Capítulo VII

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Pedro e Miguel haviam concordado em passar uma única noite juntos, por isso desfrutaram intensamente cada minuto que tiveram um com o outro, o objetivo era saciarem seus desejos sem qualquer compromisso e seguirem suas vidas como se isso jamais tivesse acontecido.

No entanto, tudo para o que aquela noite serviu foi para intensificar todos sentimentos que os afligiam.

Antes mesmo de ficarem tão íntimos, Miguel já se sentia envolvido pelo cowboy, no entanto, Pedro que também estava atraído, acreditava que depois que tivesse tido um gosto do professor, conseguiria tira-lo de sua mente, mas como não foi isso que aconteceu, pedia forças pra que o que tinham feito não se repetisse, porque mesmo depois de todos aqueles dias, bastou um olhar sobre Miguel para que todas as sensações que tentou reprimir retornassem em pleno vigor.

Naquele momento, lembrou com nitidez, o sabor do beijo de Miguel, a textura de sua pele e o quão quente e prazeroso fora estar dentro dele, assim como tê-lo em si.

– Miguel veio nos avisar o dia da visita, meu filho. – Disse Elisa, empolgada por ver aquelas terras tomadas pelos jovens estudantes, como se produzir novas lembranças apagassem todos os males que cada grão de areia naquele lugar havia testemunhado, mas era sua maneira de buscar normalidade, e jamais deveria ser julgada por isso.

Pedro acenou positivamente, e Miguel informou-lhe sobre a data e horário, para se certificar se realmente seria possível, o que Pedro concordou, então explicou como realizaria a atividade. Naquele breve diálogo, conversaram normalmente, sem sombra de qualquer estranheza, o que deixou os dois mais confortáveis, mas sempre conscientes da proximidade um do outro.

– Ah meu filho, mostra o lugar onde vamos colocar a mesa de lanches. – Lembrou-se dona Elisa, empolgada com a ideia.

– Que mesa de lanches? – Indagou Miguel.

– Ô Miguel, pensei em colocar uma mesa com lanches no nosso pequeno laranjal, pra que os meninos possam recuperar as forças depois de andar por essas terras, não é uma boa ideia? – Explicou dona Elisa, empolgada.

Miguel não conseguiu deixar de sorrir com a delicadeza com que dona Elisa se preocupava com pessoas que nem mesmo conhecia, mas não achava certo que a senhora tivesse todo aquele trabalho.

– A senhora é tão atenciosa, dona Elisa! Agradeço muito por estar fazendo tudo isso por mim e meus alunos, mas não precisa ter todo esse trabalho com a gente... Vocês já estão sendo muito generosos em nos receber aqui. – Miguel disse, enquanto pegou a mão de Elisa entre as suas, agradecendo.

– Não tem trabalho nenhum, Miguel. Não se preocupe com isso... fico feliz em receber vocês e aqui nós tratamos nossas visitas bem, não seria diferente agora, rapaz. – Disse Elisa com seu tom divertido.

– Mas... – Miguel ainda tentou argumentar, e Pedro o impediu.

– É melhor você aceitar logo, minha mãe não é de desistir tão fácil, não tenho dúvida que ela terá fôlego pra se manter na mesma ideia o dia inteiro e ainda entrar pela noite. – Pedro comentou, sorriu e o incentivou a aceitar, Miguel surpreso pela maneira natural em que as coisas estavam fluindo entre eles, e por sentir que o cowboy não parecia afasta-lo como das outras vezes, sentiu-se motivado em aceitar.

– Tudo bem, mas a senhora me passa todos os gastos, o mínimo que posso fazer é arcar com os custos.

Dona Elisa empinou o nariz e quase montou um beicinho, o que Miguel começou a perceber que era algo que parecia fazer sempre que estava sentindo-se contrariada.

– Aí não seria eu a oferecer o lanche, mas sim você. Assim não tem graça. – Bufou, como se Miguel já devesse saber sobre tamanha obviedade. – E não vai ter gasto de nada. Farei tudo com a produção da fazenda, nós temos compotas, posso fazer um bolo, há muitas frutas pra fazer uma porção de sucos diferentes. Não se perturbe com isso não, pode deixar comigo que sei exatamente como fazer. – Disse e logo se dedicou a folhear o pequeno caderno de receitas que estava sobre a mesa e em uma folha limpa começou a escrever, planejando o que faria para os visitantes.

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