A confusa

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POV: Natália

— Vamos logoo - Chamo aos irmãos e me jogo no sofá da sala. Não posso negar que acho uma diversão ir ao mercado, sempre amei fazer compras com meus pais quando era pequena, mesmo ficando chateada por não me deixarem levar o carrinho, já que sempre batia nas prateleiras. Não posso negar que minha coordenação não é das melhores.

— Vamos. - Os dois falam em uníssono descendo as escadas. Bruna pega a bolsa, Arthur pega a chave do carro e coloca o celular no bolso do short. Me levanto, coloco minha bolsa no ombro esquerdo, segurando as chaves da casa com a mão direita.

Rapidamente, o portão automático se abre, Bruna e Arthur entram no carro, tranco a porta da sala e vou para o automóvel também. O carro em uma rápida ré, sai da garagem e logo, estamos a caminho do mercado.

— Tá com a lista? - Arthur me pergunta ao parar na vaga do estacionamento do Supermercado.

— Isso é pergunta que se faça? Claro que sim. - Ele ri com a minha resposta e saltamos do carro.

Avanço para alcançar o carrinho e tenho um pouco de dificuldade para tirar do lugar, confiro se as rodas estão boas e vamos às compras.

Pego meu celular, para ter certeza de que nada irá faltar e cada um que estava ao meu lado, lia algo da lista e saia para pegar, facilitando tudo e aprimorando o nosso tempo.

— Dá um ok nas leites. - Arthur fala ao depositar a caixa no carrinho.

— Ok. - Digo ao colocar as quatro margarinas que estavam em minhas mãos em cima da caixa.

— Check no arroz e açúcar. - Bruna fala colocando os sacos, nos espaços ainda livres do carrinho.

— Mais o quê? - Ela pergunta, mas antes que eu possa responder, seu celular toca. — Um minuto. - Ela fala arqueando uma das sobrancelhas e já entendi o recado.

— O sinal aqui é péssimo, vai lá fora e encontra a gente no caixa, faltam poucas coisas. - Digo para ela e olho para o seu irmão, que está olhando para algo das prateleiras.

— Claro, qualquer coisa manda mensagem. - Ela fala já virando o corredor.

— O que falta? - Arthur fala se aproximando do carrinho cheio.

— Agora só... -  Confiro a lista novamente - Acho que acabamos.

— O que usa para fazer bolo? - Ele pergunta sem me olhar.

— Farinha de trigo, leite, açúcar, ovos... Por quê?

Ele passa os olhos no carrinho — Acho que não temos a farinha de trigo. Estou louco por um bolo, quando minha mãe chegar, vou pedir para ela fazer um.

— É fácil. Você mesmo deveria fazer. - Sugiro.

— Não, sou péssimo nesse negócio de cozinhar. Infelizmente, não fui eu o irmão que pegou o dom da mamãe.

— Nenhum dos dois. - Digo rindo e começo a empurrar o carrinho, com um pouco de dificuldade.

— Precisa de ajuda? - Ele pergunta apontando para o carrinho.

— Não. - A roda trava no mesmo momento. — Talvez. - Retifico rapidamente.

Ele se posiciona ao meu lado e dá um empurrão mais forte no carrinho, no qual a roda gira e volta ao normal. — Pronto.

— Obrigada. - Digo baixinho.

— Vem cá. - Ele me puxa para para o seu lado, e pega a direção do carrinho. — Pode deixar que eu levo.

Quieta, deixo-o tomar o lugar. — Para o caixa? - Ele pergunta já saindo do lugar.

— Para o caixa. - Repito em forma de resposta.

— Bruna ainda está no celular? - Sigo seu olhar que está na sua irmã, na frente do mercado, com o telefone no ouvido, enquanto mexe em uma mecha do cabelo. — Sabe quem é? - Ele pergunta ainda a olhando.

— Não, não perguntei. - Minto.

— Rafael. - Ele fala me pegando de surpresa. Travo e paro de andar. — O que foi? Não precisa fingir que não sabia. - Ele ri tranquilamente e vira o carrinho em direção ao corredor ao lado.

— Não 'to fingindo. Eu 'to surpresa. - Respondo me pondo ao seu lado novamente.

— Se é o que ela quer, não posso fazer nada
- Ele dá de ombros e reparo que estamos no corredor de bebidas.

— Como você sabe? - Pergunto curiosa.

— Tinto ou seco? - Ele pergunta ignorando a minha, enquanto me mostra duas garrafas de vinho.

— Seco.

— Tinto é melhor, mas vou pegar os dois. - Ele pega as garrafas.

— Já pegamos bebida para a festa. - Aponto para o carrinho - Não vai me responder?

— Só venho observando. - Ele volta a andar com o carrinho. — Não fala para ela que eu sei, mas pede para ela tomar cuidado.

— Ok. - Digo hesitante.

— Então... alerta vermelho é? - Ele muda completamente de assunto.

— O quê?  - Questiono confusa, essa conversa está variando demais para que eu possa acompanhar.

— Bruna me falou que estamos em alerta vermelho, tipo, você quase teve uma recaída e ela me falou para não tirar os olhos de você, quando ela não estivesse.

— Não precisa, isso é exagero dela. Sei me controlar. - Falo rindo - E você resolveu seu problema com a Geovana?

— Não. - Ele responde olhando para o carrinho.

— Vai mesmo de parar de falar com o Vitor? - Ele volta o assunto para mim.

— Vou - Falo revirando os olhos.

— Não esquece, que na história de vocês, você é a pessoa incrível. - Ele para o carrinho na fila do caixa, mas não me olha nos olhos. Sinto meu coração acelerar.

— E na sua. Quem é você?

— A pessoa confusa. - Ele responde e nossos olhares se cruzam até a chegada inesperada da Bruna.

— Tá tudo bem? - Ela pergunta anunciando sua presença.

— Sim. - Digo e o moreno fica em silêncio.

Após alguns segundos — O caixa ao lado liberou. - Ele finalmente fala.

***

POV: Arthur

Depois da conversa com a Lia, minha mente mudou, não fiz o que deveria fazer, por medo de magoar a mulher incrível que a Geovana é, mas não posso continuar isso sem sentir nada por ela. Deixei as meninas e as compras em casa e resolvi passar no apartamento dela, para finalmente, dar um ponto final nisso.

Toco sua campainha várias vezes, com medo de perder a coragem. — Calma. - Ouço ela gritar e passos se aproximando, até a porta ser aberta. Ela já está de pijama, tudo demorou mais do que eu queria e acabei chegando já à noite.

— Oi, que surpresa você aqui. - Ela me dá um selinho, mas ao perceber minha expressão, me olha séria. Meu coração acelera e não consigo dizer nada.

— Posso entrar? - Questiono hesitante, sua resposta é abrir mais a porta. Entro percebendo seu semblante de preocupada e sinto meu pescoço pulsar, acompanhando meu coração.

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