Capítulo 15

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VICTORIA SANDLER

Acordei revigorada naquele sábado, sem ter um pesadelo e após aproveitar minha noite anterior com meu noivo. Não tínhamos praticamente nada em comum e apenas ficamos bebendo e nos encarando com péssimos assuntos, ao menos antes dele se retirar para ir embora e eu permanecer naquele ambiente noturno, deixando meu corpo dançar mediante a música que ecoava aquelas quatro paredes, sentindo o olhar de Diego sobre mim em cada movimento.

Ele não resistiria por muito mais tempo, ao menos era essa a confirmação que tive quando pedi sua ajuda propositalmente em meu quarto.

Havia combinado a sair com Julian mais uma vez, dessa vez em um ambiente mais favorável para conversamos, sem o incomodo da música ou de outras pessoas muito próximas de nós, confesso que minha ideia de nosso encontro ser em uma boate foi péssima, mas exatamente como queria, sem que de fato tivesse que dialogar com meu noivo. Essa noite seria um jantar e não estava nenhum pouco animada para comparecer a ele.

Mesmo com minha alta produção, Julian mal me encarou, ou sequer me elogiou como caras deveriam fazer no primeiro encontro. Mas se ele não me achava atraente ou não, pouco me importava, não era em relação a ele que tinha segundas intenções.

Após me trocar, colocando uma blusa branca de seda e uma sai preta rodada, tomei meu café sendo surpresa com a presença de meu pai. Ele nunca me agraciava com sua presença nas refeições diárias e sempre comia sozinha, as vezes arriscava chamar algumas empregadas com afeições mais simpáticas para se sentar junto a mim, mas nunca aceitaram, provavelmente por meu pai também.

Em alguns momentos me pegava pensando como seria atualmente se minha mãe estivesse viva...

- Papai? - Ergui s sobrancelhas quando ele se aproximou da mesa, puxando a cadeira da cabeceira para se sentar - Tudo bem? - Questionei quando ele enfim me encarou.

Adam passou as mãos em seu barba e assentiu com a cabeça, forçando um curto sorriso e sendo servido por um dos empregados presentes - roscas doces e um pão amanteigada foram colocados a sua frente e sua xícara de cristal foi completada por capuccino.

- Tudo tranquilo, querida.

Voltei a terminar de comer minha torrada, já no fim de minha refeição. Quando pensei em algum assunto para conversarmos, meu pai falou primeiro.

- Soube que saiu ontem com Julian - Ele bebericou sua xícara - Ele se comportou bem? 

Meu esquadrinhou meu rosto e sabia o que estava oculto em sua pergunta: Julian havia me xingado? Alterado a voz? Agiu como um cafajeste? Me respeitou? E acima de tudo, Julian tocou em mim?

Adam era mais que um pai protetor, por sua conta ele me manteria debaixo de suas asas pelo resto de sua vida, e se havia algo que ele mais detestava era que me tocassem. Sua mente provavelmente era voltada a tempos atrás, em que somente após o casamento poderia deixar explícito meus desejos de mulher. Esse também foi um dos motivos que contribui para que ficasse a minha vida toda em casa e por um momento - até agora - tinha surtido os efeitos desejados e ninguém além de mim mesma havia me tocado.

- Sim, correu tudo bem - Terminei de beber o resto de meu café e limpei minha boca com o guardanapo.

- Então se deram bem? - Levantou uma das sua sobrancelhas.

- Pode se dizer que sim - Forcei um sorriso e me levantei, querendo fugir daquela conversa que tinha grandes chances de chegar a um nível constrangedor.

Aproximei de meu pai e beijei sua testa.

- Foi bom ter sua presença, deveríamos comer juntos mais vezes.

O vingador (parada) Onde histórias criam vida. Descubra agora