Capítulo 12

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VICTORIA SANDLER

Aquelas mãos me tocavam mais uma vez, os dedos finos e logos acariciando meus seios em um toque frio. Tento gritar, mas o som não sai, bloqueado, como se em minha garganta um enorme nó tivesse se formado ou minhas cordas vocais tivessem atrofiado, fazendo todo meu esforço ser em vão.

Eu e remexo na cadeira, lágrimas escorrendo por meu rosto. Todo meu corpo treme, da cabeça aos pés. O homem a minha frente parece gostar do que vê, seus olhos não desfocam um segundo sequer de minha face, um curto sorriso em seus lábios, os dedos cada vez mais ousada em minhas aréolas castanhas, divertindo-o.

Tento mais uma vez sair dali, mexendo-me, ou ao menos tentando. Mais uma vez é inútil.

- Boa garota - O homem fala para o meu pavor.

Dessa vez, Diego não chega a tempo.

Acordo em pânico, meu coração acelerado se chocando contra minha caixa torácica evidenciando meu pavor. Um ruído escapa de minha garganta e sento-me na cama em um solavanco, sentindo meu corpo extasiado.

Fecho os olhos e mentalizo comigo mesma, foi só um sonho... foi só um pesadelo. Faço isso algumas vezes.

Minha respiração parece atender, estabilizando-se assim como as batidas de meu coração, o sangue parece voltar a circular em meu corpo e posso sentir que estou no controle, mexo meus pés, testando seus movimentos.

Quando toco em meu rosto, ele está úmido e só então percebo que havia chorado diante todas minhas ações.

A porta do meu quarto se abre e quase salto da cama com o susto, temerosa do homem de meu pesadelo se materializar a minha frente. Era impossível, eu sabia, Diego o havia matado, mas não conseguia me apegar totalmente a isso. Era o meu segundo pesadelo em quase uma semana e dessa vez parecia tudo tão real.

- Tudo bem? - É Diego que emerge da sombra do corredor, seus olhos verdes brilhando pela luz do luar que atravessa minhas cortinas finas. 

Ainda é noite e quando encaro meu relógio na mesa de canto, confirmo que ainda é madrugada, 4:00 AM piscam em vermelho no visor do objeto.

Minha voz me escapa mais uma vez e mesmo sem resposta meu segurança se aproxima, está com a roupa de trabalho e me pergunto se estava vigiando a porta de meu quarto, uma nova exigência de meu pai após a tentativa de sequestro.

- Victoria? - A fala de Diego sai aveludada e de modo cuidadoso, acalmando.

Engolindo em seco consigo responder.

- Foi só um sonho - Soa fraco.

Diego se ajeita, sentando-se ao meu lado e arrisca a pegar minha mão, que por um momento penso em recuar, mas paro ao sentir o calor de seus dedos nos meus.

- Não parece ter sido só um sonho - Com a mão livre ele limpa minhas bochechas, tirando as poucas lágrimas restantes.

Aperto sua mão entre as minhas, meus olhos vidrados nos seus, notando uma sutil sombra de preocupação.

- Eu sonhei com ele.

Não preciso especificar de quem se trata, pelo modo como Diego cerra seu maxilar sei que compreendeu de quem se trata.

Ele entreabre a boca para falar, mas muda de ideia e me abraça, ajeitando-me em seus braços, deixando minha cabeça contra seu peito. Aconchego-me ali, meus olhos dessa vez secos, evitando com que chora-se.

- Você não havia chegado a tempo... - Relato o final me meu sonho, minha voz um pouco embargada de medo.

- Shhh - Diego acariciou meus cabelos mais firmemente - Sempre chegarei a tempo - Sussurrou.

O vingador (parada) Onde histórias criam vida. Descubra agora