CAP 4 - SONHO OU VISÃO?

61 14 142
                                    

O sinal indicou o final das aulas naquele dia e Diego não se apressou em sair, esperou pela amiga que acabava de guardar os livros e cadernos na mochila.

Diego se escorou na mesa da professora e ninguém mais além dos dois, estava na sala, Jessy se atrasou pois ainda estava copiando uma matéria que a professora tinha passado, ela sempre se atrasava. Diego se encostou na mesa da professora e observava a amiga, enquanto ela focada no quadro, copiava, ele achava até engraçado o jeito desengonçado e atrapalhado da amiga. Foi quando as luzes dos olhos castanhos cor-de-mel do garoto, foram subitamente tiradas de sua posse, quase que o garoto foi ao chão, estava meio trêmulo e com uma das mão em sua perna tentando apoiar seu tronco pesado que, tal qual uma criança, balançava-se de um lado para o outro, e a outra mão tapava seu olho direito, enquanto sua amiga vinha o mais rápido que pode, assim que percebeu que havia algo de erado, para tentar ajudar em algo, mas apenas pôde se ajoelhar do lado do amigo e segura-lo em seus braços, evitando que ele caísse.

Jessy deitou-o na mesa da professora, mas Diego já se encontrava desacordado e inerte sendo amparado apenas pela amiga.

Fazia mais ou menos dois ano e meio quando esses apagões começaram a acontecer com Diego, mas mesmo os médicos disseram que nada estava de errado com o garoto, que deveria ser apenas estresse pós traumático, devido a perda de seu pai. A mãe de Diego não se preocupou tanto, depois que o terceiro médico constatou que não havia nada de errado e que poderia ser apenas stress e sobrecarga de informações, tendo em vista que o filho estava sempre lendo, estudando ou pesquisando algo e que ia dormir sempre tarde, Mary simplesmente parou de leva-lo aos médicos. Mas nos últimos meses os apagões estavam mais intensos.

Geralmente os apagões não duravam mais do que três ou quatro minutos e Diego não lembrava de nada além de uma escuridão profunda, mas dessa vez foi diferente, pela primeira vez parecia que o garoto estava lúcido em seu próprio sonho.

-Estou sonhando? Não, eu conheço esse lugar, é Cristal!

Diego estava em uma rua cobertas por Ipês amarelos, de um lado e de outro da rua, e de fora de uma casa, que o garoto não lembrava de onde conhecia, brincava uma menina de mais ou menos 5 ou 6 anos. A pequena garotinha de cabelos lisos e meio dourados, estava olhando fixamente para o garoto e parecia falar alguma coisa porem Diego não conseguia entender palavra alguma -Porque eu não lembro, Merda -Xingou o garoto ainda tentando se lembrar -Essa cidade é minúscula e eu jamais esqueci de nada. Sim com certeza é um sonho! -Concluiu o garoto

Diego se convenceu que aquilo não passava de um sonho, talvez, misturado com alguma lembrança, e enquanto se distraia tentando entender o que estava acontecendo, começou a caminhar na direção da pequena garota, mas tudo ao seu redor foi ficando cada vez mais neblinado e por mais que o garoto avançava na direção da pequena, era como se não saísse do lugar, a distância entre os dois não diminuía e isso foi causando uma espécie de impaciência e aflição em Diego.

-O que você quer comigo? Eu não estou escutando.

A garota murmurou alguma coisa enquanto mantinha seus olhinhos fixos em Diego, mas um estrondo muito alto tomou conta de todo o espaço que o garoto estava. A neblina estava mais densa e ventos fortes faziam com que o garoto mal conseguisse ficar de pé. Finalmente uma voz meiga e calma, em meio a todo o caos foi ouvida por Diego.

- Sua hora está chegando garoto espero que você seja digno.

Neste momento a imagem da garota, que já estava quase imperceptível pelo garoto, desapareceu de vez e com ela toda as rua deixando apenas um escuro absoluto enquanto lá no fundo surgia dois pontos vermelhos em um formato de olhos felinos que cresciam cada vez mais e junto com os olhos uma boca com dentes afiados que vinham em sua direção ferozmente. Diego tentou se proteger com os braços e escutou seu nome sendo chamado bem longe.

Signos: Uma História Não ContadaOnde histórias criam vida. Descubra agora