Capítulo 23

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VICTORIA SANDLER

Na manhã seguinte, com nossas malas já no carro, tive que forçar a manter a melhor das expressões, sentada ao lado de Diego quando o motor ganhou vida e iniciamos a viagem de volta. 

Meu corpo inteiro ardia de constrangimento e minha mente confusa, querendo mais do que nunca saber o porquê de Diego ter saído daquele modo tão apressado e espantado. Sabia que ele tinha um motivo para isso, para explicar o modo que me encarou como eu fosse uma pessoa contaminada por um vírus mortal contagioso, mesmo assim não o questionei, respeitei o espaço que ele parecia precisar.

Além disso, ele parecia tão constrangido quanto, deslocado quando me ofereceu um bom dia quando o sol havia acabado de nascer, seus olhos em um pedido de desculpa silencioso palpável.

O carro andava e estávamos embalados pela canção de uma rádio qualquer, a música que tocava baixo era a única coisa que nos separava de um silêncio desconfortável.

Fazendo um grande esforço para fingir estar tudo bem, respirei fundo, inflando meu pulmão para captar ainda mais ar, em busca de mais coragem com a ação. 

Encarei Diego, notando seu olhar perdido, ele não parecia tão concentrado na estrada.

- Gostou da viagem? - Tentei.

- Desculpa - Ele quase interrompeu minha fala, tamanha velocidade com o quão falou.

Diego engoliu em seco, diminuindo a velocidade do carro e me encarando pelo canto do olho para concluir sua fala.

- Não queria que fosse assim, que aquilo tivesse acontecido.

Encarei minhas mãos, repousadas sobre meu colo. Reflexiva, pisquei os olhos antes de erguer a cabeça até o homem ao meu lado. 

Eu queria saber, mas não queria pressiona-lo, parecia ser mais de suas áreas perigosas. Por isso tentei ser o mais cuidadosa possível em minha fala e nas palavras que proferiram de minha boca em seguida.

- Não sente atração por mim? 

Eu não achava isso, tinha certeza que não era esse o fato, mas era o mais discreto possível que consegui pensar para tentar conseguir rápido.

Mais que rapidamente ele negou, balançando a cabeça negativamente.

- É claro que não! Você podia sentir isso.

Tirando uma das mãos do volante, ele a passou na testa levemente apreensivo.

- Queria que tudo você perfeito, você merece isso - suspirei - tive um relapso de uma memória infeliz.

Franzi a testa, ainda mais instigada em saber sobre essa memória e de que forma ela era ligada a minha.

- Lembrou de que sou filha de seu patrão? 

Ele cerrou o maxilar com a menção e não podia garantir que fosse isso, que Adam o afeta desse jeito. Infelizmente ou não, dessa vez ele não negou.

- Preciso muito desse emprego - Agora sua atenção era voltada totalmente a pista - Me desculpe mais uma vez, não esperava isso e não foi nenhum pouco justo.

- Sabe que não ter consumado o ato não apaga nossa relação não é? Vai querer acabar com isso também por medo? - Minhas palavras saíram afetadas, estremecidas com a ideia dele por um ponto final em tudo isso.

Diego pareceu ponderar as palavras, seu olhar ainda mais rígido como todo o seu corpo.

- Não estou com medo - Foi sua resposta.

Arfei com descrença. Como deveria interpretar sua resposta?

- Isso quer dizer sobre nos? Afinal, o que nos somos?

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⏰ Última atualização: Apr 18, 2022 ⏰

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