Aviso da Consciência

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    Qualquer um que algum dia pegou um jornal conhecia Dr. Hugo. Ele estava nos jornais diariamente. Não, ele não era uma celebridade que dava vexame nas festas. Dr. Hugo era o brasileiro mais conhecido no mundo, mas era conhecido pelo seu cérebro e suas descobertas. O único brasileiro a ter ganhado um prêmio Nobel. Coisa que fazia com que ele fosse um pouco arrogante ao falar de si mesmo.

    Ele estava no helicóptero com alguns membros da sua equipe na esperança de fazer a descoberta do século. Uma que o colocaria acima de todos.

    -Tem certeza de que é aqui? –Gérard perguntou olhando pela janela do helicóptero. –Eu só vejo areia e...

    -É claro que é aqui. –Dr. Hugo o interrompeu. –Eu tenho os documentos.

    -Várias pessoas têm documentos...

    -Pare de me questionar. –Dr. Hugo disse. Ele estava irritado com Gérard. Como ele ousava questioná-lo? Ele não sabia que ele era o Dr. Hugo?

    -Tudo bem. –Gérard disse ainda olhando pela janela.

    Gérard sabia que Dr. Hugo era uma pessoa muito capaz, mas tudo o que ele lera na vida sobre a Caixa de Pandora dizia que eles deviam procurar em outro lugar.

    -E pelo que estamos procurando? –Gerard perguntou.

    -Alguma coisa dourada. –Dr. Hugo disse olhando pela janela. –Não deve ser difícil encontrar. O sol mostrará.

    Gérard ajeitou o cabelo ruivo que começava a cair sobre os olhos. Não estava tendo tempo para cuidar da própria aparência. Fazia anos desde a última vez que vira a tia ou o irmão. Desde que começara a trabalhar com Dr. Hugo as coisas estavam daquele jeito.

    -Acho que vi alguma coisa. –Gérard disse apontando para alguma coisa que brilhava no chão.

    -Não. –Dr. Hugo disse. –Ainda estamos longe, não poderia ser.

    Gérard olhou para o lado. Tinha mais helicópteros voando com eles. Era um total de sete helicópteros e cinquenta pessoas. Toda a equipe de confiança do Dr. Hugo. Gérard se sentia maravilhado por fazer parte da equipe. Ele tinha que lidar com o ego do Dr. Hugo, mas sabia que tudo compensaria no futuro.

    -Olha, eu sempre li que a caixa estava em...

    -Alexandria. –Dr. Hugo completou. –E todos erraram. Pistas falsas são necessárias, sabe disso.

     -Claro.

    -Se quer esconder algo que sabe que as pessoas vão procurar, então espalhe pistas falsas. Elas irão rodar e rodar, mas nunca chegarão à verdade. Pode deixar o que procuram debaixo do nariz delas...

    -Se alguém se empenhou para esconder então é porque devia ficar escondido, não? –Gérard perguntou. –As coisas que leio sobre a caixa não são boas.

    Dr. Hugo apenas o olhou incrédulo.

    -Que pensamento é esse? –Perguntou. –Tem certeza de que está na profissão certa? Temos a responsabilidade de mostrar as coisas para o mundo. Nosso dever é esse.

    -Claro. –Gérard disse. –Mas e se o que fizermos for uma coisa ruim.

    -Não existe essa coisa de ruim.

    -Claro que sim. –Gérard disse. –Se houver alguma maldição na caixa será ruim...

   -Apenas uma conseqüência. –Dr. Hugo disse. –Nós sabemos lidar com as conseqüências, não?

    Gérard se calou. Ele nem mesmo via nexo nas coisas que Dr. Hugo estava falando. Apenas uma conseqüência? Se pensasse um pouquinho ele logo veria que uma simples conseqüência poderia causar grandes estragos.

Anelaris - A Caixa de PandoraOnde histórias criam vida. Descubra agora