O jogo

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POV: Arthur

— Que porra foi aquela? - Geovana aponta para o espaço de fora da casa, indicando a piscina.

— Do que você está falando? - Passo a toalha, que agarrei no meio do caminho, sobre meu rosto e meus cabelos.

— Você flertando com a tal Natália. - Ela pronuncia o nome como se fosse ao ruim.

— Tá imaginando coisas, estávamos só conversando.

— Depois de você se lançar JUNTO a ela, na piscina. Eu devo estar com cara de palhaça, só pode.

— Olha, você mesma escolheu acabar com o que tínhamos. Não pode exigir nada, agora.

Ela arfa nervosa e olho em direção aos meu braço que ainda está sendo segurado por ela. Ao perceber, o solta rapidamente.

— Galera, vamos fazer uma brincadeira. - Alguém grita atrás de nós e olhamos ao mesmo tempo para o dono da festa, que está com uma garrafa de vodka cheia, em sua mão estendida.

De repente, estamos em um grande círculo com cerca de quinze pessoas. A garrafa já girou algumas vezes e parecemos crianças de 12 anos jogando verdade ou desafio. Mas agora, com shots de vodka, apesar de não parecer, evoluímos.

— Gira Arthur, agora é sua vez. - Uma voz feminina me alerta, identifico como Livia, uma antiga colega de escola. Como resposta só faço o que foi dito.

— Arthur responde. Geovana pergunta. - Rafael anuncia e esse é o momento no qual me arrependo de ter entrado no jogo. Sinto a rigidez em meus ombros.

— Arthur, verdade ou desafio?  - Ela me olha passando a língua nos lábios.

— Verdade. - Respondo e a grande maioria revira os olhos.

— É verdade que a morena - Ela aponta para a Lia - É seu novo brinquedinho? - Ela sorri cinicamente.

Olho para a minha irmã e reparo seu rosto de querer agarrar o pescoço da Geovana, já a Lia não parece ter se ofendido, mas não está com o rosto sereno como estava antes.

— Não. - Reviro os olhos.

— Desperdiçou a pergunta. - Alguém reclama.

Mas ela sabe bem que conseguiu me irritar com aquilo. Não estou entendendo sua imaturidade no momento, mas acho que é raiva. A garrafa é girada novamente, Henrique para Rafael — Verdade ou desafio?

— Desafio. - Ele fala rindo.

— Desafio beijar a Livia. - Olho para a minha irmã bem na hora e a vejo olhar diretamente para o desafiado. Ela não sabe, mas a Livia e o Rafael já tiveram um caso, então sei que não seria um beijo qualquer.

— Eu bebo. - Ele estende o copo e alguém o enche com bebida. Enquanto seus olhos estão na minha irmã. O cara sabe como conseguir o que quer.

Algumas rodadas ocorrem, os primeiros dois beijos da noite saem. Garrafa gira, Geovanna para Natália, essa garrafa só pode estar de brincadeira. — Verdade ou desafio? - a primeira pergunta.

— Desafio. - Ela responde olhando para a de cabelo curto de cima a baixo.

— Desafio você parar de dar em cima do ficante dos outros. - Lia ri com o desafio.

Minha irmã grita — Vem cá garota, qual o seu problema com minha amiga?

— O desafio não foi para você. - Ela responde ainda olhando para a desafiada.

— E quem é o seu ficante? - Lia pergunta. Ela sabia, tenho certeza que minha irmã falou sobre a Geovana para ela. Não entendi sua pergunta.

Geovana não fala nada, olha diretamente para mim e continua calada, como se tivesse se arrependido do desafio.

— Ah, ele? - Ela olha para mim, para Geovana e logo, pega o copo. — Eu passo essa. - O Rafael dá mini gritos colocando "lenha na fogueira", enquanto enche o copo da Lia. Pressiono os lábios para não dar risada. E antes de beber, ela pisca para mim sorrindo.

Geovana olha diretamente para mim e desvia o olhar rapidamente, talvez esteja decepcionada, mas não pode sair implicando com outras, e não querer ser provocada também. Enquanto isso, Lia virava a bebida e Bruna tentava ser discreta nas risadas.

— Minha vez. - Bruna pega a garrafa e gira. — Bruna pergunta, Rafael responde. - Alguém anuncia o resultado do jogo.

— Verdade ou desafio?

— Desafio. - Ele responde passando a língua nos lábios.

— Eu desafio você a me beijar. - Minha irmã fala mordendo o lábio inferior. Reviro os olhos involuntariamente.

Meu amigo olha para mim, como se pedisse permissão. Dou de ombros e quando o vejo se levantar e ir em direção à minha irmã. Viro o rosto para o lado oposto, não sei se me sinto bem vendo isso, ela é crescida, mas decido não olhar.

— Livia para Arthur. - Alguém anuncia e olho novamente para o jogo. — Que merda, Livia nunca gostou da Geovana e agora ela tem cartas para irritá-la.

— Desafio. - Falo antes mesmo da pergunta.

— Uh, ótimo. Desafio você beijar a morena que a Geovana implica tanto. Pelo que parece você deu um pé na bunda dela, então não acho que tenha problemas.

— Gente, que implicância chata. - Lia fala se levantando da roda — Para mim já deu. Não sei qual é o problema entre nossa amizade, mas claramente tem muita gente incomodada aqui.

— Um beijo não estragaria a amizade. - Livia rebate sorrindo.

Lia me olha, vejo seus olhos em minha boca, ela hesita por um segundo.

— Eu bebo. - Acabo com a aflição do momento. - O desafio é para mim, certo? Eu bebo. - Repito. Ela que parece aliviada, se senta novamente sem me olhar nos olhos.

***

POV: Natália

— Sua safada, você cogitou beijar meu irmão. - Bruna fala acusadora. Servindo umas carnes em seu prato.

— Não cogitei nada. - Minto na cara dura. Jamais vou admitir isso, e sei que se eu o beijasse, me arrependeria na hora. Foi só um momento que provavelmente o álcool estava no controle, aquele shot desceu queimando minha garganta.

— Cogitou, eu te conheço. - Ela estende a mão e entrego meu prato para ela servir, e pego o dela com a minha outra mão.

— Você beijou o amigo dele, na frente dele. - Provoco.

— E você está mudando de assunto. - Ela fala quase cantando.

— Não existe mais assunto, só estava confusa na hora, irritada com a implicância daquela menina. Nada demais. Ok?

— Se é o que diz. - Ela entrega meu prato e a devolvo o dela.

Meu coração acelera, realmente não sei porque hesitei, só deveria ter me negado e saído. Mas por um momento, um mísero momento, imaginei seus lábios nos meus. E me odeio por isso, porque sei que  é algo ridículo e que ele nunca vai me olhar com outros olhos. Agora é só fingir que isso nunca aconteceu e seguir em frente.

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