Capítulo XVI

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 – Pedro! Você não pode fazer esforço! – Miguel repreendeu o namorado pela terceira vez só naquela última hora.

– Eu só vou ver como as coisas estão no estábulo, não vou fazer esforço nenhum Miguel.

– Sei exatamente o que quer dizer com "só vou ver como as coisas estão". Da última vez que você disse isso, acabou carregando a caminhonete inteira com aquelas caixas pesadas cheias de legumes e depois os teus pontos ficaram inflamados, lembra?

– Nem eram tantas caixas assim. – Resmungou Pedro, ao ter seus chapéu retirado e conduzido a se sentar novamente no sofá.

– Não, você sabe que não pode. E só está discutindo porque está aproveitando que a tua mãe foi no seu Cícero. A Elisa te coloca na linha, mas acha que comigo pode escapar, né?!

Pedro estava cansado de todos os cuidados que vinha recebendo, com a vida dinâmica que sempre levou, tendo de sempre se esforçar no trabalho árduo que a fazenda exigia, não conseguia se acostumar a calmaria que havia tomado sua rotina, os dias pareciam ter ganhado mais horas, e todas elas pareciam incrivelmente maçantes, a não ser quando Miguel estava lá para ele, mas ainda assim não conseguia esquecer que tinha muitas obrigações a cumprir.

– Você deveria me levar mais a sério... Eu posso ser bem malvado com você. – Com as sobrancelhas arqueadas e um tom perspicaz, Miguel alertou, apenas para receber um sorriso divertido de Pedro e ser puxado para sentar-se em seu colo.

– Pedro! O que eu disse sobre tomar cuidado? Quase bati no teu curativo.

– Que nada, tá tudo bem. – Afirmou roubando-lhe um beijo. – Tô com saudade de você. – Pedro deslizou os lábios pela bochecha de Miguel, passou por sua orelha e desceu para seu pescoço.

– Não. Nada disso. Dá última vez eu lembro exatamente onde essa saudade toda levou. Definitivamente, você não entende que não pode fazer esforço!

– Eu não vou precisar fazer esforço... fico feliz em deixar todo o trabalho pra você. – Pedro sorriu, e seus olhos estavam carregados com luxúria.

– Eu sei que tá tudo funcionando super bem aí embaixo, mas isso não quer dizer que já está curado aqui! – Disse Miguel, apontando para o curativo que Pedro mantinha cobrindo o ferimento próximo a sua clavícula, e aproveitando para escapar de seus braços, sentando-se na cadeira de madeira do outro lado da sala, para total desgosto de Pedro, que logo se pôs a resmungar. – Por que a gente não faz um lanche? A Elisa disse que deixou um bolo de abacaxi na mesa, ainda não fui ver essa beleza, vamos comer?! – Indagou, buscando mudar de assunto, apenas para receber um estreitar de olhos do namorado, que não parecia nem um pouco convencido, mas o seguiu para a cozinha.

– Desfaz essa cara, meu cowboy. – Disse Miguel puxando a cadeira para que Pedro se sentasse, e depois deixou um beijo em seus lábios.

Miguel já estava habituado ali, assim como Pedro também estava em sua casa, por isso sabia onde tudo estava guardado, e sem dificuldade encontrou tudo que iriam precisar e organizou na mesa, e por último pegou o suco que estava na geladeira, e os serviu.

Miguel puxou sua cadeira para mais perto de Pedro, e se acomodou para fazerem a refeição juntos, apoiou um de seus braços no encosto da cadeira e acariciou os cabelos do namorado, vendo como ele voltava a relaxar apenas com aquele simples toque.

– Quer mais suco? – Indagou Miguel e Pedro acenou, confirmando, o professor o serviu e quando ia colocar mais para si, acabou atingindo com o antebraço o copo de Pedro que tinha acabado de encher, fazendo com que a bebida entornasse sobre o colo do namorado.

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