Capítulo 18

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futuro
substantivo masculino
1.
tempo que se segue ao presente.

2.
conjunto de fatos relacionados a um tempo que há de vir; destino, sorte."previdente, cuidou do seu f."

3.
gram tempo verbal que situa a ação ou o estado num momento posterior ao momento em que se fala.

4.
adjetivo
que ainda está por vir.

Eva Mohn tinha pavor de pensar em algo que planejasse sua vida. Claro que quando se é criança, você imagina que algum dia o seu final feliz chegue acompanhado de um príncipe em um cavalo branco. Mas crescer era diferente disso. Passamos a maior parte do tempo tentando prever o que ainda estar por vir, como se isso aliviasse o impacto. Como se pudéssemos mudar algo.

Mas Eva Mohn sabia que uma coisa era certa:
o futuro nunca é como nós planejamos.

E às vezes ele vem acompanhado de nossos maiores medos.


- O que vocês sabem sobre senso comum? - Domenica pergunta e eu mantenho os olhos em qualquer coisa que não seja a pessoa ao meu lado.

- Senso comum é o entendimento passado de geração em geração, que não possui comprovação científica – Geórgia responde.

Talvez ela fosse a única que realmente prestasse atenção em alguma coisa dita por Domenica.

- Correto, como sempre. – a professora de literatura diz e eu posso ouvir alguns alunos caçoarem. – Senhor, Schistad... você poderia me dizer o que diferenciaria senso comum de mito?

- Não – ele da de ombros e Domenica ri.

- Talvez você soubesse se estivesse prestado atenção em alguma aula – ela diz divertida e Christoffer bufa. – A diferença é clara, o mito é mais fantasioso. Deixe-me perguntar algo, existe alguma coisa mais fantasiosa que o amor?

Ergo meus olhos em sua direção e Domenica sorri antes de andar pela sala. Ela sabia como chamar nossa atenção.

- Quantos de vocês já amaram? – ela pergunta e algumas pessoas levantam a mão enquanto outras parecem pensar. – Não se acanhem...

Levanto minha mão o mais entediada o possível e posso ver que, agora, apenas algumas pessoas não haviam levantado. Noora, que estava do outro lado da sala, sorri em minha direção e eu retribuo.

- É um mistério como nos apaixonamos, por quem nos apaixonamos e o motivo de nos apaixonarmos. Mas a gente se apaixona. – Domenica diz ainda andando pela sala e eu estalo meu pescoço. Eu estava cansada de toda aquela conversa. – E é por isso que o primeiro trabalho de vocês será sobre o que vocês entendem sobre se apaixonar. Se a resposta for "nada", bem... Faria todo o sentido. Mas eu quero que vocês dissertem sobre o que já sentiram ou já ouviram sobre. Conversem com as duplas de vocês, se conheçam.

Bufo sentindo meu estômago revirar. Conversar com Christoffer não estava em meus planos.

Não nessa vida.

Fecho os olhos tentando evitar qualquer lembrança daquela manhã. Contudo, tudo isso parecia inevitável. Cada pedaço do meu corpo ainda tremia.



-Isso não deveria ter acontecido - ele murmura irritado pondo a mão na cabeça e eu arqueio as sobrancelhas.

- Eu não poderia concordar mais com você – digo debochadamente e ele bufa.

- Você não entende – meu ex diz entredentes – Isso não poderia ter acontecido. Merda, Eva.

Abro os olhos frustrada e batuco impacientemente na mesa. O fato de Christoffer ser minha dupla não me ajudava em nada.

- Eu sei que para alguns de vocês essa tarefa parece impossível, mas eu preciso que vocês deem o melhor de si. Senhorita Sætre – A professora de literatura diz parando em frente à mesa de Noora – Defina o amor em uma palavra.

O silêncio agora era estranhamente desconfortável. Todos pareciam ansiosos com a resposta de Noora.

- Eu não sei – ela diz sem desviar seu olhar da mesa.

- Ora.. Vamos lá, eu tenho certeza que você tem algo a dizer – Domenica diz sem se mover e Noora bufa impaciente. – Apenas fale ao que o amor te remete.

Noora ri morbidamente e eu posso dizer algumas das respostas plausíveis que passam em sua mente.

– Dor. – ela sussurra desviando seu olhar pra Domenica, e a mesma assente.

Ela nunca esteve tão certa em toda a sua vida



- Sai da minha casa – grito sentindo meus olhos arderem e Christoffer bufa entediado. - Como eu realmente pude amar alguém como você?

Meu corpo todo parecia doer.


- Qual é, Eva. Nós dois sabemos que você nunca me amou. Eu era apenas bom pra merda do seu ego. Ou talvez eu te fizesse se sentir melhor sobre sua vida miserável.

Meu queixo cai em questão de segundos. Ele não podia estar falando sério.

- Agora tanto faz. – murmuro sentindo meu queixo tremer e meus olhos encherem de lágrimas – De qualquer forma, não é como se você me amasse, não é? Por que se não destrói a pessoa que ama, Christoffer.


- Por que é tão difícil perdoar alguém que nos machuca? – Domenica diz sentando em sua mesa – Todo mundo fala tanto sobre seguir em frente, mas não é tão simples quanto parece. Quando alguém nos machuca, queremos feri-lo da mesma maneira, atingir seu ponto fraco.

- Talvez por que não se perdoa algo que ainda te assombre – Amélia responde encarando Domenica.



- Para de agir como se você se importasse – Christoffer diz morbidamente e eu rio debochadamente. – Não é assim que as coisas funcionam pra vocês? Os Mohn nunca se apegam demais à alguém. Se apegar é fraqueza, certo? Talvez seja por isso que vocês todos terminem  sozinhos. Talvez essa seja sua maldição.

- De que merda você está falando? Não culpe a minha família pelos seus erros. – grito sentindo a irritação tomar conta de mim. – Você está certo. Zombe das pessoas que passam por cima de tudo para terem o que querem. Mas não se esqueça que no final, não fui eu que acabei sozinha.

- A única maneira de se livrar de uma sombra, é desligando as luzes. – Domenica diz e Amélia a encara surpresa pela resposta. – Se livre do que te assombra, corra o mais rápido possível da escuridão. Mas a dor ainda continuaria lá, certo? Diferentemente da dor física, que pode ser diminuída com morfina, a dor emocional te sucumbe até que você supere. Talvez todos nós tenhamos que passar por isso. Quando doí tanto que você acha que não pode mais respirar, então você descobre que você é forte. E sobrevive.

NOTA DA AUTORA

OI GALERA. Queria informar vocês que eu comecei a escrever outro capítulo e aí desisti dele no final. Tava ridículo demais. Aí decidi tentar de novo e aqui estamos nós.

No meu último capítulo a fic tinha acabado de chegar a 10k de visualizações, e agora estamos no 16k e alguma coisa. Chocada em Cristo. Eu tô com um problema pra editar esse flashback e tá me incomodando o fato de ter posto em negrito, mas quando eu ponho só em itálico talvez confundisse vocês e seila.

Ps: queria informar que quase exclui o capítulo 17 sem querer e tremi na base.

Comentem e votem.

See you soon.



SOBRE A AULA DA DOMENICA : https://www.facebook.com/DiferentonaOficial/videos/2034110853484792/

Resiliência (ChrisxEva)Onde histórias criam vida. Descubra agora