Capítulo 12

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Diogo

Os dias seguintes ao nascimento de Gelux – o nome escolhido para a bezerra que havia nascido – foram de muito trabalho e felicidade. Diogo passava ao menos uma hora por dia na fazenda, para ajudar com ela. Sr. Arnaldo vinha me mostrando tudo o que eu tinha que fazer, mas ainda tinha medo de lidar com os bichos grandes.

E quando ele não apareceu naquela manhã como de costume, comecei a ficar preocupada.

Já passava das nove da manhã, e ele normalmente chegava por volta das sete, sempre muito pontual.

Sem saber o que fazer, decidi conferir se estava tudo bem com ele e a mulher. Eu sabia onde morava, uma vez que fui visitá-lo para conhecer sua esposa, então peguei Pedro, coloquei-o no sling e comecei a curta caminhada até sua casa. Para minha sorte, aquele dia estava nublado, e o clima agradável. Mas fiz uma nota mental de começar a procurar um carro para comprar, nem que fosse um mais velho.

Quando cheguei à sua casa, simples, de madeira, mas muito bem-cuidada e organizada, bati palmas até que D. Maria, mulher de Arnaldo, saiu pela porta.

— Bom dia, dona Maria.

— Oi, minha filha, quanto tempo.

Assim que me reconheceu, já foi abrindo a porta e me dando caminho para passar.

Cumprimentei-a com um abraço e ela fez um carinho na cabeça de Pedro.

— Dona Maria, eu vim ver se está tudo bem por aqui. Arnaldo não apareceu em casa hoje.

Ela apontou uma das cadeiras da cozinha para que eu me sentasse e já foi me servindo um café.

— Oh, minha filha. Eu devia ter te avisado. Mas eu não tenho esse tal de celular que vocês usam para se comunicar. E não quis deixar meu véio sozinho.

— Não se preocupe, Dona Maria. — Um medo se apossou do meu corpo. Não fazia muito tempo que eu conhecia aquele casal, mas eles já eram importantes para mim. — O que Arnaldo tem? Ele está bem?

— Pegou só um resfriado. Não é nada demais. Mas sabe como a idade é, né? Deixa a gente com a imunidade lá no chão. — Ela me entregou uma xícara. — Aí essa noite ele estava com febre, e não dormiu muito bem. Agora está lá, dormindo um pouco.

— Eu sinto muito. Mas qualquer coisa que a senhora precisar, me chama. Deu algum remédio para ele?

Conversei mais alguns minutos com ela, li algumas bulas que ela me pediu e instruí quais remédios deveria dar para ele.

Quando retornei para casa, fui até a mangueira depois de alimentar Pedro e colocá-lo para dormir. Arnaldo havia me dito uma vez, que não era bom deixar as vacas sem ordenhar, e elas pareciam saber disso, já que esperavam na porteira como de costume, mesmo passando do horário que Arnaldo aparecia.

Então estava na hora de colocar em prática o que eu vinha aprendendo.

Coloquei as mãos na cintura, em posição de super-heroína e respirei fundo. Eu não tinha o que temer.

Depois de calçar as galochas, desci para o local e comecei os trabalhos. Não era tão complicado quando estava na minha cabeça e as vacas realmente já sabiam o que fazer, então eu apenas as conduzia.

Coloquei a ração para elas, ajeitei a ordenha como Arnaldo me ensinou e abri a porteira. Eu via todos os dias essa mesma cena, e as vacas já sabendo a ordem de quem entrava primeiro, uma das malhadas tomou a frente e se colocou diante do cocho, comendo da ração.

— Agora somos eu e você.

Fiz tudo o que Arnaldo me ensinara, tentando não me esquecer de nada, e quando decidi, por mim mesma, que já estava pronto, tirei a ordenha dela, e lhe fiz um carinho no pescoço.

— Acho que estamos mandando muito bem, não é?

— Eu diria que você nasceu para isso.

Levei um susto com a resposta que não esperava até ver Diogo pendurado na cerca, encarando-me com um sorriso divertido no rosto.

— Essa belezinha aqui, concorda com você. — Entrei na brincadeira ainda fazendo carinho na vaca.

— Mas o que aconteceu com Arnaldo hoje? Ele já passou o cargo para você?

— Pegou um resfriado e não conseguiu vir. Então tentei me arriscar um pouco.

Com um único movimento, ele passou por cima da cerca, parando na minha frente.

— Então está sem ajudante hoje? — sua voz estava mais rouca e baixa, o que fez com que um arrepio passasse por meu corpo.

— Estou... — minha voz também saiu fraca.

— Não está mais.

Inclinando-se, Diogo pegou uma das ordenhas e soltou a vaca que já esperava na porteira.

Seus movimentos eram rápidos e práticos. Era hipnotizante, vê-lo trabalhando com os animais. Rapidamente ele já estava com outra vaca pronta para ser ordenhada.

Sai do meu estato de inércia e comecei a trabalhar também, preparando a outra ordenha para terminar mais rápido.

Em algumas horas de trabalho, todas as vacas já estavam pastando livres.

Quando terminei de lavar tudo, encostei-me na porteira onde Diogo se encontrava.

— Muito obrigada por hoje. — Continuei observando o horizonte.

— Já disse que sempre pode contar comigo.

— Sei que já disse, mas ainda é um incômodo, você parar suas obrigações.

Desta vez ele se virou de lado, fitando-me, o que me obrigou a fazer o mesmo e encará-lo.

— Sabe, eu não tenho nenhuma obrigação em vir aqui. Mas hoje mesmo, eu estava passando do outro lado, e em um impulso, acabei parando aqui. Eu queria ver você, como estava, se estava bem.

Sua fala fez meu coração acelerar. Ele viera para me ver...

— Eu... — antes que eu pudesse completar a fala, ele me interrompeu.

— Não precisa dizer nada. Só não pense mais que é um incômodo para mim, vim até aqui passar um tempo com você e seu filho. — O tom doce que usara para aquela frase, o jeito como me olhava e o sorriso que tinha quando se virou novamente para o horizonte, deixava meu coração ainda mais acelerado.

Então resolvi olhar para a frente também. Mas não parava de pensar no homem ao meu lado.

O Cowboy, a Viúva e o BebêOnde histórias criam vida. Descubra agora