CAP 25- Um Fechamento

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Diego se ajeitou como pôde na maca em que estava, enquanto Jéssyca enxugava as lágrimas de seus olhos vermelhos e cansados.

-Jess, você não devia estar descansando? 

-Sim, mas você não me deixa em paz garoto. -Jéssyca franziu a testa enquanto revirava os olhos. -Mas a verdade, é que fiquei com medo, tive uma sensação ruim, era como se você fosse… -Jéssyca não conseguiu terminar.

-Eu estou bem. Não precisa se preocupar. -Nesse momento, todo o semblante de Diego se transformou em uma imagem mórbida e triste. -Jess, como ela tá?

Jéssyca demorou um pouco para se situar de quem se tratava, mas certamente ele falava de sua mãe. -Ela… ela ainda tá em coma Di.

-É, eu imaginei. -Diego suspirou fundo.

-Di, as meninas…

-Não Jess. -Diego enfurecido, apenas fechou os olhos se recusando a escutar o que a amiga diria em seguida. -Eu senti a pele fria delas, eu não pude… -Diego não conseguiu segurar as lágrimas vindouras.

Jéssyca segurou firme a mão do amigo. A visão das gêmeas sendo levadas, em uma maca dupla, sem pulso, com os olhos fechados e o corpo ensanguentado, foi algo que marcaria para sempre as memórias de Jéssyca. 

-Di, não foi sua culpa, eu deveria ter…

-Ou, será que dá pra não matar a gente antes da hora? -Karrine, com uma voz meio rouca, se manifestou, sendo seguida pela irmã.

Duas figuras apareceram na porta. Cobertas por bandagens, sendo auxiliadas por bengalas e tipoias, as gêmeas, Ketlen e Katrine, surgiram em meio a penumbra causada pela visão embaçada dos dois jovens dentro do quarto. Diego ficou sem reação, afinal, ele havia segurado Katrine nos braços, sentiu seu corpo gelado e a falta dos batimentos, confirmou o rombo no corpo das garotas causado pelo ataque, então quem eram aquelas duas? Não podia ser as gêmeas. Seria uma brincadeira de mau gosto? Seria um truque? Ataque?

-Sim Di, somos nós mesmos. Vamos te contar como sobrevivemos, mas esse tem que ser um segredo nosso viu. Diego foi interrompido por Ketlen, enquanto suas dúvidas ainda perduravam em sua mente fazendo-o ficar cada vez mais atordoado.

Há exatamente nove anos atrás, Ketlen recebeu um sinal do celestial conhecido como Gêmeos, ela foi a escolhida para abrigar o celestial se transformando em seu receptáculo. Sua irmã, Katrine não demonstrou inveja ou algo do tipo, pelo contrário, apesar das duas passarem pelos mesmos treinamentos esperando serem escolhidas, combinaram de que a que não fosse escolhida por um celestial, tornaria-se um dos cavaleiros, assim poderiam continuar inseparáveis como sempre, uma defendendo a outra.

Katrine era uma menina extrovertida, sempre tomava as dores da irmã, que ao contrário, era mais tímida e retraída, tinha medo até da própria sombra. Katrine sempre teve como objetivo principal, proteger a irmã mais nova. Katrine sempre fazia questão de lembrar a irmã que ela era a mais velha, mesmo que por apenas dois minutos de diferença. 

 Talvez a ideia de ser a mais velha tenha feito brotar no coração de Katrine, um sentimento de proteção, de cuidado, enquanto que Katlen sempre se via como a protegida, a irmã que podia contar sempre com sua outra metade. Essa era uma ligação rara mesmo entre os gêmeos. De fato, Katrine sempre esteve protegendo a irmã, mesmo na hora do parto, onde a pequena Katrine, não soltava a mão de sua irmã, mesmo depois de ser cuidadosamente retirada do útero. Era um caso que nenhum dos médicos presentes no dia, já havia visto alguma vez em suas vidas. 

Tendo isso em vista, não fica difícil de imaginar o porque Ketlen, desesperadamente tentou impedir a irmã de fazer o pacto no dia marcado. A menina saltou violentamente na irmã tentando retirar de sua mão o punhal que seria usado para conseguir as gotas de sangue necessárias para o ritual de fusão da alma, da escolhida com seu celestial.

Signos: Uma História Não ContadaOnde histórias criam vida. Descubra agora