Capítulo 23

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Diogo

Apertei Ellen o mais forte que conseguia, sem machucá-la, mas para garantir para mim mesmo que ela estava ali.

Eu nunca havia sentido tanto medo e raiva no mesmo momento, como naquela hora. Vê-la pedindo por socorro, e Leonardo a segurando com força, levando-a para Deus sabe onde, fez com que o sangue explodisse no meu corpo, e tudo o que eu queria era apenas socar a cara daquele desgraçado.

Enquanto mantinha meus olhos fixos nos dela, ouvi um carro sendo ligado e se afastar. Apenas quando ela me respondeu que estava bem, que finalmente a puxei para meus braços, apertando-a contra mim.

Eu não a soltaria tão cedo, mas o choro de Pedro nos tirou daquele momento.

— Eu... Preciso entrar. — Enxugando as lágrimas, ela começou a se afastar enquanto eu a seguia.

Entramos na casa e ela foi direto para Pedro, tirando-o do berço e aninhando a criança em seu colo. Em seguida voltou para a cozinha, sentou-se em uma cadeira e ficou ali em silêncio por um tempo. Eu não sabia o que dizer ou fazer. Minha cabeça girava em pensamentos.

Eu estava assustado e com medo, pensando no que poderia ter acontecido se eu não chegasse a tempo.

— Ellen, o que Leonardo queria com você? — perguntei finalmente, sentando-me na sua frente.

Ela passou um tempo observando Pedro enquanto passava os dedos no contorno de seu rosto, e quando me respondeu, permaneceu fazendo isso.

— Ele disse que me ganhou em uma aposta com Otávio. Que existe até um documento assinado por ele.

— O que? Como... — as palavras ficaram presas na minha garganta.

— Não sei, Diogo, mas estou assustada. Com medo por mim e por meu filho. — Ela ergueu os olhos para mim. — Eu nem sei o que poderia ter acontecido se você não tivesse chegado a tempo.

Estiquei-me sobre a mesa, segurando sua mão e olhando-a nos olhos.

— Nada vai acontecer a você. Eu não vou deixar.

— Você conhece aquele homem?

Respirei fundo, sentindo-me cansado. O pior era pensar que aquele homem era uma figura importante na cidade, e que tinha dinheiro suficiente para livrá-lo de alguma acusação.

— Conheço. — Abaixei meus olhos para a mesa. — Ele é uma figura com bastantes posses na cidade. É influente e acha que pode ter o mundo aos seus pés.

Ellen fechou os olhos apertados, deixando mais lágrimas escorreram por eles.

— E se ele voltar? Eu vou estar sozinha com meu filho. Como vou defendê-lo?

Aquela era uma preocupação que passava por minha cabeça desde que ela começou a ser ameaçada.

— Eu sei que você não quer mudar sua vida. Não quer sair daqui. Mas... — Parei de falar, tomando fôlego antes de concluir meu pensamento. — E se eu me mudar para cá? Não vai mudar nada na sua vida, prometo. Apenas uma companhia. Eu... — suspirei frustrado comigo mesmo. — Não vou conseguir ficar tranquilo te deixando aqui sozinha, Ellen.

Ela apertou minha mão um pouco mais forte.

— Você faria isso por mim? — Sua voz parecia incrêdula, como se eu dissesse algo absurdo demais.

— É claro, meu amor. Por que você deveria mudar de vida por mim, e eu não poderia fazer o mesmo por você? Eu... — As palavras ficaram entaladas na minha garganta.

Eu queria dizer aquelas três palavras a Ellen, sentia no meu coração aquele sentimento, mesmo que ele me assustasse por ser algo novo. Mas ainda tinha medo de também assustá-la. Eu não sabia se era o momento certo para dizer. Quando sentimos isso? Eu veria uma luz iluminando que era o momento? Ellen me daria um sinal? Eu sentia que a amava, mas e se a assustasse ao dizer isso? Com esses pensamentos, resolvi que ainda não era a hora certa de proclamar as palavras, e as engoli, guardando-as no meu coração novamente.

— Você aceita que eu venha morar aqui com você?

Os olhos de Ellen brilhavam, como se eu lhe estivesse dando um presente incrível. Mal sabia que eu quem estava recebendo o melhor presente que eu poderia ganhar, quando com um aceno de cabeça, ela aceitou meu pedido.

Passei aquela noite com ela, e no dia seguinte, fomos à delegacia, tentar denunciar Leonardo. Mas eu já havia aviado Ellen que provavelmente não daria em nada. Ele era um homem muito influente realmente.

Quando retornamos, comunicamos à minha família da minha mudança, não houve muitas reações de surpresa já que eles previam isso em algum momento, pelo que meu pai falou.

— Você é um novo homem ao lado de Ellen, meu filho. — Meu pai colocou a mão no meu ombro.

— Um novo homem melhor, que fique claro. — Minha mãe emendou.

Estávamos todos na fazenda de Ellen, em volta de uma grande mesa que havíamos colocado embaixo da sombra de uma árvore, e com o almoço servido.

— Eu não acho que tenha tanto poder. Mas fico feliz que vocês pensem assim.

Ellen estava um pouco melhor, mais humorada que na noite anterior. Eu sabia que deixá-la rodeada de pessoas que a queriam bem, seria bom para ela.

— Além de fazer meu filho feliz, já me deu um neto. — Minha mãe brincava com Pedro.

Naquele momento, olhei para Ellen para verificar sua reação. Eu não sabia ainda como ela seria com relação a Pedro sendo parte da minha família. Ela adorava o carinho que todos davam para seu filho, mas não com a intenção dele ser considerado assim. Mas o sorriso que aumentou em seu rosto, me deixou aliviado. Ela pareceu muito mais feliz quando minha mãe o chamou assim. E logo uma rodinha se formou ao redor de Pedro, para fazê-lo rir.

— Foi aqui que chamaram um casal de velhos? — Arnaldo chegou com a esposa, tirando nossa atenção da criança, e fazendo-nos olhar para ele.

— Claro. — Ellen abriu os braços e os recebeu. Era linda a interação que ela tinha com aquele senhor.

O carinho que um tinha com o outro era evidente.

Logo em seguida, eles também se sentaran à mesa.

— Olha, estou muito feliz por você, menino — Arnaldo falou enquanto se servia do almoço. E em seguida sentou ao meu lado, prendendo a atenção de todos. — Mas saiba que eu considero muito essa garota. — Ele colocou a mão sobre o ombro de Ellen, que estava do outro lado. — E a considero como uma neta. Uma filha que eu não tive. E espero que você a faça feliz.

Eu que me sentia feliz, vendo Ellen tão querida por todos que a cercavam. Depois de uma noite assustadora como a anterior, ela merecia todo aquele carinho.

— Pode deixar, Arnaldo. Farei tudo o que estiver ao meu alcance para fazê-la feliz.

Olhei para ela por trás de Arnaldo, e dei um sorriso, que foi retribuído por Ellen.

Aquelas eram as pessoas que eu amava, e faria de tudo por eles. Eram a minha família.

Comecei a observar um por um, cada pessoa rindo de alguma coisa, ou conversando. Tirei naquela hora, meus cinco minutos observando a melhor coisa que eu tinha na vida: aquelas pessoas.

O Cowboy, a Viúva e o BebêOnde histórias criam vida. Descubra agora