Capítulo 21

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Diogo

Eu não conseguira dormir direito à noite, rolando na cama. Era como se algo estivesse faltando.

Não sabia responder, mas achava que tinham sido poucos dias que Ellen passara dormindo ao meu lado, para sentir sua falta. Mas ainda assim, não tinha como negar que sua presença, fazia com que relaxasse mais.

Levantei decidido naquele dia a ter uma conversa com ela. Depois de tomar um café forte, peguei meu chapéu, ajeitei-o sobre a cabeça e montei em Tempestade, partindo para a casa de Ellen.

Quando cheguei, ela estava servindo café para Arnaldo, que me recebeu com entusiasmo como sempre.

— Bom dia, menino. Ellen estava me contando que estão namorando. — Ele deu um tapinha no meu ombro. — Fico muito feliz por vocês.

Abri um sorriso e olhei para a mulher à minha frente, que também sorria.

— Eu também estou muito contente com isso, Arnaldo.

— Olha, e cuide muito bem dessa mulher, meu rapaz. Eu me apeguei muito a ela, e agora a considero como uma filha.

Vi os olhos de Ellen brilharem em lágrimas ao olhar para Arnaldo. Acredito que ela não esperasse a demonstração de carinho dele, mesmo que ela mesma já o considerasse tanto.

Depois de algumas conversas, entramos na casa, deixando que Arnaldo terminasse o serviço com os animais.

Pedro já havia acordado, então o peguei no colo.

— Bom dia, meu menino. Fiquei com saudades de você, acredita? — Ele riu em meu colo, e aquilo era uma das coisas mais lindas.

Eu me apegava cada dia mais aquela criança. Mesmo não sendo do meu sangue, eu já considerava Pedro como meu. E aquele laço que vínhamos construindo, seria inquebrável.

— Posso dar uma volta com ele? — perguntei para Ellen, que concordou com um sorriso enorme no rosto.

Caminhei com ele no colo até chegar perto de Tempestade. Eu sabia que ela era dócil, e Pedro adorava passar a mão por seus pelos. Deixei que ele interagisse com o animal, e a cada carinho que ele fazia, meu sorriso se ampliava mais e mais.

Fiquei admirando-o por um tempo enquanto brincava com Tempestade.

— Sabe, Pedro, quero te ensinar isso. O respeito que devemos ter pelos animais, cuidado. Eu posso te ensinar muitas coisas.

Eu não entendia o porquê conversava com uma criança que não entendia nada. Mas sentia essa necessidade dentro de mim, como se fosse para nos aproximarmos.

Queria ter montado com ele no meu colo, mas achei arriscado fazer isso sem o apoio de outra pessoa. Mas combinei esse passeio com Pedro, que pareceu adorar a ideia.

— Sabe, eu me acostumei com você e sua mamãe na minha vida. — Fiz uma gracinha com ele, que riu, deixando-me mais leve. — E eu me preocupo todos os dias com vocês. De verdade. Você poderia vir morar comigo e sua mãe, não é?

Ele soltou uma risada, que resolvi levar como um sim.

— Sua mãe poderia ser fácil de conquistar, como você.

Brinquei com ele mais um tempo, apreciando aquele ser tão pequeno, mas que me fazia tão feliz, antes de entrar na casa.

Ellen estava lavando louça, então coloquei Pedro no carrinho, perto de onde estava, e puxei-a pela cintura. Suas costas encontraram com meu peito, e nossos corpos se mantiveram colados. Abracei-a, fechando sua cintura com meus braços e comecei a dar beijos em seu pescoço.

— Assim eu não vou conseguir terminar meu serviço.

— A intenção é começar outro serviço — sussurrei em seu ouvido, e logo em seguida a virei para mim, prensando-a contra a pia.

Com as pontas dos dedos, coloquei uma mecha de seu cabelo atrás da orelha, e comecei a observar cada detalhe do seu rosto. Seu nariz arrebitado, a boca linda. E finalmente os olhos, tão azuis e hipnotizantes. Ela era perfeita.

— Vem morar comigo — a frase escapou da minha boca sem que eu me preparasse para isso.

E Ellen também não estava preparada.

Colocando uma das mãos no meu peito, ela me afastou de si, e deu a volta, sentando-se diante da mesa.

— Eu... — Ela respirou fundo. — Eu não acho que isso seja bom para a gente.

— Eu acho que pode ser muito bom. — Apressei-me em sentar-me na sua frente. — Estamos juntos, gostamos um do outro. Qual o problema disso?

— Eu saí há pouco tempo de um relacionamento, tenho um filho. — Ela olhou para Pedro — Temos que dar um passo de cada vez no nosso relacionamento, Diogo.

— Mas, meu amor, isso seria bom para ambos.

Ela segurou minha mão sobre a mesa, apertando-a delicadamente.

— Não temos como saber. Vamos seguir assim por um tempo. E deixar que a vida dite a regra sobre nós. Eu preciso desse tempo para mim, depois do Otávio. Você entende isso?

Droga, eu entendia. Ellen vivia presa, por causa do marido controlador. Não podia aproveitar a própria vida. E agora ela estava completamente livre. Mesmo que no seu próprio mundo, mas não tinha ninguém a impedindo de nada. Mesmo que eu não fosse como seu falecido marido, apenas o pensamento de ter alguém a quem dar satisfação, poderia deixá-la chateada. Então eu a compreendia.

— Eu entendo, amor.

Ellen

Eu não sabia se tinha feito a coisa certa. Então o medo me dominava naquela hora.

Eu não poderia dizer que Diogo havia ido embora bravo, emburrado. Pelo contrário, ele parecia ter compreendido a situação. Ainda assim, minha cabeça começou a cogitar que eu tivesse feito a escolha errada.

Estávamos apaixonados, poderíamos dar certo morando juntos.

Quando já não sabia mais o que fazer, peguei meu celular e disquei o número de Fabi, que atendeu no terceiro toque.

— Oi, amiga — falei assim que ela atendeu.

— Ih, que tom de voz é esse? O que aconteceu? Pedro está bem?

Ela realmente me conhecia bem, e me encheu de perguntas, até entender que estávamos bem, ao menos fisicamente.

— Então o bonitão do vizinho convidou você para morar junto com ele? — concordei com um resmungo. — E você recusou?

Minha amiga respirou um pouco mais forte do outro lado da linha, fazendo o celular chiar no meu ouvido.

— Eu entendo você, amiga. Imagino como deve se sentir depois de tudo o que passou com Otávio. E se Diogo te ama de verdade, não vai ser um resposta negativa que irá afastar vocês dois.

Ouvir aquilo da minha amiga me fez sentir mais aliviada, como se alguém me afirmasse que estava fazendo algo certo.

Conversei mais um tempo com ela, dando notícias de Pedro, e marcamos um dia para que pudesse nos visitar. Mas uma buzina interrompeu nossa conversa e tive que atender.

Só não sabia que isso poderia ser o maior erro que eu poderia fazer. Eu ainda teria que lutar mais um pouco para conseguir a minha paz.

O Cowboy, a Viúva e o BebêOnde histórias criam vida. Descubra agora