Capítulo 28

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Diogo

Eu havia percorrido a distância em tempo recorde, cortando caminho o máximo que podia.

Quando cheguei à casa que Cida havia dito, consegui ver o carro de Leonardo estacionado próximo. Desci de Tempestade e a amarrei em uma árvore próxima, eu teria que usar o elemento surpresa a meu favor.

Aproximei-me lentamente, tentando ao máximo não fazer barulho. Eu teria que averiguar a situação antes de tentar qualquer coisa. E para a minha sorte, Ellen estava bem, e começou a perguntar para Leonardo o que ele fazia. Comecei a tirar o celular do bolso, e liguei o gravador, já que seria uma ótima prova contra aquele filho da puta. Posicionei o telefone em um local em que poderia pegar bem o som. Mas não podia ficar ali, apenas ouvindo. Eu já sabia o que ele fazia com as mulheres e não iria aguentar ouvir tudo de sua boca sem querer rasgar sua cara em socos, então fui averiguar o local.

A casa não era tão grande, mas havia bastantes cômodos. Dei a volta, tentando abrir algumas portas e janelas, mas todas estavam trancadas. Quando cheguei em uma janela, que era de metal, como todas as outras, e tentei abrí-la, alguém do lado de dentro respondeu à minha batida. Meu primeiro instinto foi dar um passo para trás, com receio de que tivesse sido descoberto antes do tempo. Mas a pessoa parou de mexer, voltando poucos segundos depois.

— Oi, oi, shi shi... — Tentei fazer com que parasse com o barulho, para que não chamasse muita atenção de Leonardo.

— Me tira daqui, por favor — uma voz feminina, e infantil, muito fraca e chorosa resmungou do lado de dentro.

Naquele momento meu coração se partiu. Eu não conseguia entender como um ser humano tinha coragem de fazer aquilo com outra pessoa. Eu mesmo já havia denunciado o cassino de Leonardo milhares de vezes, mas nunca acontecia nada. E sabia de boca a boca, o que ele fazia lá dentro, apostando mulheres e crianças. Mas nunca tinha presenciado uma vítima com meus próprios olhos.

— Calma. Você me escuta? — A menina confirmou no meio de um leve choro. — Não consegue abrir a janela?

— Não, está trancada. Por favor, me tira daqui.

— Tudo bem, tudo bem. Tenta se acalmar, certo? — Novamente ele balbuciou algo em resposta. — Olha, eu me chamo Diogo, e vou te tirar dai, certo? Mas preciso que confie em mim.

— Como você vai fazer isso?

Essa era uma boa pergunta. Uma da qual ainda não tinha a resposta. Mas daria um jeito. Eu tinha que dar.

— Eu ainda não sei. Mas te dou a minha palavra, e nunca a quebro. Qual o seu nome?

— Raissa.

Eu podia ouvir a menina fungando do lado de dentro.

— Quantos anos você tem, Raissa?

— Quatorze.

Era apenas uma criança. Alguns anos mais velha que minha irmã mais nova.

— Certo. Vou sair daqui, dar a volta e entrar na casa. Eu vou até você, tudo bem?

Conseguia ouvir o choro dela aumentando à medida que nos falávamos, mas ela concordou comigo, então segui novamente para a frente da casa.

Quando olhei por uma pequena fresta que havia na única janela que era de vidro, Ellen estava encolhida no sofá, enquanto o filho da puta ia para uma espécie de cozinha.

Peguei meu celular, salvei o áudio que havia gravado e guardei-o no bolso. Fui até a porta, e me preparei para arrombá-la, colocando o peso em uma perna, posicionei a outra, impulsionando-a contra a porta.

O Cowboy, a Viúva e o BebêOnde histórias criam vida. Descubra agora