Capítulo 22

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- O que você pensa que está fazendo?  - a voz entediada de William preenche meu quarto e eu arqueio as sobrancelhas enquanto visto minha camisa.

- Construindo uma máquina do tempo. – murmuro debochadamente e ele bufa - O que você acha que eu estou fazendo?

- Você sabe muito bem do que eu estou falando. – meu melhor amigo diz encostando a cabeça na parede e eu me viro em sua direção.

- O mesmo que você fez com Noora. – sussurro debochado e ele grunhe. – Péssima ideia, por falar nisso.

- Você acha que eu não sei disso? - ele diz irritado passando a mão em seus cabelos e eu assinto sabendo o quão machucado ele estava. – Eu fiz o que precisava ser feito.

- Voce não tinha nada a ver com isso. – digo enquanto procuro meu celular e ele ri amargurado.

- Você é meu irmão. – ele diz dando de ombros enquanto anda em direção a minha escrivaninha eu o encaro.  – Nós crescemos juntos, e isso não envolve só você.

- Que seja.

- Achei que você tivesse se livrado dessas coisas. – ele diz enquanto segura um porta retrato com uma foto antiga minha e de Eva.

Faço uma careta tentando desviar de seu olhar inquisitivo. Eva havia deixado todas as coisas que remetiam ao nosso relacionamento há algumas semanas. O plano inicial parecia fácil demais: jogar tudo na primeira lixeira que eu encontrasse e seguir minha vida como sempre fora antes dela.

Contudo, a caixa continuava exatamente no mesmo lugar.

Onde ela pertencia.

Como algum tipo de lembrete constante de toda merda que eu havia me metido por livre e espontânea vontade.

- É só uma caixa. – murmuro e ele arqueia as sobrancelhas rindo divertido. – Cuide de seus próprios problemas.

- É o que eu deveria fazer mesmo. – ele diz se jogando na minha cama. – Mas então você não saberia algo que eu sei.

Franzo o senho encarando o bastardo deitado na minha própria cama.

- E o que você sabe?

- O que você tem a perder? – ele diz divertido o encaro entediado – Ela saiu da cidade.

- O que? – digo baixo o suficiente para duvidar que ele ainda estivesse me ouvindo.

Mas ele estava.

William me encarava como se eu estivesse pronto a desmoronar a qualquer momento.

E talvez, em algum tipo de universo alternativo, eu estivesse.

- Parece que ela decidiu voltar a morar com o pai. – ele diz pisando em ovos – Mas algumas pessoas estão dizendo que ela decidiu ir para Bahamas. Até que faria mais sentido, não é?

Sim, faria.

Eva odiava praias. Contudo, ela odiava ainda mais seu pai.

- São apenas boatos. – ele diz me encarando e eu engulo seco." – Metade das coisas ditas nessa cidade são apenas delírios dessas pessoas desocupadas. E você conhece a Eva, ela odeia o pai mais do que qualquer pessoa nesse mundo.

Resiliência (ChrisxEva)Onde histórias criam vida. Descubra agora