Corvos

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     O clima na Vila Maia tinha mudado bastante. Não, não estava fazendo calor. A neve ainda caia e muitas vezes ela fazia com que ficasse frio demais mesmo quando as pessoas vestiam várias roupas. As pessoas estavam diferentes, menos preocupadas. Pareciam ter se esquecido das coisas que tinham acontecido no começo do ano.

     Bem, Yosh, não tinha se esquecido, mas ele estava vivendo como se tivesse se esquecido. As pessoas ficavam mais felizes quando ele fazia aquilo.

    Dois dias antes das férias Yosh recebeu uma mensagem de Demétrio pelo computador. Ele achou a mensagem muito estranha.

    Não se esqueceu de mim, não é?

    Brincadeira, sei que não. As pessoas não se esquecem de mim. Bem, eu estou escrevendo porque uma coisa estranha aconteceu. Nós, meus pais e eu, fomos até a casa de uma tia. As pessoas dizem que ela é maluca e tals, mas não é. Minha tia tem dons que as pessoas desconhecem. Assim que ela olhou para mim falou que Dimitri estava vivo e que estava em agonia. Estranho, não? Ela disse que ele terá a chance de voltar. Eu sei que parece loucura, meu pai disse que não era para acreditar em uma linha do que ela falou porque ela é uma charlatã, mas... Sei lá. Antes mesmo de ouvir essas coisas saindo da boca dela eu já tinha a sensação de que algum dia o Dimitri voltaria. Eu estou maluco por pensar assim? Me lembro de que no dia do show... o dia que ele... ainda não consigo dizer a palavra... Bem, naquele dia vocês estavam falando de umas coisas estranhas... Só me diga que eu não estou maluco em acreditar que meu irmão está vivo.

    Até mais.

    Yosh ficou encarando a mensagem por um tempo. Demétrio tinha o direito de saber, não? Ele era o irmão do Dimitri, os dois eram muito ligados. E... Yosh sentia que devia dar um pouco de paz para o menino. Bem, se confirmasse as coisas talvez fizesse com que Demétrio não tivesse a paz, mas Yosh não achava que ficar desinformado fosse dar paz para ele.

    Não está errado.

    É uma história bem grande e maluca. Não sei se você acreditaria, mas posso dizer que sua tia não é maluca. Bem, pelo menos não quando ela fala do seu irmão. Ele ainda vai voltar para a gente.

    Foi o que ele respondeu.

    Demétrio não estava on-line para responder naquele exato momento. A mensagem que Yosh recebera de Demétrio também era antiga, de alguns dias depois da partida da família de Demétrio. O problema é que Yosh não mexia muito no computador.

    No dia seguinte, último dia de aula antes das férias, assim que Yosh chegou ao colégio foi surpreendido por Alicia, com um sorriso enorme. Uma coisa que era assustadora. Ele estava acostumado a Alicia general, que sempre estava séria.

    -Hoje não treinaremos. –Ela disse. –Mas preciso que vocês vão até o morro.

    -O que faremos? –Jade perguntou.

    -Um piquenique. –Alicia disse.

    Todos olharam para ela esperando uma explicação.

    -Ah, precisam relaxar um pouco. –Ela riu. –Bem, temos treinado todos os dias, sem nenhuma folga. Merecemos um descanso, não? Vai ser legal. Foi o que Dewey e eu fizemos quando Auros chegou em Arret.

    -Você é Alicia? –Roger perguntou cutucando-a. –Eu me lembro de uma bem diferente. Não vai soltar nenhuma ameaça no final da frase?

    -Eu não faço isso. –Ela riu.

Anelaris - A Caixa de PandoraOnde histórias criam vida. Descubra agora