Epílogo

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5 Anos depois.


saudade

substantivo feminino

sentimento melancólico devido ao afastamento de uma pessoa, uma coisa ou um lugar, ou à ausência de experiências prazerosas já vividas (freq. us. tb. no pl.).
"s. de uma amiga"

BRASILEIRISMO•BRASIL
certa cantiga entoada em alto-mar por marinheiros.


William Blake escreveu uma vez que existiam coisas conhecidas, e existiam as coisas desconhecidas, e entre elas haviam portas. Eva Mohn não acreditava em uma verdade absoluta. De vez em quando as pessoas te surpreendem, a maioria é mais forte do que pensa, e também podem ser incrivelmente traiçoeiras. Ainda assim, ela ainda se pegava pensando em como nada mais era o mesmo. Sentir saudade do que ela era alguns anos atrás era bom, como se lembrasse que ela estava viva. O que aconteceu com todos nós? Como nos tornamos tão destrutivos, como esquecemos de amar de volta?

Eva Mohn não se considerava uma pessoa melancólica, mas havia uma certa beleza no sentimento de nostalgia que preenchia seu coração. Ela sempre acreditara que as pessoas sempre partiram de sua vida, sem olhar para trás, sem questionar. Ela nunca foi muito boa em fechar ciclos, e entender que cada coisa tem seu tempo. E então, quando foi a sua vez de partir, foi como se seu coração estivesse destruído. Não havia um ponto de retorno depois disso.

Às vezes parece que foi ontem, e às vezes parecem as lembranças de outra pessoa.














Respiro fundo enquanto me encaro no espelho pela milésima vez naquele dia. O vestido com caimento perfeito feito sob medida batendo em minha pele, enquanto meus cachos batem em meus ombros. Às vezes eu me pergunto como cheguei aqui, como todos nós nos tornamos essas pessoas.

— Ansiosa para amanhã? – a voz de Noora ecoa do meu telefone e por um momento eu percebo que havia me perdido em meus próprios pensamentos.

Faço uma careta tentando acalmar a voz dentro de mim que repetia que essa não era uma boa ideia. pego meu telefone em minha escrivaninha encontrando o rosto da minha melhor amiga me encarando preocupado, tentando formular o que quer que se passe na minha cabeça nesse exato momento. Eu não era a mesma adolescente de alguns anos atrás, e ainda assim, as borboletas no meu estômago ainda poderiam me enganar.

— Eu também poderia te perguntar a mesma coisa. – digo divertida e vejo minha melhor amiga revirar seus olhos dramaticamente.

Esse era o engraçado sobre a vida: ela nunca é o que você planeja por mais que você tente. Ainda assim, mesmo depois de 5 anos, aqui estamos nós. O casamento de Nathan seria amanhã, o que significava que nós estaríamos fazendo uma viagem ao passado. Um passado que nenhuma de nós duas gostaríamos de enfrentar.

– Rachel já me ligou mil vezes. – minha melhor amiga murmura mal humorada e eu prendo o riso. A noiva do meu irmão havia tornado os últimos 5 meses um inferno na terra com planejamentos. – Você se lembra há 5 anos atrás, quando eu te disse que ela não era uma boa pessoa? Eu nunca estive mais certa sobre isso.

Gargalho sabendo que nada disso era verdade, pelo menos não mais. Enquanto eu cursei Direito em Harvard, elas tinham ido para a mesma faculdade em New Haven, e dividiram um dormitório por alguns anos. Noora era a madrinha do segundo filho de Rachel.

– Você vai ficar bem–- murmuro ajeitando meu vestido enquanto me sento na cama – Mas se você se atrasar amanhã, eu não garanto a sua sobrevivência.

– Certo. E Eva? – ela diz enrolando uma de suas mechas e eu a encaro – Você se lembra o que eu te disse naquela noite antes de você ir para a faculdade?

Resiliência (ChrisxEva)Onde histórias criam vida. Descubra agora