20 anos atrás
Era mais um dia de sábado normal e estava sentado à mesa junto aos meus pais durante o fim do almoço, na sala de jantar.
— Papai, podemos jogar bola no quintal ? — Me levantei animado, enquanto minha mãe tirava a mesa. Eu tinha 20 anos na época.
— Claro que sim filhão — Ele sorriu gentilmente e bagunçou os meus cabelos com uma de suas mãos.
—Vocês são realmente os homens da minha vida — Minha mãe sorriu nos vendo e se juntou a nós me abraçando e papai beijou sua testa — Vou querer acompanhar esse jogo !
Eu ainda era uma criança na época, mas tinha uma das certezas que minha família era perfeita. A relação que possuía com meus pais era a mais saudável possível e tive a melhor das educações, além do modo respeitador que tanto meu pai quanto minha mãe agiam um com o outro. O amor entre eles nunca esfriou como o de muitos casamentos, sempre permaneceu intocável e mais forte a cada dia, eu conseguia ver nos olhos de ambos, sempre com um brilho a mais.
O momento familiar foi interrompido pelo celular do meu pai que começou a tocar, ele não se demorou a pega-lo e logo levantou-se.
— Só vou atender o telefone e jogamos — Sorriu sem exibir os dentes após encarar o visor do telefone, já sem tenta animação, mamãe apenas assentiu com a cabeça e acariciou os meus cabelos.
— Quem é Gusmão ? — Sua voz revelava uma pontada de preocupação. Ultimamente papai recebia muitas ligações, ainda mais durante a madrugada.
— Coisas do trabalho — A tranquilizou atendendo o celular e indo para a varanda.
—Tá tudo bem mãe ? — Ela suspirou olhando para a varanda e sorriu ao voltar a atenção para mim.
—Está tudo ótimo como sempre meu amor, a mamãe só vai lavar essas vasilhas e vai assistir você e seu pai baterem uma bola — Sorri e ela levou a bandeja cheia de louças da mesa para a cozinha.
Animado, corri para meu quarto e peguei minha bola de futebol que estava debaixo da cama. Para aguardar me sentei na cadeira da escrivaninha com a bola entre as mãos.
Pouco mais de cinco minutos depois papai apareceu no batente da porta.
— Vamos filhão ! — Ele sorriu.
Saltei da cadeira animado e segurei uma de suas mãos indo para o quintal de casa.
Morávamos em um bairro de classe média e pouco movimentado, então quando chegamos ao jardim que era aberto e ficava de frente a rua, ela estava vazia.
— O senhor vai ter que viajar a trabalho novamente ? — Negou com a cabeça sério.
— Não vou mais te deixa Diego, nem em sonho irei viajar sem você meu filho. Não mais.
Abracei sua cintura, feliz em não ter mais que ficar dias longe dele e o soltei rapidamente me afastando e caminhando pelo jardim com a bola na mão.
— Temos que comemorar então — sorri — preparado para levar uma goleada, papai ? — Ele sorriu se posicionando em frente ao pequeno gol.
— Sinto muito pequeno Diego, mas vamos comemorar com uma vitória minha.
Joguei a bola no chão e comecei a correr atrás dela, chegando perto do gol de meu pai chutei para a rede, mas papai defendeu com o pé e saiu correndo com ela.
Olhando para o lado vi minha mãe assistindo com um grande sorriso entre os lábios; quando voltei a atenção para minha frente papai estava chutando em direção ao meu gol e a bola balançou as redes ao passar por mim.
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O vingador (parada)
ChickLitQuando Diego era ainda uma criança viu seu pai ser assassinado a sangue frio na sua frente, fato que ficou gravado em sua mente desde então. Como proteção sua mãe o mandou embora sobre os cuidados de seu amigo, Alfred, que criou o garoto para ser um...