"Não posso cansar,
Não posso falhar,
Será que vou quebrar o que me faz quebrar?"
(Estou Nervosa - Encanto, Disney)

Brianna

Uma sapatada na cara. Eu deveria ter avaliado o risco de entrar no meio de duas crianças maiores brigando na escola. Fui chamada para substituir a professora dessas crianças, e fui totalmente despreparada para o caos que não ter a professora preferida em sala seria. Uma definitivamente não gostou, a outra aparentemente não estava de bem com esta que não gostou e na tentativa de intermediar o conflito, o sapato acertou minha cara.

— Que hematoma é este no seu olho, ruiva? — um colega de time do Harvey, Benny, é o primeiro a me ver na academia.

— Nas mãos de uma criança irritada, um sapato é a melhor forma de ataque. E funciona.

— Uma criança? Brianna, você precisa inventar uma desculpa melhor que essa hoje. O Hayward parece que colocou a cueca ao contrário, está bem estressado.

Bom, não é uma desculpa, então é o que posso oferecer. Caminho até onde o meu chefe está, e sento na minha cadeira para esperar ele terminar o elíptico para irmos pra casa, mas minha bunda mal toca a cadeira e ele está segurando o meu queixo.

— Que merda aconteceu com o seu olho?

— Uma criança jogou um sapato em outra e eu estava no meio e...

— A verdade, Brianna.

— Essa é a verdade! — digo, frustrada. Tem até a marca do metal do cadarço na minha sobrancelha, por que ninguém acredita em mim?

— Olha, eu sei que você mente sobre algumas coisas para ninguém saber da sua vida, mas você precisa ser honesta, porque eu não vou arriscar a segurança da minha família por sua culpa.

Ele ainda acha que... olho para o chão, fingindo constrangimento.

— Você tem razão. Eu não posso deixar que quem fez isso entre na sua vida. Mas tenho que ligar para alguém antes de te falar. — ele solta o meu queixo e eu pego o celular, fazendo o movimento de clicar em números, mas sem clicar. — Oi, Steve? Então, eu preciso contar. É, ele está me pressionando. Qual é Steve, nem é mais um segredo. Todo mundo conhece a iniciativa Vingadores a essa altura.

Ele não gosta nem um pouco da minha piadinha, então eu guardo o telefone e olho para ele.

— Foi uma criança, Harvey. Você deve atender várias no hospital. Eu vi a enfermeira da escola, ela disse que vai ficar tudo bem.

— Não vai ficar nada bem se você não me contar a verdade.

— Essa é a verdade.

— Brianna, você precisa entender uma coisa, e eu vou falar só uma vez, então você precisa escutar. Não é porque você não se preocupa com a sua família que todo mundo é assim.

Isso me faz sentir tão... tão... vazia que ligo o automático. Levanto, pego a minha bolsa e saio. Ele vem atrás de mim.

— Ei, para onde você está indo? Você vai me levar para casa hoje, esqueceu? Ainda não terminei meu treino.

Me viro para ele.

— Peça para a sua adorável família te buscar aqui. Você pelo menos pode falar com eles.

— Isso é por causa do que eu... Brianna, você passa os feriados todos no sofá enchendo a boca de bolinha de queijo. Deixa o celular desligado. Eu sei porque tento ligar para você e está sempre desligado! Desaparece da face da terra durante eles, passa o seu aniversário trabalhando, o que é para alguém pensar?

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