sem rumo em seus próprios pensamentos. 

 Na escola, depois do ocorrido, o garoto ainda tirava as melhores notas, mas se mantinha na maioria das vezes mais recluso, sentado em algum canto lendo ou apenas olhando para cima pensando em sabe-se lá o que. Diego realmente não queria chamar atenção de ninguém, mas era quase impossível tendo em vista que o garoto era o capitão do time de basquete da escola. Depois do acidente de seu pai, o garoto já não tinha tanto gosto para os jogos e acabou abrindo mão da posição, deixando a liderança com Matheus Evans, um amigo de longa data, e participava de alguns jogos apenas para manter a nota na escola. 

Signos: Uma História Não ContadaOnde histórias criam vida. Descubra agora