Capítulo 22

68 7 3
                                    

VICTORIA SANDLER

Naquela noite eu havia mal conseguido dormir. O restante daquela semana Diego esteve distante e conversamos somente o básico. Eu sentia tanto por seus pais e o que ele estava sentindo agora que se soubesse do destino não teria remexido em seu passado, mas era tarde demais...

No dia seguinte, quando pedi desculpas mais uma vez ele apenas respondeu:

- Tudo bem. Você não poderia ter imaginado.

Ele foi compreensível, mas ainda estava abalado e por isso tive a ideia de tirar o final de semana para ir até a casa de campo da família, buscando distração de tudo aquilo.

Embora não tanto quanto Diego, obviamente, meu peito se contorcia ao pensar na pessoa que causou toda dor, nesse homem que destruiu uma família. Era o sentimento de injustiça que pegava vez ou outra, mas logo dispersava essa sensação tão angustiante, o melhor seria deixar para trás assim como meu segurança estava fazendo. Vingança alguma iria adiantar.

- Não entendo a necessidade dessa viagem - Papai falou, seu tom de reprovação. Era a quarta vez que dizia algo contra minha viagem.

Um dos empregados da casa descia as escadas em meu encalço trazendo minhas duas malas, uma de rodinhas e outra de alça.

Suspirei, encarando meu pai ao me aproximar dele.

- A rotina do meu trabalho ainda é muito nova e por isso quero aliviar um pouco a tensão - Dei de ombros.

Adam encarou em volta antes de falar.

- Não gosto da ideia de você e Carter sozinhos naquela casa.

Controlei minha afeições para não ser pega.

- Combinei com alguns amigos do trabalho, não se preocupe - Menti mais uma vez, sabendo que papai mandaria uma dúzia de seguranças até a casa e já pensando em como fugir de todos.

- Amigos? Desde quando tem?

Cruzo os braços.

- Desde que enfim estou tendo a liberdade que você me roubou - Ele franziu o cenho e quando sua boca se mexeu, indicando que novas palavras sairiam de sua boca o interrompi, sabia o que ele falaria - Por proteção... eu sei - Me atenho a revirar um pouco os olhos, essa justificativa nunca me comprou, mesmo papai tendo muitos inimigos era sufocante e desproporcional.

- Deveria chamar Julian - A menção de meu noivo me atiçou - Vai se casar com ele e seria bom que o conhecesse, passar um tempo juntos seria bom.

- Não - Sou rápida em responde-lo - É uma reunião de amigos como falei e Julian está com afazeres demais aprendendo a ser um capo da máfia - Ironizo a última parte.

Havia conversado com Julian no máximo duas vezes essa semana, mensagens de textos forçadas com perguntas básicas e sem um assunto prolongado. Não temos muita coisa em comum e somos praticamente desconhecidos.

Ainda terei que pensar em como me livrar desse casamento...

- Vic, querida...

- Sabe muito bem, papai, que nosso casamento é arranjado, por isso não insista.

O modo como ele tensiona seu maxilar indica que o assunto está encerrado e ele não ira refutar mais uma vez.

- Seu segurança já está a aguardando no carro, senhorita - O homem que havia levado minhas malas até o carro fala ao regressar.

- Tenha uma boa viagem, querida.

 Adam me dá um beijo na testa como despedida, mas há um aviso explícito em seus olhos de que está atento aos meus passos.

O vingador (parada) Onde histórias criam vida. Descubra agora