De Volta

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    Tinha acabado de dar nove horas da manhã quando o avião pousou no aeroporto de Volta Redonda.

    Yosh foi um dos primeiros a descer do avião acompanhado por Bruno e Raphael.

    O Japão tinha sido legal, mas Yosh sentia falta de casa. Tinha visitado alguns parentes lá, conheceu lugares legais. Tudo estava registrado em sua câmera e em sua memória. Inclusive as vezes nas quais Bruno irritara os guias nas excursões que fizeram. Os guias começavam a falar e Bruno terminava.

    -Tudo bem você saber das coisas, mas não precisa ficar se exibindo o tempo todo. –Foi o que Yosh disse para ele.

    -Não tenho culpa se eles são lerdos na hora de falar. –Bruno disse. –E a informação deles é bem fragmentada. Falam sobre umas coisas e pulam anos de história... –Era sempre assim.

    Apenas mais um dos motivos que faziam Yosh sentir falta de casa. Quando estava em casa só tinha que aguentar Bruno enquanto estava na escola. No Japão eram vinte e quatro horas. Não tinha como aguentar. Um monge ficaria furioso com ele.

    -Precisam de carona ou marcaram com seus pais? –Raphael perguntou.

    -Meu pai vem me buscar. –Bruno disse.

    -Meus pais também virão me buscar. –Yosh disse.

    -Bem, então vejo vocês na escola em alguns dias. –Raphael disse afastando-se dos dois.

   Yosh olhou para o relógio do celular.

    Pensou que assim que chegasse ao aeroporto encontraria seus pais. Conseguia imaginar a mãe segurando um cartaz enorme de boas vindas para ele. Não era bem típico dela essas coisas. E ele conseguia imaginar os abraços no aeroporto.

    -Mãe, pare com isso. –Ele se imaginava dizendo.

    -Estava com saudades, querido. –Ele imaginou Hyoko dizendo.

    Mas seus pais não estavam ali.

    As horas iam passando e ele começava a ficar preocupado.

    -Ah, meu pai chegou. –Bruno disse. –Tem certeza de que os seus pais virão te buscar?

    -Sim. –Yosh disse.

    E se não vierem eu vou de ônibus. Pensou. Não me arrisco a nem mais um minuto no mesmo lugar que você.

    Yosh não conhecia o pai de Bruno, mas conhecia o Bruno. E se eles fossem parecidos? Yosh conseguia imaginar sua cabeça explodindo no carro ou ele simplesmente se jogando para fora do veículo.

    Olhou para o celular novamente para ver as horas. O relógio marcava dez horas da manhã. E foi nessa hora que Yosh foi para o canto e sentou-se em um banco. As pessoas que estavam ali já começavam a olhar para ele de um jeito estranho. Ele sabia que era por causa do cabelo roxo, mas ainda assim era desconfortável.

    Ele comprou uma revista. Uma revista bem boba, do tipo que ele não compraria nunca. Revista sobre celebridades. Na capa da revista tinha um garoto loiro que lembrava muito Roger, exceto pelas linhas vermelhas que tinha no cabelo.

    “Dr. Hugo e o que sobrou de sua equipe voltam para o Brasil amanhã...” Ele ouviu o som vindo de uma das televisões.

    Virou-se e viu que o som vinha de uma lanchonete. Nem tinha notado que tinha uma ali, atrás dele.

    Na televisão ele conseguia ver Cíntia segurando alguns papéis enquanto falava.

    “...ainda não sabemos o que aconteceu com eles, mas sabemos que houveram muitas baixas na equipe...”

Anelaris - A Caixa de PandoraOnde histórias criam vida. Descubra agora