New phase

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- Acho que temos algumas coisas para conversar. - John chamou a atenção de todos assim que entrou novamente no quarto.

Nicolas e Ryunjin sabiam que esse momento ia chegar pela maneira que John e Tasha pareciam tensos e cochichando pelos cantos.

Lucas havia acabado de se despedir. Ele voltaria para a Inglaterra para passar um tempo com sua família. Todos ficaram felizes com a notícia e nem precisaram prometer que continuariam se falando.

O laço que todos criaram era forte demais para desgastar com o tempo.

- Pode falar.

Nicolas se ajeitou melhor na cama de Ryunjin e entrelaçou seus dedos com os dela. Ele não se importava mais com nada além de mantê-la por perto.

- Primeiro, a mídia está falando. - O mais velho se sentou na poltrona ao lado de Tasha. - Principalmente da Ryunjin. Mas eles não têm informações concretas, então não daremos isso a eles. Mas os cartazes do seu desaparecimento estão por toda parte ...

A coreana concordou com a cabeça, refletindo um pouco sobre a proporção que tudo tomou

- Não precisa se preocupar tá bom? Vamos dar o tempo de a poeira abaixar e discutir o que vale a pena ou não contar.

O biólogo trocou um breve olhar com Tasha, que começou a falar:

- As medalhinhas foram entregues para os familiares, mas sem muitos detalhes. Então Nicolas... se for visitar os pais do Thomas, não pode falar demais, ok?

Foi a vez do garoto concordar com a cabeça e Ryunjin apertou levemente sua mão em sinal de conforto. Esse assunto provavelmente nunca se tornaria fácil para ele.

- Sobre tudo que aconteceu na ilha. - John voltou a falar. - Acho que devo explicações a vocês. Eu sabia que não era uma viagem para estudos. Receberia uma ótima grana para trazer aquelas relíquias. Então não sabia sobre os nativos, apenas sobre os animais. Sempre fiz esses tipos de trabalhos, mas nunca lidei com nada parecido. Eu não sabia como contar ou o que contar. Fiquei tão perdido como vocês.

- Tá tudo bem. - Nicolas disse com uma expressão calma. - Todos fomos vitimas.

- De qualquer maneira, você se redimiu depois, John. Nada do que aconteceu antes vale mais pra mim. - Foi a vez da coreana confortar o amigo.

- Agora sobre a exposição de tudo isso... é burocrático demais, temos um seguro de vida pelo perigo que corremos, mas não sei se alguém será devidamente penalizado porque não temos provas de nada. - John explicou.

- E eu acho melhor assim. - Tasha completou.

- Melhor assim?

- Que?

Ryunjin e Nicolas questionaram ao mesmo tempo.

- Eles nos mandaram pra um lugar daqueles ilegalmente, perdemos vários soldados. Olha quantas pessoas prejudicadas. Não tem essa de melhor assim.

O soldado encarou os outros amigos e parou o olhar em Tasha.

- Como vamos ter certeza de que eles não vão mandar alguém lá semana que vem? - A coreana questionou. - Nós já vimos que eles não temem nada. São alucinados.

- Eu concordo com vocês, mas vamos nos acalmar, nos recuperar e mais pra frente veremos isso e agiremos. - John trocou olhares com Tasha e voltou sua atenção para o casal a frente. - Na hora certa.

Todos concordaram e rapidamente trocaram o foco do assunto para um futuro mais próximo. Para onde iriam, como lidariam com os boatos acerca da investigação, sobre possíveis seguros de vida, indenizações e, acima de tudo, como continuariam cuidando um dos outros apesar dos medos que cada um enfrentava secretamente.

Nenhum deles estava necessariamente feliz.

Nicolas ainda sentia o peso das mortes queimar em seu peito e a saudade do seu melhor amigo cada vez mais forte.

Ryunjin ainda sentia medo, medo do desconhecido, medo da sensação de ter arriscado tudo por pessoas que sequer conhecia semanas atrás. Por mais que saiba que o mundo é cheio de possibilidades, não se sentia capaz de ir até as portas do hospital sem Nicolas e seus amigos. Ela não sentia como se conseguissem viver sem eles, ainda mais com tamanha exposição e o sentimento contraditório de ter deixado sua família para trás. O peso de ter matado alguém também não a deixava em paz.

Tasha e John por sua vez estavam tentando ser figuras de referência para os mais novos e dar a eles algum consolo. Porém se sentiam perdidos e feridos da mesma maneira que os demais. Nem mesmo John havia passado por algo parecido e Tasha sequer queria olhar para a câmera onde tirou fotos da ilha ainda do avião.

Entretanto queriam enfrentar isso juntos, enfrentar tudo junto.

Era o começo de uma nova fase.

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