Missing

10/12/2018

- Atenção!

Smith os alertou ao ouvir passos percorrendo a floresta, mas ordenou descanso quando a garota surgiu mais uma vez, aparentemente cansada pela correria.

- Que idiota, porque ela não fugiu? - Lucas balançou a cabeça inconformado enquanto ela caminhava em direção a eles.

- Estão fora de perigo. - A asiática parou na frente do grupo e falou com uma naturalidade que beirava a estranheza.

- Uau, ela sabe falar outra coisa! - Thomas deixou escapar, mas acabou atraindo um olhar intimidante da baixinha.

- Obrigada. - Tasha se levantou e lançou um sorriso grato para a garota, que, para surpresa de todos, retribuiu.

Ela é uma caixinha de surpresas.

•••

Nada mudou.

Após tudo se acalmar e o tenente voltar, a garota se manteve firme na decisão de não responder nenhuma questão que viesse de um dos nossos líderes e até conversou com Tasha sobre o veneno que quase a matou.

Ela era de poucas palavras, mas salvou a vida do grupo diversas vezes.

John conseguiu convencê-la, com muito custo, a deixar que Smith fizesse curativos nos cortes que ele mesmo causara.

O destino e suas ironias.

Por fim, se abrigaram na beira do rio e o tenente passou por cima do próprio orgulho para pedir que a garota passasse a noite com eles e os ajudasse a concluir a tal missão.

Ela não concordou, mas também não negou e nem agrediu ninguém durante os primeiros turnos.

Milagre.

...

Como Nicolas sempre preferia, seu horário foi o das 4 horas e felizmente conseguiu dormir bem até lá.

Quando foi acordado por Thomas, aproveitou a água, agora em abundância, e lavou bem o rosto, sentando na margem por alguns minutos apenas para aproveitar a calmaria.

- Quem é? - Virou o rosto de uma vez ao ouvir passos e logo reconheceu a pequena silhueta se aproximando. - Pode dormir, as mulheres não fazem turnos.

Ele voltou a posição de antes e se manteve imóvel enquanto a garota se sentava ao seu lado.

- Me desculpa... por hoje. - A asiática disse baixo e continuou fitando a floresta quando o soldado voltou sua atenção para a mesma.

- Você pode não ter percebido, mas eu só estava querendo te ajudar.

Ok, ele sabia que a frase havia saído com mais mágoa do que pretendia, mas poxa, ela chutou seu saco.

- Eu sei.

Assim, simplista.

- Meu nome é Ryunjin ... Kim Ryunjin

Ela completou e o garoto repetiu mentalmente algumas vezes. Gostando da sensação

- É um nome diferente.

Ele voltou a atenção para a paisagem em meio a penumbra da fogueira.

- É coreano, eu... sou coreana.

Ela estava mesmo contando sobre sua vida para ele?

- O meu é Nicolas... Nicolas Baker. - Ele deu de ombros fitando a agua enquanto ela repetia seu nome em um tom quase inaudível.

- E o que faz aqui... Ryunjin?

De alguma maneira, era estranho para ele finalmente saber mais sobre ela e até mesmo chama- lá por um nome.

- Eu...

Ela suspirou antes de continuar.

- 10 de Dezembro de 2018.

O Soldado voltou sua atenção para ela e balançou a cabeça, a incentivando a continuar, mesmo que a garota não estivesse olhando diretamente para ele.

- Meu avião caiu e, de alguma maneira, a mais improvável de sobreviver está aqui, desaparecida.

Ela riu de maneira triste e deitou a cabeça nos joelhos, focando o olhar nele.

- Mas... o tenente disse que essa ilha foi recém descoberta

- Seu tenente está mentindo.

Novamente, simplista.

- Você quer mesmo que eu acredite que está presa em uma terra até então desconhecida há 3 anos?

Ele disse de maneira ríspida, mas não intencional, e pelo jeito que ela balançou a cabeça negativamente, provavelmente percebeu o tom nada gentil.

- Não, não quero. - Ryunjin se levantou bruscamente e olhou rapidamente para ele quando, por impulso, segurou seu braço para que não fosse.

- Espera, eu não deveria...

Começou a se justificar enquanto ela usou a outra mão para soltar a dele devagar.

- Boa noite Baker.

A garota, a qual tem mesmo um nome, nem esperou uma resposta, o deixando novamente na solidão e agora com ainda mais dúvidas na cabeça.

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