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Harvey

Sem fazer ideia de onde a Brianna está e preocupado que ela possa ter feito algo contra si, entro em desespero e ligo pra Julia, sentindo uma pontada no estômago quando o computador à minha frente carrega os resultados de busca que fiz. O vídeo está em todos os lugares. Ela me atende, e eu ando de um lado para o outro na sala da minha casa, conversando com ela sobre onde ela pode estar, e quase tropeço na mesinha de centro quando ela diz onde.

— Não faço ideia, Harvey. Não faço a menor ideia. Não conheço Boston. Merda, nem se ela estivesse em Washington eu saberia onde poderia estar.

Washington é simplesmente longe pra caralho.

— Washington? Do outro lado do país? — é impossível que ela já tenha chegado lá, mas não terei como saber onde está se estiver indo ido para lá.

Ela responde que é a capital, não o estado, mas que ela não iria para lá a toa. Eh, essa parece ser mais uma peça sem encaixe no quebra-cabeças caótico que é a Brianna. Depois que ela promete que vai derrubar o vídeo, me pede para avisar quando ela estiver em segurança, o que me frustra. A Julia é a única pessoa que eu sei que conhece a Brianna fora dos círculos profissionais, como eu acharei ela sozinho? Será que terei que envolver a polícia neste caso? Sem a Brianna para controlar a situação, isso provavelmente viraria notícia e eu passaria a ser acusado por pessoas que não se interessam em saber a verdade. Mas se eu não conseguir saber que ela está bem sozinho...

Procuro ela nos lugares óbvios. A casa dela, o centro de treinamento, a academia - vai que fazer exercícios seja um meio dela extravasar? Mas não é, então continuo procurando. Ela não está em lugar nenhum, merda. É como se tivesse sido abduzida. Tento desviar o foco da proporção que isso pode tomar fazendo algo que eu não faria normalmente: entrando nas redes que são domínio da Bri - as minhas - e divulgando que estou em um relacionamento com a queridinha de Hollywood. Não sei se vai funcionar, se conseguirei puxar o foco para nós, mas sei que a Nara não desaprovaria isso, já que adora atenção. Derrotado e sem ter mais o que fazer para ajudar, vou para o único lugar que me resta: a delegacia, onde reportarei o desaparecimento dela. E é impossível descrever o meu alívio quando encontro ela lá, sentada no chão, a cabeça entre as pernas, fazendo exercícios de respiração.

— Bri?

Ela não está nada bem, mas pelo menos não parece estar ferida. Com o desespero dela, é necessário checar mais a fundo, mas no momento me contento com o abraço apertado que ela me dá. Seguro ela, amparando o choro descontrolado.

— Não, não fica assim. — digo, consolando ela. — Ei, você vai ficar bem. Quem quer que tenha compartilhado aquele vídeo, vai pagar por isso. Você vai fazer eles engolirem esse vídeo.

— Não, Harvey. No contrato dizia que... — ela mal consegue falar. Meu coração fica pequenininho com o sofrimento dela. — Dizia que u-uma vez gravado, eu n-não poderia reclamar nada sobre o vídeo.

— Essa é a cláusula mais abusiva que já vi, e olha que já vi muitas. Tenho certeza que a Julia está fazendo alguma coisa sobre isso.

— V-você fa-alou com e-ela?

— Sim. Não perguntei o que fará, porque sei que está fazendo alguma coisa e não sei se essa coisa está nos parâmetros da lei, não me importo se não estiver. Não neste caso.

Se eu soubesse quem fez isso, dificilmente agiria dentro dela. Ninguém que faz a Brianna chorar - e chorar tanto assim - merece diferente. A garota enfrenta o que for sem tremer um músculo, para chorar assim, só imagino quão horrível quem fez isso seja. Ela agarra a minha blusa, desesperada.

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