19-O cio começa hoje

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A idosa ergueu os olhos lentamente, e Taehyung sentiu que poderia perder o equilíbrio com a visão a frente.

Porque era ela, realmente ela, bem ali; na sua frente, e aquilo era mais do que poderia imaginar.

Chegava a ser irreal, difícil de se acreditar.

Os mesmos cabelos lisos e levemente arrepiados e presos a um coque, suas roupas com estampas de margarida eram exatamente as mesmas, cada ruginha estava ali, e sua pinta no queixo continuava chamativa como sempre.

Taehyung nem se dava conta do quanto seu corpo estava tremendo, seu rosto já estava molhado de lágrimas e sentia sua pressão despencar, a mulher que o criou com tanto amor, mas também disciplina, que o ensinou o conceito de respeito, e que sempre deu os melhores conselhos estava bem ali.

E desta vez não era em um caixão.

-Taehyung?-ela fechou levemente os olhos, a iluminação do ambiente atrapalhava a visão.

Apenas seu nome.

Foi tudo que Taehyung precisou escutar para ir até a avó e a abraçar, sentiu um cheiro leve de gengibre e mel, não estava surpreso; eram as balas favoritas dela.

O Kim chorava tanto que chegava a soluçar, já a Kim tinha uma expressão confusa, mas não o afastou, apenas deu alguns tapinhas em suas costas.

-A-a se-senhora... está aqui mesmo?-perguntou, tocando o rosto enrugado da velha, passando os dedos por suas bochechas e descendo ao queixo, ela tinha uma expressão de total choque, como se tivesse de frente para um louco.

Taehyung estava tão focado em se assegurar que ela existia, que nem se deu conta do quão assustada estava ficando por ele literalmente virar seu rosto para lá e para cá, em uma tentativa de ter certeza que era realmente ela, e não outra pessoa disfarçada.

Aquilo era uma utopia total para o ídolo.

-Kim Taehyung!-Ela deu um leve tapa em seu braço quando o neto começou a bagunçar seu cabelo, e até mesmo a bronca que recebeu fez Taehyung rir feito bobo, enquanto ainda chorava, ele mal conseguia falar, estava quase hiperventilando, com o rosto já vermelho pelo choro.

-Mas que bicho te mordeu?-perguntou, coçando a cabeça, Taehyung apenas limpou as lágrimas e nao queria soltar o braço dela, com medo que desaparecesse.

Nem se importou se aquilo soaria estranho ou se o outro Taehyung não era tão sentimental, nada daquilo parecia ser o suficiente para tirar seu sorriso do rosto, nem a expressão dela.

Tentou novamente falar algo, ao menos perguntar como ela estava, mas estava mudo, bastava olhar para o rosto da velinha que voltava a chorar e a abraçar.

-V-vó...-fungou chorando, deixando um beijo na mão salpicada de pintinhas, ela sorriu ainda que confusa com a reação dele.

-Pelo visto estou precisando infantar mais umas vezes.-A Kim disse, rindo. E Taehyung arregalou os olhos, negando com a cabeça desesperado, ela nao deveria falar aquele tipo de coisa nem de brincadeira.-Mas...cadê seu ômega?-Perguntou, esticando seu pescoço, confusa. Taehyung curvou as sobrancelhas, e negou com a cabeça.

-O-ômega?-perguntou, tentando entender a que ela se referia.

-Como que ômega? O Jungkook!

Taehyung a encarou, supreso. Ela estava falando do Jeon? Mas por que se referir a ele como "ômega" será que tinha algo haver com aquela história de casta identificatoria? Se se lembrava bem Jungkook havia lhe dito que Taehyung era um Alfa Lúpus, mas o Kim não fazia ideia do que aquilo significava.

-Ele...e-ele está com o bebê, só pode entrar um por vez.-Disse, passando os dedos pelo braço dela, ainda em choque. Teve que falar lentamente para não correr o risco de gaguejar demais. Fungou tentando relaxar, e a abraçou de novo, recebendo uma risada leve.

-Por que de tanto choro? Eu não morri ainda.-O repreendeu com um sorriso, e o de Taehyung murchou na hora.

Porque infelizmente ela já havia morrido.

Mas isso não importava, ela estava na sua frente e era isso que realmente valia, iria aproveitar cada segundo.

-E-eu estou feliz que esteja bem, vó.-Sussurrou, usando a camiseta para limpar as lágrimas, seu nariz estava inchado e seus olhos úmidos.

Os dois escutaram uma batida na porta, era a enfermeira.

-Bom dia, senhora Kim. Esta pronta para fazer seus exames? -A mulher perguntou, sorrindo.-Oh! Está com companhia?

-É meu neto, Taehyung. Hoje ele está bem emotivo hoje.-Deu um tapinha no ombro do Kim, que sorriu.

Será que o hospital se incomodaria se o Kim ficasse no quarto até que ela fosse liberada? Ele não se importaria de esperar, pelo contrário, a ideia de sair dali o incomodava profundamente, não há via a anos e só de pensar em a perder por uma segunda vez...

-Entendo, o senhor pode esperar lá fora enquanto fazemos alguns exames? Prometo que não vou demorar. -a enfermeira parecia um pouco surpresa por ver o rosto do Kim inchado pelas lágrimas, mas não disse nada.

-E-eu não posso ficar?-Perguntou, desesperado. Estava com medo dela desaparecer, não queria sair dali.

-Infelizmente não, mas eu serei rápida, prometo.-assegurou, e Taehyung foi acompanhado até a porta, contra gosto.

Era realmente necessário sair da sala?

Encarou a vó por uma última vez, e ela sorriu, o Kim respirou fundo e se sento em uma das cadeiras do corredor.

Estranhamente, Jungkook não estava ali, olhou ao redor, confuso.

Decidiu procurar pelo amigo, afinal como iria se virar naquele lugar sem o Jeon? Nem conseguia acessar o celular direito, Fora que era estranho que ele tivesse sumido.

Caminhou pelos corredores, e finalmente encontrou o outro, ele estava na área de alimentação, haviam alguns pacientes sentados nas mesas distribuídas pelo local, mas Jeon não estava comendo nada, ao contrário do bebê; que devorava a mamadeira. Os dois estavam em um canto afastado.

Se aproximou, e sentiu o cheiro de ganache, forte e intenso, engoliu o seco.

Que vontade era aquela?

Jungkook notou a presença de Taehyung, e rapidamente se levantou.

-Como foi com ela?-perguntou com uma feição preocupada, os olhos do Kim ainda estavam vermelhos.

-Foi....foi bom, mu-muito bom.-Assentiu com a cabeça, sua vontade era voltar para a sala e ficar abraçado a ela pelo resto do dia, mas infelizmente não podia.

Jungkook assentiu com a cabeça, e desviou o olhar.

-Só estava te esperando para falar que e-eu...vou ter ir para casa.-Explicou.-Já liguei para a babá do Soobin, e vou deixar ele com ela essa semana.-Disse, visivelmente tímido, e com um tom de voz mais baixo, Taehyung ficou confuso.-E-eu posso te mandar o endereço, mas talvez prefira ficar em um hotel.

Por que deixar o filho com a babá por uma semana? Isso não fazia sentido.

-Por que?-perguntou, ainda sentindo o aroma doce, Jungkook abriu e fechou a boca seguidas vezes, e parecendo surpreso que Taehyung não soubesse.

-Meu...me-meu cio.-explicou.-acho que ele vai vir hoje a noite.-disse, sem encarar Taehyung. -E-eu sei que você está muito confuso e tem suas coisas para resolver, não precisa me ajudar, e-eu só...vou tentar me trancar no quarto até que as coisas melhorem, e-eu vou ficar bem.-Jungkook parecia não ter certeza nenhuma do que dizia, sua voz esbanjava insegurança.-Eu já estou meio que acostumado a passar ele sozinho.

Alternative.-(ABO) Vkook-TaekookOnde histórias criam vida. Descubra agora