Capítulo XVII

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Era fim de tarde e Miguel corria em um parque muito conhecido na cidade de São José do Norte, era um local arborizado, tinham muitas áreas destinadas as pessoas que queriam se exercitar, quiosques que rivalizavam com alguns food trucks que disputavam a atenção dos clientes, um espaço com brinquedos para as crianças e um lago artificial na parte central, que era cercado por banquinhos, onde muitos aproveitavam para relaxar.

Em um dos quiosques, Pedro, Fátima e sua filha, tomavam um suco enquanto esperavam que Miguel terminasse sua corrida, e ali soube o quanto Fátima já parecia outra pessoa.

O semblante entristecido já não mais tomava o rosto de Fátima, que parecia ter se adaptado muito bem a sua nova realidade.

– Aqui é muito diferente, sabe Pedro... é tanta gente em um lugar só que as pessoas não se reconhecem apenas ao sair na rua, você tem liberdade para fazer o que quiser sem que todos saibam da sua vida e te julguem por isso... Adélia me deu uma grande oportunidade de trabalhar com ela no restaurante, mas quando estou de folga faço alguns bicos em um quiosque aqui no parque, tenho muito mais oportunidades... aqui as coisas finalmente parecem que serão possíveis pra mim... – Disparou Fátima e suspirou. – Pela primeira vez me sinto realmente feliz... Muito obrigada Pedro! De verdade! Você, Elisa, Miguel, Adélia... Vocês realmente mudaram a minha vida! Você então... acabou passando por coisas por minha culpa e mesmo assim...

– Não. Não diga nada. – Pedro pegou as mãos de Fátima entre as suas. – Eu fico muito feliz de que esteja bem. Você ter a oportunidade de viver algo diferente do que vivia antes já é uma grande satisfação pra mim. É muito difícil superar o que você viveu sem qualquer apoio, eu sei exatamente o quanto isso é terrível, a impotência que sufoca... então, poder oferecer apoio a alguém que teve a mesma experiência ruim que minha mãe e eu tivemos... é muito bom... isso fez bem pra você e pra mim.

– Nossa! Hoje liberei toda a energia que armazenei durante esse tempo que fiquei sem correr. – Disse Miguel em um só fôlego quando chegou a mesa, interrompendo a conversa dos dois, que riram da forma desengonçada com que ele sentou na cadeira.

– Falando assim parece que tava te mantendo preso. – Brincou Pedro e todos riram.

– Ei! Vocês estão só nesse suquinho?! Vamos pedir alguma coisa, depois dessa corrida fiquei morto de fome.

– Na verdade Miguel, seria ótimo ficar mais um pouquinho aqui com vocês, mas a sua mãe vai precisar de ajuda mais tarde no restaurante e ainda tenho algumas coisas pra deixar em ordem pra Clarinha levar amanhã pra escola. Então... eu tenho que ir.

– Ah, poxa Fátima! – Lamentou Miguel.

– Você vai pro restaurante hoje? – Fátima indagou.

– Ainda não sei... – Miguel olhou para o namorado. – Talvez. Eu e Pedro ainda não decidimos nada pra mais tarde.

– Tudo bem. – Fátima sorriu. – Se vocês forem, nos vemos lá então.

Fátima foi embora junto com a filha e deixou Miguel e Pedro sozinhos. O casal se sentou mais perto um do outro e pediram seus lanches.

– A Fátima me parece muito bem aqui. – Comentou Pedro.

– Ela está, né?! – Disse Miguel satisfeito. – E a Clarinha também, já parece super adaptada.

– Fico feliz com isso.

– Eu sei. – Murmurou Miguel, levando suas mãos para a nuca de Pedro e ali correu os dedos pelos cabelos do cowboy.

– Miguel?

Pedro e Miguel se assustaram com a aproximação repentina, e viraram para ver quem chamava o professor.

– Lucas! Nossa! Quanto tempo não te vejo. – Exclamou Miguel, levantando-se, indo abraçar o amigo.

Nos ventos de AcáciasOnde histórias criam vida. Descubra agora