Agridoce

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Yosh sentiu frio.

Um frio pior do que o que sentira ao usar o colar feito com a pedra roxa. O frio era tão grande eu chegava a machucar.

Seus olhos estavam fechados. Ele tinha medo do que poderia encontrar dentro da caixa.

Só abriu os olhos quando seu corpo tocou o chão. Tocou o chão com uma força que deveria ter feito o corpo de Yosh explodir, mas isso não aconteceu. A queda nem doeu mais do que o frio que sentia.

Yosh tossiu ao engolir um pouco de poeira.

-Que lugar é esse? –Perguntou. Mas não tinha ninguém ali para lhe fornecer uma resposta. Ele estava sozinho.

O céu do lugar era preto. Tão preto quanto as coisas em seus sonhos. Não havia lua ou estrelas, mas a rua que ele estava parecia ser iluminada pela luz da lua. Olhando para os lados ele viu algumas casas. Não eram casas do tipo que ele estava acostumado a ver. Eram todas velhas, feitas de madeira, mais parecidas com os bares que ele vira em filmes do Velho Oeste.

Ele ficou de joelhos por um tempo, tentando se recuperar. Tentando pensar em algo para fazer. Tentando descobrir onde estava.

Bem, ele sabia que estava dentro da Caixa de Pandora, mas não esperava encontrar aquilo ali. Esperava desespero. Aquele lugar no qual ele se encontrava tinha uma falsa paz. Era calmo, mas Yosh podia sentir que aquilo era enganação. Era escuro demais, silencioso demais.

-Pessoal?! –Yosh sussurrou.

Sabia que ninguém responderia, mas não queria gritar naquele lugar. Não queria chamar a atenção das coisas ruins que ele tinha certeza de que se escondiam ali.

Yosh se levantou. Começou a caminhar e levantar uma poeira bem fina. Ele caminhava com cautela, pois parecia que o chão acabaria a qualquer momento. Há cinco metros ele só via a escuridão. A luz não o acompanhava, só iluminava aquelas casas velhas.

Ele parou de caminhar quando ouviu alguns passos.

O coração bateu acelerado. Ele não estava pronto para ver as monstruosidades que jaziam dentro da caixa.

Yosh prendeu a respiração. Bem devagar ele se virou procurando a origem dos passos. Não viu ninguém na rua, mas conseguiu identificar de onde os passos vinham.

Com as pernas tremendo ele começou a caminhar para uma das casas velhas da rua. Ele esticou a mão para poder atacar o que quer que fosse aparecer ali.

Faltavam dois passos para ele subir a pequena escada da casa quando alguém saiu correndo dela.

-Socorro!

Yosh tentou ver quem era. Só tinha visto um borrão saindo da casa gritando socorro.

Era Joey Tempestade.

Ele estava sentado no chão, cercado por uma camada de poeira, encarando a casa velha.

-Joey?! –Yosh chamou.

O menino nem tinha se dado conta da presença de Yosh ali. Os olhos dele estavam arregalados, fixos na porta da casa velha, esperando que alguma coisa saísse dali.

-Yosh?! –Joey disse. –É você mesmo?

Ele se levantou bem depressa. A mão estava tremendo, mas estava fechada. Ele lutaria se fosse preciso.

-Sim. –Yosh disse. –O que você viu...?

-Foi horrível. –Joey interrompeu a pergunta de Yosh. –Foi... Eu não quero ter que descrever.

Anelaris - A Caixa de PandoraOnde histórias criam vida. Descubra agora