O colar

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POV: Natália

Meu coração se acelerou incrivelmente rápido quando identifiquei meu namorado naquele vídeo. Não está agarrado a nenhuma garota, mas me sinto traída da mesma forma. Aliás, ele não estava fora da cidade? Sinto um frio subindo a minha coluna. Ele está na cidade? E sua avó estava realmente doente?

— Amiga – uma voz me tira de transe. – Ele não deveria estar em outra cidade?

— Sim. Com certeza, deveria. – Pego o celular de sua mão e olho o vídeo novamente. – Eu... não consigo acreditar nisso. Ele criou uma grande mentira, para sair escondido? -Logo uma voz no meu subconsciente questiona "Será que hoje foi a primeira vez?" e no olhar da Bruna, vejo a mesma pergunta.

— Para quem te mandou mensagem o dia todo hoje sobre como sentia sua falta, estar em uma festa, não define muito bem isso.

Ainda estou em choque. Será que consigo me mexer?

—Se você quiser a gente vai lá agora! – Bruna diz firme.

—Não, nunca fui de fazer barraco. Não vou chegar a esse nível.

— Você precisa reagir, pergunta onde ele está, agora.

—É de madrugada. – Sei que não é por isso que não quero enviar a bendita mensagem.

—Ele vai mentir. – Bruna murmura exatamente o que eu estava pensando.

—Vai. – Sinto meus olhos arderem e logo seus braços envolvem meu corpo, me puxando mais para perto.

Ainda sinto minha cabeça doer, meu sangue pulsando rápido e pensamentos a milhões.

—Acho melhor eu ir dormir, estou com um pouco de dor de cabeça. – Digo puxando a coberta para cima do meu corpo.

—Você precisa fazer algo.

—Eu não consigo, não agora.

—Você vai ignorar o que a gente acabou de descobrir?

— Não, não estou ignorando. Estou tentando digerir. – Quando fecho os olhos, sinto meus olhos se encherem ainda mais, e logo, meu rosto esquenta com a umidade das minhas lágrimas. Minha amiga se deita ao meu lado, ainda me abraçando apertado.

Talvez seja idiota da minha parte reagir assim, não é como se ele tivesse com outra, mas da mesma forma me senti tão traída. Sempre fui fiel à nossa relação, não só no quesito monogâmico, mas na honestidade também, ele sempre sabia onde e com quem estava. E nunca escondo, pois não tenho motivos para isso. E esses pensamentos me fazem questionar todos os momentos em que ele me dizia estar em um encontro em família ou estudando com alguns amigos ou só jogando vídeo game com o primo. Seria isso verdade? Estaria ele mentindo por todo esse tempo?

Pensamentos vem e vão, mas tento me convencer que nada disso foi culpa minha, será que não estou o satisfazendo o suficiente? Eu sou o suficiente? Essas dúvidas me deixam enjoadas, e no momento em que sinto minhas pálpebras finalmente pesarem, o quarto já está totalmente claro.

POV: Arthur

Passo as mãos nos meus bolsos da calça, procurando por meu chaveiro, abro o portão automático e estaciono meu carro na garagem. Vou direto para o meu quarto, jogo meus pertences na cama e percebo algo brilhante entre minhas coisas, chegando mais perto pego o colar em mãos e sorrio por lembrar de quem estava usando ontem. A Geovana sabe como me levar de volta a sua casa. Mando uma mensagem, como se não estivesse entendido sua jogada.

Depois, vou direto tomar um bom banho frio. A água desce pelo meu corpo, e sinto o pouco álcool que me restava, indo também. Vejo em meu celular e ainda são 7 da manhã, apesar da fome, resolvo tirar um cochilo. Visto um short qualquer e vou me deitar.

O que parecem ser 10 minutos, foram duas horas e acordo com minha barriga reclamando, então decido ir comer algo. Saio do quarto e vou direto para a cozinha.

— Bom dia, mãe. - A cumprimento.

— Bom dia, meu amor. Chegou tarde?

— Na verdade foi bem cedo, cheguei às sete.

— Apesar de não gostar desses seus horários, estava com saudades desse seu humor. – ela aperta minha bochecha ao passar por mim.

— Bom dia. – Minha irmã diz desanimada ao passar por mim. Olho para trás, e não vejo mais ninguém. – Cadê a Lia? – pergunto.

— Dormindo. Ela não passou a noite muito bem.

— Ela ficou doente, minha filha?

— Não, uns problemas pessoais mesmo. – Bruna dá de ombros.

Após devorar o bolo que minha mãe fez, tomar café, e comer uns dois pães, me sinto satisfeito.

— Podemos conversar? - Bruna sussurra em minha direção. Concordo e ela se levanta. – Não vai ser aqui?

— Não, vamos lá no seu quarto. – Ela fala e sai andando, sigo-a.

Abro a porta do meu quarto e ela entra. — Fala logo, quero descansar mais um pouco. Sentada em minha cama, ela recosta na parede e olha para cima e me olha novamente.

— Você pode me mostrar algumas fotos de ontem à noite?

— Ficou babando para sair, né?

— Não, é sério. Me mostra aí, que te explico.

Pego meu celular, e vou em sua direção. Após algumas fotos, a Bruna pergunta se eu conhecia o cara que estava em algumas delas, um de camisa vermelha e boné branco, não me lembro muito dele, mas sei que passou um bom tempo com meu grupo de amigos. Quando a Bruna fala que esse é o namorado da Lia, fico surpreso. Não por ser ele, apesar da beleza mediana e pelo que percebi na festa um péssimo intelecto, mas pelo que ela me conta depois. As mentiras.

Sinto uma onda de raiva, e ao mesmo tempo, dó da Lia. Eu definitivamente não queria que ela tivesse descoberto dessa forma, pelo menos não por mim. De certa forma me sinto culpado.

Meu celular apita ainda ao lado da Bruna.

— Quem é Geovana? Ela falou que é para você ir lá porque ela quer que você coloque nela hoje. – Ela fala com uma careta.

— Não é o que você está pensando.

—Você não sabe o que estou pensando. – Ela arqueia a sobrancelha me desafiando.

—Sai do meu quarto. – Aponto para a porta e ela se levanta da minha cama.

— Talvez você saiba mesmo. – Bruna diz antes de sair com um sorriso malicioso em seu rosto. Reviro os olhos com sua reação, mas não é minha culpa se toda a conversa rumou a essa segunda intenção.

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