double life - maralila

chapert three

O silêncio naquela sala estava se tornando ensurdecedor, quase tão gritante e barulhento quanto um estádio de futebol, aquilo estava me deixando mais angustiada a cada segundo que se passava.

A mulher em minha frente não reagiu nem por um minuto. Não se movia, e sua boca não proferiu nenhuma palavra desde que entrou nessa sala. Maraisa apenas me observava atentamente, e parecia me analisar. E eu, bem.. Eu me sentia novamente como aquela adolescente apaixonada, traída tantas vezes pela namorada que tanto amava, eu já sentia minhas pernas bambearem.
Mas, eu decidi que não seria dessa forma. Não seria outra vez.

Maraisa não chegaria na minha vida novamente bagunçando tudo, não depois de todo o tempo que eu levei pra arruma - la. Eu não sou mais aquela garotinha boba por ela, dentro dessa sala somos apenas duas mulheres adultas, que se reencontraram apenas por um motivo:
tratar de negócios.

E, era somente isso que faríamos. Resolvi que iria trata - la com o máximo de profissionalidade existente em mim, e no que dependesse de minha pessoa, nosso passado não seria citado uma vez se quer. O que eu não sabia, é que não citar nosso passado não estava nos planos de Maraisa.

—
Marilia: Bom dia, senhorita Pereira.
Queira se sentar por gentileza, sinta - se a vontade.

Maraisa me fitou no mesmo instante com aquele olhar que eu conhecia muito bem. e com a voz carregada de cinismo me respondeu enquanto sentava na poltrona bem a minha frente:

- Bom dia minha Loira, e obrigada pela gentileza.  Você sumiu, não? Quanto tempo!

Por minha vez, a repreendi com o olhar, e a corrigi.

Marília: Eu ficaria grata se tivesse ao menos a decência de me chamar de Srtª Mendonça, Maraisa. E, eu não sou mais sua. Aliás, isso já faz um bom tempo, e creio eu que você não possui nenhum grau de amnésia. Inclusive, também acredito que eu não tenha sumido o suficiente, uma vez que você acaba de me encontrar.

Maraisa: Qual a razão de toda essa raiva, meu amor? Vamos lá, iniciaremos esse diálogo outra vez, não seja tão agressiva, Marília.
e você sabe que eu aind...

Quando Maraisa estava prestes a terminar sua fala, eu a interrompi.

- Bem Senhorita Pereira, acredito que realmente precisamos de um diálogo mais pacífico, mas se não se importa, eu gostaria de tratar apenas de negócios com vossa pessoa, apenas isso. Eu peço que seja profissional.

Ela mantinha um dedo entre os dentes de uma forma sexy enquanto me encarava. Eu não pude deixar de notar seus lábios, tão convidativos, e aquela boca sempre corada que eu conhecia tão bem. Ela então quebrou o contato visual, e abrindo suas planilhas me respondeu:
- Certo, Senhorita Mendonça. Seu pedido foi acatado.

Ela carregava uma malícia ao pronunciar meu sobrenome, e aquilo me trazia sensações e lembranças que a tempos eu havia custado pra conseguir esquecer. Morena dos infernos!