Plothovisk

8 2 5
                                    

Nicolas permaneceu tentando achar alguma coerência nas falas da coreana até que o sol nascesse e só então percebeu que havia passado do seu horário.

Porém sabia que não conseguiria dormir de qualquer maneira.

- Bom dia, bundão - Thomas jogou um frasco com as rações e riu quando o amigo percebeu que estava vazio.

- Insuportável. - Ele jogou de volta e o loiro agarrou no ar, sentando ao seu lado, exatamente no mesmo lugar que Ryunjin na noite passada.

- A garota foi com Lucas e Valquez arrumar comida, mas não sei não. Você confia nela?

O loiro o encarou enquanto refletia sobre a pergunta

Ele confiava?

- E desde quando você me escuta pra algo?

Nicolas respondeu da maneira provocativa que constantemente usavam um com o outro.

- Eu queria saber para fazer o oposto -
Ambos riram e logo entraram em mais uma das conversas sem sentido sobre o que fariam ao sair dali.

•••

- Cara, porra, comida de verdade, nem parece real. - Thomas mordeu outra maçã e arregalou os olhos ao ver a carne de javali que John estava prestes a cozinhar. - Eu amo essa menina, sério, sempre soube que era confiável.

Nicolas desviou o olhar para Ryunjin, que se manteve quieta mesmo claramente ouvindo o comentário do loiro.

Porque ela continua tão fechada?
- Atenção! - McKurt apareceu, seguido de Smith e ambos pararam em frente ao grupo. - Estávamos conversando sobre nosso próximo passo e estamos perto de conseguir o que buscamos.

O soldado engoliu em seco.

- Creio que... ela - O tenente apontou para Ryunjin e Nicolas se apressou para informar o nome dela, mesmo que tal atitude tenha atraído olhares curiosos de todos os presentes - Bom ... Ryunjin, vai nos ajudar e no fim, nós a ajudaremos. Certo?

A atenção de todos se voltou para ela, que aparentava a mesma tranquilidade de sempre.

- Como vou ajudar sem saber o que é? - A coreana lançou um olhar firme para o mais velho e ele retribuiu.

- Vamos contar o que precisa saber e somente isso.

- Então sem ajuda.

Ela levantou e o restante do grupo, assim como Nicolas, permaneceu em silencio acompanhando a troca de farpas.

- Nós vamos salvar sua vida se nos ajudar.

- Eu não pedi nada disso.

Thomas soltou um "wow" baixinho e trocou olhares com o melhor amigo, ambos chocados com a audácia da garota.

- Calma, calma - John finalmente se pronunciou, levantando as mãos enquanto os dois ainda se encaravam.

- Não, sem calma. Ela aparece e desaparece quando quer, não nos passa nenhuma informação relevante e ainda se acha na posição de exigir algo? - O mais velho disse, sem paciência alguma na voz.

- O. Que. Vocês. Querem. Aqui? - Ryunjin falou pausadamente, agora intercalando o olhar entre os três líderes da missão.

- Nós viemos atrás da mina. - Smith falou e McKurt imediatamente virou de frente para o companheiro, o repreendendo.

- Que mina? - A coreana encarou Nicolas, como se buscasse identificar se sabia de algo, então ele apenas balançou a cabeça negativamente.

- Nenhuma, essa reunião toda acaba aqui - O tenente colocou as mãos no bolso e arrumou a postura.

- Senhor, ela é a única que pode nos ajudar. - Smith disse em uma tentativa falha de sussurro, já que todos escutaram.

- Como vocês têm a audácia de buscar algo em uma terra que nem pertence a vocês?

Para Nicolas a pergunta deveria ser: Como estão fazendo eles passarem por tudo isso? Em busca de que? Ouro?

- E a quem pertence essas terras? Quem são as pessoas que nos atacaram? - A pergunta foi feita por John.

- Os Plothovisk, eles são os donos daqui.

A garota soltou uma risada indignada antes de completar

- E se os atacaram claramente é porque oferecem algum perigo.

Silêncio.

Foi novamente predominante até que McKurt o quebrou, chamando Ryunjin, John e Smith para uma conversa a sós.

- O que é Plot sei lá o que? Uma tribo? Animais? Robôs? - Thomas iniciou um monólogo enquanto terminava as duas maçãs que tinha em mãos. - E se eles forem canibais?

- Estão nos alimentando pra isso então, Ryunjin deve ser uma deles. - Lucas completou.

Dúvidas e mais duvidas.

Nicolas só conseguia pensar que, se o que a garota o contou na noite anterior fosse verdade, como ela conhecia aquele suposto povo e como eles não a mataram?

Por fim, suspirou frustrado e ignorou a pergunta de Thomas sobre como sabia o nome dela e em que momento ela o contou.

Ele sentia que sua cabeça ia explodir.

--------------------------------------------------------------

Missing Onde histórias criam vida. Descubra agora