Capítulo 22

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Ellen

O toque da buzina ecoou duas vezes do lado de fora. Achei que poderia ser Diogo, ou alguém da sua família. Depois de desligar o telefone com Fabi, destranquei a porta e fui até a frente dela, conferir se era mesmo alguém que eu conhecia.

Havia um homem, vestindo um terno e gravata, parado ao lado de um elegante carro.

O sol ainda estava no horizonte, e iluminava o dia, permitindo que eu pudesse ver a cara do sujeito. Era um homem de meia idade, eu daria em torno de cinquenta e cinco anos para ele. Mas a pose, roupa e acessórios deixavam-no mais elegante.

— Boa tarde, Ellen.

Como ele sabia meu nome? E quem era aquele homem?

Com o cenho franzido, parei de me aproximar, achando-o muito suspeito. Mas pelo menos não havia atravessado a porteira, e estava do outro lado, para fora da minha propriedade.

— Boa tarde. O que o senhor deseja? — Cruzei os braços contra o corpo, em uma posição instintiva de defesa.

— Eu gostaria de falar com você. Posso entrar? — Apontou para a porteira.

Eu não sabia como agir, nem mesmo o que falar, se permitia sua aproximação, ou se o mantinha afastado. Mas optei pela alternativa mais segura.

— O senhor pode falar de onde está mesmo. Eu estou conseguindo ouvi-lo muito bem — fui um pouco mais ríspida.

— Você está sozinha? — Aquilo estava começando a me deixar preocupada, então resolvi não responder. — Eu vim aqui conversar sobre o seu marido. Eu o conhecia. Éramos amigos.

E ele acreditava mesmo, que aquele detalhe me faria sentir mais aliviada perto dele?

— Olha, acho que o senhor pode falar o que quiser. Mas se não for dizer nada de interessante, tenho que entrar.

— Claro, me desculpa. Eu tenho alguns papéis para te entregar. Sobre algumas posses que eram do seu marido. Posso?

Concordei com a cabeça, e o homem abriu a porta do carro, retirando alguns papéis de lá. Depois voltou para perto da porteira e me estendeu o maço de documentos.

Respirei fundo e comecei a caminhar um pouco resignada ainda. Mas eu só pegaria aqueles documentos e entraria na minha casa. Poderia ler lá dentro, trancada e longe de qualquer louco que pudesse aparecer. Ou até ligaria para Diogo, pedindo sua companhia naquela noite.

Mas assim que estiquei o braço, fui agarrada pelo homem, que segurava meu braço enquanto dava a volta pela porteira, aproximando-se cada vez mais de mim, e sem algo para nos separar.

— Vamos conversar mais confortável — ele praticamente rosnou próximo ao meu rosto.

Naquele momento, perdi todos os movimentos do meu corpo. O medo percorria minhas veias, alcançando todas as partes do meu ser, paralisando-me diante daquele homem que eu nem sabia quem era.

Meus pés não me obedeciam, e apenas o segui, quando começou a me puxar para dentro da casa. Quando me dei conta, estava sentada diante da mesa, com aquele homem do outro lado encarando-me.

— Muito melhor conversar assim, não acha? E cadê o pirralho? O... Filho do Otávio?

Assim que ele mencionou meu filho, o medo se dissipou do meu corpo, dando lugar a uma raiva incontrolável. Eu não sabia quem era aquele homem e nem o que ele queria. Mas eu seria capaz de tudo para proteger o meu filho.

— Você não vai encostar no meu filho. — Apontei um dedo na cara do homem, que apenas abriu um sorriso torto.

— Adoro uma mãe leoa. Mas não se preocupe, quero apenas conversar com você... por enquanto.

O Cowboy, a Viúva e o BebêOnde histórias criam vida. Descubra agora